VAMOS TRABALHAR
'Apagão' de mão de obra na PB
Com um mercado de trabalho cada vez mais dinâmico, a qualificação é fundamental para garantir vagas.
Publicado em 25/12/2011 às 6:30
A falta de mão de obra qualificada continua sendo um entrave para quem busca uma vaga no mercado de trabalho. As empresas estão mais exigentes e a disputa tem se tornado cada vez mais acirrada. A realidade mostra que, se o trabalhador não tem qualificação adequada, dificilmente conquistará a vaga. Na busca por profissionais capacitados, muitas empresas estão aumentando os benefícios e até 'dobrando' o salário.
O gerente de Recursos Humanos da indústria Coco do Vale, em Lucena, José Luís Siqueira, revela que a escassez de mão de obra qualificada é uma realidade. “Nossa dificuldade de contratação é principalmente para os cargos que exigem o nível técnico”, frisa. Na avaliação de Siqueira, as escolas técnicas da Paraíba ainda não atendem à demanda existente no mercado.
“Há cursos que muitas vezes não atendem à verdadeira necessidade das empresas, o que tem como consequência a escassez”, acrescenta.
Conforme explicou o gerente, a localização da fábrica (na zona rural de Lucena) também acaba dificultando ainda mais a contratação. “Temos que procurar mão de obra em outras cidades, como João Pessoa”, afirma. Segundo ele, nos arredores da fábrica, os candidatos que surgem em busca de emprego geralmente só têm experiência em pequenas atividades, como quiosques de praia, restaurantes ou pequenos comércios. “Não atendem às exigências de contratação”, destaca.
De uma forma geral, a necessidade é maior, de acordo com Siqueira, nas áreas de eletrônica, mecânica, química e alimentos. “Não vou dizer que está sobrando vagas, pois para driblar a escassez, qualificamos nossa mão de obra”, explica.
Segundo o gerente de RH, oferecer qualificação é uma forma de não parar o trabalho na indústria. “Se tivesse um mercado que oferecesse mais qualidade, certamente essas pessoas estariam contratadas”, afirma.
O diretor da Business Partners Consulting, Carlos Contar, explica que esse cenário é reflexo do desenvolvimento macroeconômico do país. Na avaliação do diretor, esse não é o único fator determinante. “Infelizmente o que vemos hoje é a deficiência na educação. Um aluno do 8º ano, por exemplo, tem sérias dificuldades em fazer uma dissertação ou uma prova de idiomas”, comenta.
Segundo Contar, essa deficiência terá consequências lá na frente, quando o aluno se tornar um jovem disposto a entrar no mercado de trabalho. “O Brasil mudou muito em termos de mercado de trabalho, sobretudo dos últimos dez anos para cá”, afirma o diretor. Ele lembra que em 2005, faltava oportunidades para engenheiros, que tinham de trabalhar em bancos, cooperativas, etc.
“Hoje em dia, se tem uma coisa que não falta é vaga para engenheiro, devido ao boom da construção civil, com os incentivos do Governo Federal para financiamento da casa própria”, explica Contar. Com a reviravolta, o curso de engenharia voltou a ser disputado nos vestibulares. A garantia de emprego certo e boa remuneração anima quem escolhe essa área.
Para o diretor, o apagão de mão de obra precisa ser revertido, mas enquanto isso não acontece, quem fica na vantagem é o profissional bem qualificado. “Além de ter remuneração maior, tem o reconhecimento de seu trabalho. Não é raro esse profissional ser convidado para outra empresa com oferta de salário duas ou três vezes maior”, afirma Contar.
Os recrutadores buscam as qualificações dos funcionários no processo de seleção, através de entrevistas e dinâmicas. Alguns candidatos chegam a omitir ou distorcer as informações na esperança de garantir a vaga, o que é um risco, visto que ele pode ser desmascarado a qualquer momento (com uma pergunta contraditória, por exemplo) ou já atuando na empresa.
Se você está na lista dos profissionais qualificados, ótimo. Caso contrário, segundo o diretor, a única saída é correr atrás do prejuízo. “Os trabalhadores devem fazer cursos de atualização, seja em informática, português ou qualquer outro que atenda às exigências do cargo pretendido”, declara Contar. “Só não pode ficar de braços cruzados esperando o emprego bater na sua porta”, completa.
Ainda de acordo com o diretor, a recomendação é válida também para quem já está trabalhando. “Mesmo depois de conquistar a vaga, o profissional não pode se acomodar, sob risco de ficar desatualizado e acabar perdendo o posto para outra pessoa mais qualificada. O mercado de trabalho é dinâmico. O profissional não pode esperar pela iniciativa da empresa para ampliar seus conhecimentos”, finaliza.
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