VIDA URBANA
Denúncias em JP contra policiais crescem 364%
No primeiro semestre de 2008 foram recebidas 25 denúncias contra policias, enquanto no mesmo período deste ano o número passou para 116.
Publicado em 31/07/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 14:40
O número de denúncias contra policiais recebidas no primeiro semestre deste ano em João Pessoa é 364% maior que as queixas registradas no mesmo período da elaboração do primeiro relatório, em 2008. Os dados foram divulgados na tarde de ontem pela Ouvidoria de Polícia da Secretaria de Estado da Segurança e Defesa Social (Seds). Em todo o Estado foram registrados 171 casos.
No primeiro semestre de 2008 foram recebidas 25 denúncias contra policias, enquanto no mesmo período deste ano o número passou para 116. Dentro das principais queixas estão a má qualidade do atendimento, tortura, corrupção, execução sumária, abordagem violenta e extorsão, devido a policiais que ficaram em casa, sem trabalhar, mas recebendo salários de até R$ 10 mil. Segundo a ouvidora de polícia Valdênia Paulino Lanfranchi, o aumento é resultado da confiança que a população vem adquirindo pelo órgão.
“O aumento das denúncias se dá em razão da credibilidade das pessoas para com a ouvidoria. Até pouco nós éramos um órgão desconhecido e estamos investindo na divulgação. Por outro lado, atribuo esse crescimento à constância da agressividade dos policiais. A polícia continua agressiva e torturando as pessoas. A diferença é que hoje elas têm um canal que podem recorrer”, apontou Valdênia Lanfranchi.
Quando comparado com a cidade de Campina Grande, a diferença também é grande: a cidade registrou apenas oito casos de denúncias. O número, entretanto, não quer dizer que as irregularidades são menores na região, conforme explica a ouvidora. “A ouvidoria está localizada em João Pessoa, por isso o número de denúncias recebidas na capital é maior. Nossa sugestão é que se tenha um polo em Campina Grande, um em Patos e outro em Cajazeiras”. Para sanar as irregularidades, a ouvidora diz que é preciso garantir maior poder ao órgão que representa, que hoje não tem a possibilidade de executar as devidas punições aos policiais.
VÍTIMAS DE IRREGULARIDADES DOS POLICIAIS PEDEM JUSTIÇA
Na ocasião também estiveram presentes familiares e amigos de vítimas da corrupção e mau serviço dos policiais. O irmão de José de Almeida Neto, que, segundo vídeos postados na internet, foi algemado e alvejado à luz do dia por policiais da cidade de Cajá, em novembro do ano passado, lamenta o crime até hoje não ter sido resolvido. Cláudio Júnior de Almeida disse que toda sua família foi desestabilizada devido ao ocorrido.
“Minha mãe mudou de cidade, os filhos e a mulher de meu irmão agora estão desamparados. O que mais machuca é saber que esses policiais não foram julgados, eles continuam na rua como se não tivessem feito nada. Meu irmão era trabalhador, uma pessoa de bem, não merecia ter morrido de forma cruel e covarde como foi”, desabafou o comerciante, que afirmou precisar de remédios controlados para superar a tristeza. (Especial para o JP)
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