ECONOMIA
Estratégia do BC faz dólar cair ao valor de R$ 2,35
Moeda americana caiu mais de 3% nesta sexta-feira (23), maior queda diária em quase dois anos, recuando para o patamar de R$ 2,35.
Publicado em 24/08/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 16:20
A estratégia do Banco Central (BC), de adotar leilões diários no mercado de câmbio para oferecer liquidez ao mercado, freou o ímpeto dos investidores, que vinham comprando dólares nos últimos dias.
Pelo segundo dia consecutivo, a cotação da moeda americana está em queda. Depois de cair 0,78% na quinta-feira, O dólar caiu mais de 3% ontem, maior queda diária em quase dois anos, recuando para o patamar de R$ 2,35, reagindo fortemente ao anúncio do Banco Central de intervir diariamente no câmbio até o fim do ano, num programa com potencial de US$ 60 bilhões de dólares desenhado para conter a disparada da moeda norte-americana.
A inversão na cotação cambial deu-se depois que o dólar chegou a R$ 2,45 na última quarta-feira, o que levou o Banco Central a anunciar a venda de US$ 4 bilhões em operações com compromisso de recompra futura.
A ideia é continuar com os leilões diários de US$ 500 milhões em swaps cambiais (venda de dólares no mercado futuro) de segunda a quinta-feira e, às sextas-feiras, oferecer US$ 1 bilhão em leilões de venda direta, com recompra futura.
O primeiro deles foi feito ontem, reforçando a oferta da véspera.
O BC não informou, porém, quanto conseguiu vender nos dois dias. Isso só será conhecido na próxima quarta-feira dia em que o BC costuma divulgar o fluxo cambial até o encerramento da semana anterior.
ANÚNCIO PRÉVIO
O anúncio prévio da injeção diária de dólares no mercado de câmbio contribui para reduzir as fortes oscilações da moeda, disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel.
Ontem, o BC iniciou o programa de leilões de venda de dólares. Esse anúncio prévio da atuação do BC é pouco usual. O objetivo da instituição é promover hedge (proteção a risco) cambial aos agentes econômicos e liquidez (dólares disponíveis).
O Banco Central informou ontem ao mercado que fará leilões de swap cambial, equivalente à venda de dólares no mercado futuro, de segunda a quinta-feira, com oferta de US$ 500 milhões por dia.
Às sextas-feiras, será oferecido ao mercado o crédito de até US$ 1 bilhão, por meio dos leilões de venda com compromisso de recompra. Hoje foi feito o primeiro leilão dessa programação.
LEILÃO ATÉ DEZEMBRO
Segundo o BC, esse programa se estenderá, pelo menos, até 31 de dezembro de 2013, e pode totalizar US$ 60 bilhões. A autoridade monetária informou ainda que poderá fazer operações adicionais, se julgar apropriado.
“O anúncio prévio contribui para que os agentes tenham um horizonte de planejamento e para reduzir a volatilidade [oscilações da cotação] do câmbio”, disse Túlio Maciel.
Ele reforçou que o BC vai assegurar a proteção ao risco cambial às empresas com dívidas em dólar e liquidez (dólares disponíveis) ao mercado de câmbio.
O programa de leilões anunciado ontem pelo BC lembra o período de tensão pré-eleitoral, em 2002. Naquele ano, o BC fez intervenções diariamente chamadas de “rações diárias” no mercado.
A alta da moeda no país é reflexo da intenção do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, de reduzir os estímulos monetários. Na ata da reunião de julho do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), o Fed informou, no último dia 21, que pretende reduzir o programa de compras de títulos públicos (que injetam dólares na economia mundial) ainda este ano e acabar com os estímulos monetários até meados de 2014.
APESAR DO CÂMBIO, GASTOS DE BRASILEIROS NO EXTERIOR SÃO RECORDE
Mesmo com a alta do dólar, os gastos de brasileiros no exterior foram recorde para o mês de julho, desde 2011. As despesas totalizaram US$ 2,214 bilhões, contra US$ 2,010 bilhões em julho de 2012 e US$ 2,235 bilhões no mesmo mês de 2011.
De janeiro a junho, essas despesas chegaram a US$ 14,542 bilhões, contra US$ 12,712 bilhões nos sete primeiros meses de 2012.
Já as receitas de estrangeiros no país ficaram em US$ 539 milhões, em julho, contra US$ 546 milhões no mesmo mês de 2012. De janeiro a julho, essas receitas chegaram a US$ 4,019 bilhões contra US$ 4,017 bilhões nos sete meses do ano passado.
Com esses resultados, o déficit na conta de viagens internacionais (despesas de brasileiros no exterior menos receitas de estrangeiros no Brasil) ficou em US$ 1,674 bilhão em julho e em US$ 10,523 bilhões nos sete meses do ano, contra US$ 8,695 bilhões no mesmo período de 2012. (As informações são da Agência Brasil e da Agência Estado)
Comentários