SILVIO OSIAS
Charanga em frente ao Planalto desrespeita mortes por Covid-19
Publicado em 18/05/2020 às 6:45 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:36
Domingo, 17 de maio de 2020.
16 mil mortos.
240 mil infectados.
São os números oficiais da pandemia do novo coronavírus no Brasil.
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Por volta do meio-dia, como em qualquer outra hora, milhares de pessoas lutavam por suas vidas assistidas pelos profissionais da saúde.
Pacientes, médicos, enfermeiros - gente submetida tantas vezes a condições inadequadas ao enfrentamento da doença.
Pois bem. Por volta do meio-dia, o que se passava em Brasília, em frente ao Palácio do Planalto, só não era estarrecedor porque tinha como protagonistas o presidente Jair Bolsonaro, seus ministros e apoiadores.
Parecia uma charanga carnavalesca.
Diante das grades, um monte de pessoas gritava, cantava, dizia palavras de ordem, exibia faixas e cartazes.
Do alto da rampa, o presidente, os filhos 02 e 03 e uma dezena de ministros acenavam para os manifestantes na manhã ensolarada.
Uma festa.
Um garotinho vestido de militar nos braços de Bolsonaro, uma mulher com três bandeiras (Brasil, Estados Unidos e Israel) num só mastro, uma grande bandeira brasileira estendida sobre a rampa.
De repente, acontece o que já está no roteiro dessas manifestações que se tornaram habituais no domingo brasiliense: o presidente desce a rampa com sua turma e vai ao encontro do povo.
Chega perto, acena, caminha de um lado para o outro, é ovacionado.
Mito! Mito! Mito!
Depois, sobe a rampa com os seus. Diz algumas palavras, elogia a manifestação, chama de democrática, etc.
Tudo transmitido numa live.
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Domingo, 17 de maio de 2020.
16 mil mortos.
240 mil infectados.
São os números oficiais da pandemia do novo coronavírus no Brasil.
Cabe uma pergunta:
O que era mesmo que o presidente, seus ministros e aqueles manifestantes comemoravam em frente ao Palácio do Planalto?
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