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COTIDIANO

Professor Erik Anderson comenta os sete pecados capitais de uma redação

Publicado em 21/06/2014 às 16:47

1. Infidelidade à temática

É a famosa fuga ao tema, erro que fatalmente leva o candidato à irremediável nota zero. Há dois tipos de fuga: a total e a parcial. A fuga total anula a redação. Por exemplo, se o tema for “legalização da maconha” e o candidato acabar falando apenas do “desarmamento”, há uma fuga total. Na fuga parcial, também conhecida como tangenciamento, o candidato aborda parte do tema, deixando elementos substanciais de lado, para abordar questões pouco relevantes para a temática. Vejamos um exemplo: a prova do Enem em 2013 trouxe o tema “Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil”. Muitos alunos se detiveram na relação álcool e direção, assunto conexo com o tema. Porém, o cerne eram os efeitos da Lei Seca. Nesse caso, ocorreu muito tangenciamento (fuga parcial). Nesse caso, não há nota zero, mas há perda significativa na pontuação final.

2. Falta de clareza

Um bom texto é aquele cuja leitura flui. Um texto obscuro e empolado está fadado ao insucesso. Ser entendido é o primeiro passo para a conquista de uma boa nota. Há quem pense que um bom texto é aquele que apresenta palavras herméticas, raras, arcaicas e desconhecidas. Grave equívoco. Demonstrar domínio da norma culta é diametralmente diferente de exibir erudição ou de pedantismo linguístico. O emprego excessivo de palavras pouco usuais pode incorrer em preciosismo, fenômeno que alguns gramáticos, a exemplo de Domingos Paschoal Cegalla, denominam vício de linguagem. O preciosismo prejudica a inteligibilidade do texto, tornando-o árido, enfadonho e passível de perdas profundas na nota final.

3. Contradição ou incoerência

Uma das definições do Dicionário Aulete para o verbete contradição é “Qualquer afirmação ou atitude que seja incoerente com uma afirmação ou atitude feita anteriormente”. Para não cair em contradição, são indispensáveis a releitura e a revisão do texto. A contradição compromete a macroestrutura do texto, ou seja, ela “corrói” a teia argumentativa da redação, causando perdas drásticas na pontuação, visto que revela desestruturação das ideias.

4. Emprego de marcas de oralidade

“Tava” e ‘”pra” no lugar de “estava” e “para”, respectivamente, são algumas colocações comuns na fala que costumam aparecem na escrita. É preciso ter cuidado para não reproduzir na escrita as supressões da oralidade, que tende a obedecer à lei do “menor esforço”, levando o falante a economizar fonemas. Na escrita, não se economiza letra; registra-se o necessário.

5. Juízos de valor e apelo sentimental

Uma redação que faça jus a uma nota elevada jamais escorregará na senda do juízo de valor ou do sentimentalismo. O emprego de rótulos, estereótipos preconceituosos, ideias sem a devida fundamentação lógica e racional é altamente nocivo à redação dissertativa, inclusive a de caráter argumentativo.

6. Falta de coesão

Um texto não corresponde a um somatório de frases ou a um emaranhado de enunciados. A palavra texto é da família de tecido. Isso significa que as partes do texto devem ser ligadas adequadamente para fazerem dele um todo significativo, dotado de sequência lógica e de conteúdo compreensível. As falhas de coesão comprometem substancialmente o sentido e a lógica do texto.

7. Desrespeito às regras gramaticais

Escrever em desacordo com as regras da gramática normativa demonstra despreparo quanto ao registro culto, a variedade linguística apropriada para situações formais da comunicação. Os erros gramaticais também pesam no cômputo, variando, em geral, entre 30% e 40% do total da nota. As bancas exigem que o candidato demonstre estar apto a escrever conforme as prescrições gramaticais, haja vista que, no exercício do cargo, será necessário instrumentalizar a língua culta cumprir suas funções sociocomunicativas, a  exemplo da escrita de documentos e textos oficiais. Portanto, o domínio dos aspectos da norma culta é uma competência fundamental para quem postula um cargo ou emprego público.

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Alô Concurseiro

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