Jaguaribe é um dos bairros mais tradicionais de João Pessoa. Com imóveis antigos, poucos prédios e pequenos comércios, o bairro é um daqueles em que todos se conhecem por gerações. Em comemoração aos 427 anos da capital paraibana, o JORNAL DA PARAÍBA traz uma série de reportagens sobre bairros da cidade. Os moradores de Jaguaribe destacaram quais lugares representam a localidade e não podem ser deixados de fora quando se fala do bairro.
Segundo a historiadora Juliana Barros Mendonça, no artigo “Em busca de uma compreensão do espaço urbano: origens e ocupação da cidade de João Pessoa e do bairro de Jaguaribe (século XVI ao século XIX)”, a origem do bairro foi em 1587 durante o período colonial. A palavra Jaguaribe, de origem indígena, significa “rio dos jaguares” ou “rio onde as onças bebem água”.
Até o final do século XIX, a área pertencia aos indígenas da nação Potiguara. A partir de 1850, com o surgimento da Lei de Terras, durante o Governo Imperial no Brasil, moradores da cidade da Parahyba, antiga João Pessoa, passaram a se declarar proprietários das terras onde hoje é localizado o bairro de Jaguaribe.
Para falar sobre Jaguaribe, nada melhor do que os próprios moradores, que conhecem o bairro como a palma das mãos. Em uma visita guiada, alguns dos moradores indicaram os lugares que representam o bairro e estão marcados na memória de cada um deles durante a rotina vivendo no lugar.
As experiências compartilhadas das pessoas que convivem nesse espaço se constituem por sua vez, em elementos fundamentais para a construção das lembranças relativas a esse lugar".
A estudante universitária, Milena Silva, mora no bairro há mais de um ano e divide o lugar onde mora com duas amigas. "É um bairro bem familiar, de imóveis antigos, com poucos prédios e de pequenos comércios. Todo mundo meio que se conhece", relata.
Uma peculiaridade do bairro é que as pessoas mais antigas recordam do antigo nome do Pam de Jaguaribe, que hoje é o Cais de Jaguaribe. O local concentra a policlínica municipal com maior número de especialidades diferentes, localizado na av. Alberto de Brito, onde funcionava a antiga faculdade de medicina”.
Marlene Palmeira, de 76 anos, mora no bairro há mais de 50 anos. Sertaneja de Cajazeiras, viveu a maior parte de sua vida em Jaguaribe e relata sobre a tranquilidade do bairro, principalmente no passado, em que as pessoas podiam andar de madrugada na rua “Um lugar que todo mundo frequenta é a Praça Onze, tem aulão da prefeitura para pessoas idosas. É um lugar muito animado e acontece bem cedo, das 6h às 7h da manhã”, conta Dona Marlene.
Por unanimidade, a Feira de Jaguaribe é sem dúvidas o ponto mais conhecido do bairro e apontado pelos moradores como um local frequentado por todos. Classificada como Mercado Público, a feira acontece na Avenida Generino Maciel, tradicionalmente todas as quartas-feiras, das 4h às 19h.
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário, foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (IPHAEP) por sua importância histórica para o estado. A Paróquia Nossa Senhora do Rosário foi fundada em 1929, pelo Frei Martinho Jansweid, frade alemão que chegou à Paraíba no ano de 1911. Os horários da missa ocorrem de terça a sábado às 17h e no domingo às 7h e 17h.
O Instituto Federal da Paraíba (IFPB) campus João Pessoa é o mais antigo do IFPB. Atualmente, oferta 17 Cursos Superiores, 09 Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio, 07 Cursos Técnicos Subsequentes ao Ensino Médio, dois cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC), duas Especializações, dois Mestrados Profissionais e um Mestrado Acadêmico.
O prédio foi construído nos anos 60 para sediar a Escola Técnica Federal da Paraíba (ETFPB). Nos anos noventa, se tornou sede do CEFET-PB e mudou para IFPB em 2008.
O Castelinho da Praça Bela Vista é uma construção de 1910. O prédio fica em frente a Praça Simeão Leal, conhecida como Bela Vista. O local preenche o imaginário da população, a construção lembra um castelo de contos de fada e é cenário de lendas locais. Hoje o lugar funciona para realização de festas e eventos.
A mansão da Praça Bela Vista inspirou o romance de mesmo nome. A escritora Carmem Coelho lançou o livro em 1973, unindo ficção ao contexto histórico paraibano para abordar a morte de João Pessoa e a Revolução de 1930. Hoje o prédio mantém a mesma estrutura antiga, mas funciona um academia.
O bairro de Jaguaribe das praças e conversas na calçada, da agitação da feira, dos pequenos restaurantes e lanchonetes, dos prédios antigos, que mesmo com novos formatos, guardam histórias vividas em João Pessoa. Jaguaribe, é antes de tudo, os moradores que vivem ali como Milena, que vivencia a nova rotina agitada de trabalho nos hospitais do bairro e dona Marlene, que guarda na memória as antigas festas de carnaval no local e as mudanças que ocorreram ao longo dos anos.
Jaguaribe é um pedaço de tradição dentro de João Pessoa e por mais que o bairro tenha mudado, acompanhando a cidade, ainda mantém uma sensação de que o tempo não passou.