No Dia de Iemanjá, comemorado nesta quinta-feira (2), quem for até a estátua do orixá, no Cabo Branco, em João Pessoa vai encontrar a imagem sem cabeça. Assim tem sido por quase sete anos, pois desde 2016 a estátua está danificada. De acordo com o Fórum da Diversidade Religiosa da Paraíba, há um projeto para a implantação de uma nova imagem da divindade, mas que até o momento não saiu do papel.
A Secretaria de Planejamento de João Pessoa (Seplan) informou ao JORNAL DA PARAÍBA que a praça Mãe Iemanjá, onde a imagem está localizada, será reformada. Não foi informada uma data para o início das obras, nem uma definição se a estátua será restaurada ou substituída. A secretaria revelou ainda que a estátua terá uma proteção para evitar ser alvo de vandalismo e que a praça terá área de vegetação, bancos, plantio de coqueiros, estacionamento e um largo central como espaço multiuso.
Plano de mudança de local
Saulo Gimenez, do Fórum de Diversidade Religiosa da Paraíba, afirmou que lideranças das religiões de matriz africana se reuniram com a gestão anterior. Foi-lhes informado que a praça seria desativada e que a imagem seria realocada para um espaço mais movimentado, já que a estátua havia sido alvo de vandalismo em outra ocasião.
Em reuniões envolvendo as lideranças religiosas e representantes da prefeitura, ficou decidido que a estátua iria para o Largo da Gameleira, em Tambaú. “Ela ficaria bem próxima ali ao antigo píer e ao mercado de pescadores, até por conta da proximidade do orixá com os pescadores”, explicou Saulo.
Como a imagem ficou muito danificada, foi decidido também que seria substituída. O representante do Fórum da Diversidade Religiosa lembra que um vereador da capital chegou a prometer que doaria outra estátua, algo que não aconteceu. Com o passar do tempo e mudança de gestão municipal, o plano da nova estátua de iemanjá não saiu do papel.
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0 Fórum de Diversidade Religiosa da Paraíba vai tentar marcar uma reunião com a gestão atual para que o projeto tenha continuidade. A data da reunião ainda não foi definida.
“Vamos verificar se a gente tem condições de dar continuidade ao processo. Vamos marcar uma reunião com o prefeito para que a gente possa conversar sobre o processo da estátua”.
Até a obra sair do papel, quem passa pela praça Mãe Iemanjá, no Cabo Branco, vê a imagem sem cabeça, um registro do vandalismo, que é considerado por lideranças das religiões de matriz africana como um resultado da intolerância religiosa.
Relembre o caso
A estátua de Iemanjá, localizada na beira do mar do Cabo Branco, está sem a cabeça desde o mês de março de 2016, quando foi alvo de vandalismo. Em abril de 2013, a estátua teve sua cabeça arrancada e as mãos decepadas. À época, o Patrimônio Artístico e Cultural de João Pessoa restaurou a imagem da divindade considerada pelas religiões de matriz africana rainha do mar.
Na época, o caso de vandalismo repercutiu nas redes sociais. Adeptos das religiões de matrizes africanas reclamaram de intolerância religiosa, prática considerada criminosa conforme a lei federal 9.459 de 1997. A lei especifica que “serão punidos os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional". A pena prevista para o crime é a reclusão de um a três anos, além de multa.
Saulo lembra que uma denúncia foi formalizada, mas que as investigações não conseguiram identificar nenhum suspeito. “Infelizmente, por se tratar de um local ermo, a polícia não conseguiu nenhum tipo de informação, nem através de câmeras, nem através de testemunhas, porque como foi à noite ali não tem um fluxo de pessoas” .