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VAMOS TRABALHAR

Geração y no mercado de trabalho: perfil, prioridades e propósito

Publicado em: 02/05/2024 às 7:10 Atualizada em 02/05/2024 às 7:54

"Depois de algumas experiências, creio que estou no meu melhor momento. Por isso, estou motivada e feliz no meu trabalho". É assim que a professora Aísala Renata define a atual fase profissional. Com 30 anos, ela faz parte da geração y, formada pelos famosos millennials, que são profissionais que nasceram entre os anos 1980 e 1995.

Esta é a segunda parte da série de reportagens produzida pela editoria Vamos Trabalhar do Jornal da Paraíba, feita em alusão do Dia do Trabalhador, que traça os perfis, características e diferenças das gerações x, y e z no mundo do trabalho.

Mas antes de chegar a essa etapa de realização na carreira, a paraibana passou por outros empregos. O primeiro, em um hotel, foi um dos que duraram mais tempo, sendo um total de quatro anos. Nesse trabalho, ela começou contratada como recepcionista e foi promovida duas vezes, sendo uma para o setor de reservas e outra para o financeiro.

Depois disso, Aísala passou por um correspondente bancário, por um berçário, por um outro hotel e uma escola. Na maioria das vezes, acumulava empregos enquanto estudava pedagogia.

Depois da formatura, a prioridade foi encontrar um emprego na área de formação. Agora, ela é professora de ensino infantil em uma escola da rede particular, em Campina Grande.

Em sala de aula, a mente dela encontra terreno fértil para a criatividade que sempre foi uma companheira, inclusive nas outras funções.

"Eu sempre estou pesquisando as coisas antecipadamente pra trazer boas ideias e ajudar os meus colegas de trabalho. Na medida do possível, a gente tá sempre pensando em algo melhor pra todos".

Essa é uma característica que não está presente apenas na execução, mas também no planejamento das atividades e soluções criadas pela professora, que costuma usar a tecnologia como aliada.

"Como eu sempre eu estou procurando coisas novas pra fazer com os alunos nas aulas, uso a tecnologia pra editar um cartaz, pra produzir um cartão, produzir atividades, mixar músicas pra apresentações. Uso programas de inteligência artificial pra criar trabalhos e dividir apresentações. A gente usa muito aplicativos e programas".

Todas essas qualidades que a professora agrega são comuns para todos os que fazem parte da geração y, segundo explicou Juliana Cardoso, que é coordenadora de recursos humanos. De acordo com ela, os millennials "possuem forte habilidade para lidar com tecnologia, são adaptáveis a mudanças, são criativos e possuem facilidade para colaborar em buscar um propósito no trabalho".

Contar com toda essa autonomia de poder investir em atualizações no cotidiano é um dos pontos que mais agradam Renata no desempenho de qualquer função.

"Eu acho que quando a gente tem autonomia, a gente consegue fazer um trabalho melhor. Fazer aquilo que eu tenho estudado e pensando da melhor forma".

E estudar é algo que acontece com frequência na rotina da pedagoga, que costuma ler artigos e estudos recentes. Agora, com mais tempo disponível, ela pretende apostar em cursos e especializações.


				
					Geração y no mercado de trabalho: perfil, prioridades e propósito
Aísala Renata durante planejamento de aulas. Foto: Arquivo pessoal. Aísala Renata é formada em pedagogia. Foto: Arquivo pessoal.

Geração y trabalha com propósito

Quem passou por mais de uma experiência profissional não só por afinidade, mas também por necessidade, sabe que existem também diversos perfis de empresas.

Por conta disso, Aísala acha importante que os princípios dela estejam alinhados com os valores do local onde ela pretende trabalhar. Para se precaver, ela toma algumas atitudes.

"Eu procuro saber como a empresa é com funcionários ou pesquisando pela internet mesmo. O mais importante pra mim é o meu propósito de estar trabalhando em algo que eu estudei pra fazer".

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A valorização do propósito muitas vezes fica até acima do financeiro, conforme apontou a especialista. A busca por significado no trabalho costuma ser uma prioridade nos nativos da geração y.

Já faz tempo que a professora passou por uma frustração profissional. Mas isso fez com que ela aprendesse a lidar melhor com esse sentimento.

"Eu lido respirando fundo, pois sei que tudo passa. Por pior que seja, passa um hora. É só tentar ter calma e paciência que tudo vai se resolver".


				
					Geração y no mercado de trabalho: perfil, prioridades e propósito
Aísala Renata durante planejamento de aulas. Foto: Arquivo pessoal. Aísala Renata durante planejamento de aulas. Foto: Arquivo pessoal.

Saúde e equilíbrio entre vida pessoal e profissional são prioridades para a geração y

Por priorizar a saúde, Aísala resolveu deixar um dos últimos empregos. Nele, ela trabalhava a madrugada inteira. Em seguida, descansava pela manhã e dava aula no turno da tarde. O cansaço se tornou uma rotina, que ela percebeu que não queria viver.

"Estou bastante feliz assim. Principalmente de ter vindo de uma rotina mais pesada que ficou mais leve. Pretendo ficar aqui (no emprego atual) por muitos anos".

Agora, a professora trabalha apenas no turno da tarde. Com isso, ela consegue elencar vários ganhos em qualidade de vida, como a possibilidade de praticar atividades físicas todos os dias. Esse e outros fatores também são característicos dos millennials.

"São pessoas que têm como foco o presente e o bem-estar físico e mental, o que influencia diretamente nos hábitos alimentares. E algo interessante é que são adeptos ao consumo verde e consciente", destacou Juliana.

Mesmo com todo o cuidado, a ansiedade ainda é uma intrusa no cotidiano de Renata. Por outro lado, é algo que ela não deixa atrapalhar no trabalho.

"Me acho ansiosa, muito, bastante. Fico mais ansiosa quando estou no horário livre, pensando nas coisas que tem pra fazer".

A ansiedade, que segundo Juliana, é uma característica marcante da geração y no mercado de trabalho, se torna um problema quando está acompanhada de uma necessidade de respostas rápidas e de planos a curto prazo, fazendo com que algumas barreiras sejam criadas.

E esses pensamentos constantes são motivos para que ela se policie.

"Procuro sempre ficar de olho pra saber se estou trabalhando no meu horário vago. Entendo que preciso de descanso".

Talvez seja exatamente essa consciência de necessidade de um equilíbrio que faça com que Aísala se sinta tão satisfeita.

"Graças a Deus hoje eu estou realizada na minha vida pessoal e profissional".


				
					Geração y no mercado de trabalho: perfil, prioridades e propósito
Juliana Cardoso, coordenadora de RH. Foto: Divulgação. Juliana Cardoso, coordenadora de RH. Foto: Divulgação.

Quem é o profissional da geração y no mercado de trabalho?

A geração Y é conhecida por buscar constantemente mudanças e melhorias, tanto no ambiente de trabalho quanto na sociedade em geral. Muitos profissionais dessa geração são impulsionados por um forte senso de propósito e buscam contribuir para um impacto positivo em suas comunidades e no mundo.

Eles tendem a questionar o estado das coisas, buscar soluções inovadoras para desafios existentes e estão abertos a implementar mudanças que possam resultar em melhorias significativas. Essa mentalidade empreendedora e proativa, segundo Juliana, tem influenciado a cultura organizacional e as práticas de inovação em muitas empresas que buscam atrair e reter talentos da geração y.

Não é regra, mas é comum também que a geração y seja caracterizada por uma maior tendência a trocar de emprego com mais frequência do que as gerações anteriores. Isso pode ser atribuído a uma série de fatores, incluindo:

  • A busca por oportunidades de crescimento;
  • A valorização de experiências significativas no trabalho;
  • A procura por um ambiente que esteja alinhado com seus valores e propósito pessoal.

"Muitos profissionais da geração y priorizam a satisfação no trabalho e estão dispostos a buscar novas oportunidades se sentirem que não estão alcançando seu potencial ou se o ambiente de trabalho não atende às suas expectativas. Essa característica tem impacto no mercado de trabalho atual, influenciando as estratégias de retenção e engajamento das empresas".

A geração y busca equilibrar vida pessoal e profissional de maneira diferente da geração anterior, a x. Esses profissionais priorizam a flexibilidade, a autonomia e a integração entre essas duas esferas.

Muitos profissionais dessa geração buscam ambientes de trabalho que ofereçam horários flexíveis, possibilidade de trabalho remoto e políticas que incentivem o bem-estar.

"Além disso, eles tendem a valorizar experiências significativas fora do ambiente de trabalho, buscando um propósito e realização não apenas na carreira, mas também em suas vidas pessoais. Essa abordagem pode resultar em uma maior integração entre trabalho e vida pessoal, permitindo que os profissionais da geração y sejam mais produtivos e satisfeitos em ambos os aspectos".

Como as empresas podem se preparar para lidar com a geração y?

As empresas se viram na obrigação de pensar fora na caixa, para que possam melhor atrair e reter pessoas com grande potencial inovador e tecnológico e que são motivados por aspectos muito ligados a ideais.

Por serem pessoas que buscam empresas que tenham princípios e valores muito semelhantes aos seus, as empresas precisam procurar meios de retê-los, por meio principalmente de desenvolvimento desses times, apontou Juliana.

Um dos passos mais importantes para que as empresas se preparem para lidar com profissionais da geração y é permitir que esses colaboradores tenham autonomia para expressar as próprias opiniões e participarem de decisões importantes.

Aísala Renata concorda com essa lógica.

"Quando a gente tem oportunidade, a gente consegue expor ideias e sugestões que fazem bem pra o coletivo", reforçou.

Além disso as organizações também precisam permitir e investir em processos transparentes. Outra questão importante sob o ponto de vista organizacional que merece atenção é acompanhar e monitorar constantemente o desempenho da geração y.

Quer conhecer mais também sobre as gerações x e z? Acesse a editoria "Vamos Trabalhar", do Jornal da Paraíba, e fique por dentro de tudo.

Imagem

Iara Alves

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