Polícia encontra criança sozinha com 17 animais

A casa fica nos fundos de um terreno baldio e mal pode ser vista pela grande quantidade de materiais recicláveis, lixo, restos de comida e entulhos que foram colocados no espaço. Em frente da residência uma grande caixa de esgoto exala mau cheiro e se torna abrigo para insetos e roedores. Foi neste ambiente que a Polícia Militar encontrou uma criança de 3 anos de idade abandonada, sem roupas, e ainda dividindo o espaço com mais seis cachorros e 11 gatos sujos, no bairro de Santa Rosa, em Campina Grande.

O flagrante aconteceu na última terça-feira, na rua Palestina, depois que moradores acionaram o Centro Integrado de Operações da Polícia Militar (Ciop). Segundo a PM, o ambiente estava muito sujo e a criança em extrema situação de vulnerabilidade, devido às condições precárias do local. A Polícia Militar acionou o Centro de Zoonoses da cidade, que foi até a residência e recolheu os 17 animais, que estavam sendo alimentados com carnes cruas e restos de comida recolhidos pela moradora, a catadora de material reciclável Djanete Alves Vilarim, 54 anos.

A Polícia Militar encontrou a criança sozinha, mas poucos minutos depois a moradora chegou, e segundo os policiais, estava embriagada. O menino de 3 anos é filho de uma amiga da moradora, que estava trabalhando e deixou a criança no local durante o dia. A conselheira tutelar da zona oeste de Campina Grande, Juliana Rebeca Alves Nóbrega, disse que recebeu denúncia da Polícia Militar e ao chegar ao local descobriu que a mulher não era a responsável pela criança e estava apenas cuidando dela, enquanto a mãe trabalhava.

“A mãe do menino disse que ele já estava matriculado em uma creche, mas que pediu esse favor à amiga, pois não tinha com quem deixar o filho. Nós pegamos a criança e levamos para a mãe e fizemos uma advertência. A pessoa que ficou com o menino estava completamente embriagada, e pessoas da família confirmaram que ela é alcoólatra e isso pode oferecer riscos à criança”, explicou a conselheira.

A mãe da criança trabalha como empregada doméstica e mora no conjunto habitacional Major Veneziano, no bairro das Cidades. Ainda de acordo com o Conselho Tutelar, caso haja reincidência por parte da mãe, a Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Infância e Juventude da Polícia Civil e o Ministério Público serão acionados para tomar as providências.

Ontem pela manhã nossa equipe de reportagem foi até a residência, no bairro de Santa Rosa, e encontrou a dona da casa Djanete Alves Vilarim. Ela estava chorando com saudades dos animais apreendidos e encaminhados para o Centro de Zoonoses. A mulher disse que costuma pegar animais abandonados na rua e leva para casa para cuidar e alega que nunca os maltratou. Os fiscais do Centro de Zoonoses justificaram que o local não tem condições de abrigar os animais e a alimentação não era adequada.

Reclamação. Os vizinhos da catadora de material reciclável reclamaram dos materiais que são colocados no local e temem que a rede de esgoto, que fica em frente da casa, seja obstruída. “A drenagem dessa área já é precária e os materiais que ficam na casa dela às vezes caem no boeiro. Se vier uma chuva forte vai alagar tudo. Ela não tem cuidado e a prefeitura precisa tomar alguma providência sobre isso”, disse o vizinho Paulo Roberto Lima Sales, 61 anos.
O secretário de Serviços Urbanos e Meio Ambiente (Sesuma) da prefeitura municipal, Geraldo Nobre, disse que não tinha conhecimento do caso e irá enviar uma equipe hoje de manhã para avaliar o local. Ele acrescentou ainda que a população pode denunciar o uso indevido de terrenos baldios para despejo de lixo e solicitar limpeza através dos contatos da secretaria, nos telefones (83) 3310-6125, 3341-0600 ou 3310-6115.