VIDA URBANA
Em 10 anos, mortes de crianças crescem 44% na Paraíba
Publicado em 29/11/2015 às 8:00
Elas nunca estiveram atrás de um volante, nem mesmo têm noção da responsabilidade que é encarar um mundo em que o perigo e os riscos estão por toda parte, até mesmo no parquinho onde brincam. Entretanto, nos últimos anos, as crianças passaram a ocupar um papel cada vez mais preocupante: o de vítimas. De 2003 a 2013, as mortes por causas externas, como acidentes de trânsito, homicídios, afogamentos, sufocações, queimaduras, quedas e intoxicações tiraram a vida de 1.321 crianças de 0 a 14 anos em toda a Paraíba. As estatísticas são do Ministério da Saúde (MS) e apontam um aumento de 44% dos casos, que passaram de 90 em 2003 para 130, em 2013 (último ano em que há dados disponíveis), e seguem na contramão dos esforços para reduzir a mortalidade infantil causada por doenças.
João Pessoa encabeça o ranking dos municípios paraibanos que registraram mais óbitos de crianças por causas externas no período avaliado, foram 339 em uma década. Campina Grande vem em seguida com 244 mortes, o que representa 18,4% do total do Estado. Logo depois, está Bayeux, que registrou 38 óbitos. Patos, no Sertão, vem em quarto lugar, com 27 registros. As estatísticas do MS se limitam ao ano de 2013, mas os casos não param de se repetir. Na semana passada, um bebê de um mês e 15 dias foi encontrado sem vida ao lado da mãe na cidade de Bayeux, na Grande João Pessoa. Segundo relatório pericial, a criança morreu em decorrência de asfixia por sufocação indireta, depois que a mãe, ao amamentá-la, dormiu por cima do bebê.
Outro caso aconteceu no mês de outubro. A vítima foi um adolescente de 12 anos, que morreu ao se afogar em uma piscina de um parque aquático localizado no município do Conde, na Região Metropolitana de João Pessoa. Já em Patos, Sertão, uma menina de 6 anos morreu após cair no fosso de um elevador de um edifício. De acordo com a Polícia Civil, a criança não morava no prédio e estava brincando com outras crianças quando o acidente aconteceu, no dia 19 de abril deste ano.
O presidente da Sociedade Paraibana de Pediatria, Cláudio Orestes, confirmou que está havendo uma redução das mortes que seriam evitáveis, como as causadas por doenças como diarreia infantil e pneumonia, mas as causas imprevisíveis, como as doenças oncológicas e derivadas de causas externas tiveram um aumento. “Na verdade as causas não são imprevisíveis, o que acontece é que não temos o hábito da prevenção”, destacou.
Ele explicou ainda que há vários fatores que expõem as crianças a riscos tanto no domicílio, quanto na rua e citou um exemplo: “uma mãe andando com um filho na calçada, em que ele esteja do lado do trânsito, por exemplo, é um perigo. A criança pode se soltar e ir direto para a frente dos veículos. É óbvio que ela não tem noção de responsabilidade e de riscos, então o papel importante é o da prevenção. Há alguns eventos sazonais, afogamentos podem acontecer no verão, enquanto queimaduras em períodos festivos, mas muita coisa é evitável”, ressaltou.
Comentários