POLÍTICA
Prefeitos paraibanos 'esquecem' a crise e garantem a folia de Carnaval
De olho na reeleição, gestores até de municípios em estado de emergência vão realizar a festa.
Publicado em 14/01/2016 às 8:00
Apesar do “choro livre” dos prefeitos paraibanos sobre a queda da arrecadação e da falta de apoio para combater a crise hídrica, gestores que estão com um pé na campanha para reeleição não estão abrindo mão dos festejos carnavalescos. Nem mesmo o Estado de emergência reconhecido pelo governo federal, devido à estiagem, e as recomendações do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB) quanto ao controle de gastos com supérfluos em tempos de crise, têm barrado a corrida por dividendos eleitorais. “Vão assumir o risco de não pagarem os salários dos servidores, desequilibrarem o caixa e depois terem as contas reprovadas”, alerta o presidente do TCE, Arthur Cunha Lima.
Disposto a disputar a reeleição, o prefeito de Catolé do Rocha, Leomar Benício Maia, resolveu investir pesado no Carnaval 2016 da cidade, depois de um ano em que só houve uma festa privada, que foi muito criticada pela população. Para este ano, a festa será grátis e em praça pública, para um público previsto de 40 mil pessoas. “Assim como foi feito neste ano de 2015, faremos através de parcerias com empresários da nossa cidade. Eles acreditam, junto conosco, na realização deste evento que gera inúmeros empregos diretos e indiretos, bem como aumenta o turismo na nossa cidade”, disse.
Os recursos públicos que estão sendo empreendidos para a festa, no entanto, ainda não foram revelados. Leomar assegura apenas que as finanças públicas e os salários dos funcionários não serão afetados com a realização do Carnaval.
Assim como nos últimos anos, o Carnaval 2016 de Cajazeiras, no alto Sertão, vai acontecer novamente na Agrovila, através de uma parceria firmada entre a BCM Produções e Perfil Produções e a prefeita Denise Oliveira (PSB). A prefeitura afirma que vai colaborar apenas na parte de segurança, do trânsito, limpeza, garantia de serviços de saúde e em alguns pontos da infraestrutura, não causando ônus ao cofres públicos.
ESPERANÇA
Mesmo também em estado de emergência, desde abril do ano passado, a Prefeitura de Esperança, no Brejo paraibano, vai realizar a folia de Momo. O prefeito Anderson Monteiro (PSC) pretende desembolsar R$ 125 mil dos cofres do município apenas para locação de trio elétrico destinado às festividades de Carnaval, a ser realizado entre os dias 6 e 9 de fevereiro. O montante é superior a tudo o que foi destinado entre janeiro a outubro do ano passado com serviços de assistência social a famílias carentes em Esperança, por exemplo, no total R$ 109.247,45 empenhados, conforme o Sagres do TCE.
Quem também não vai abrir mão de patrocinar a festa na cidade é a prefeito de Juripiranga, Paulo Dália Teixeira (PSD), que deve realizar não apenas o Carnaval, já que está com edital de licitação aberto para contratação de trio elétrico, mas também a tradicional festa de São Sebastião. O edital prevê sistema de sonorização e condutor para o Carnaval, no valor de R$ 27 mil, mas a programação musical da folia ainda não foi divulgada pela prefeitura. Já para a festa de São Sebastião de Juripiranga, entre 4 a 7 de março, estão confirmadas nove atrações musicais, incluindo uma atração religiosa, sendo três por noite. Assim como em Esperança, os valores dos cachês ainda não foram divulgados.
Tradição mantida, mas no aperto
Já na capital, para que a cidade não ficasse sem a folia pré-carnavalesca e o Carnaval Tradição, o prefeito Luciano Cartaxo (PSD) cortou para menos da metade os investimentos com os festejos. Ano passado a prefeitura destinou R$ 800 mil em recursos para garantir a festa. Para este ano, os recursos não passam de R$ 250 mil. Algumas agremiações e blocos carnavalescos, inclusive o Picolé de Manga, do irmão de Cartaxo, já desistiram de participar da festa.
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