COTIDIANO
PM registra 163 mortes no Sertão da PB só este ano
Patos é a cidade do interior com maior número de mortes violentas no sertão.
Publicado em 20/11/2011 às 13:49
Combater a violência no Sertão da Paraíba, região mais extensa do Estado com cerca de 40% do território, é um desafio para as forças policiais, principalmente quando o problema a ser enfrentado são os crimes contra a vida. Um levantamento realizado de forma conjunta entre os cinco batalhões da Polícia Militar instalados no Sertão aponta que só este ano já foram confirmados 163 casos de homicídios em toda a região.
O número de assassinatos confirmados até último dia 18 de novembro representa 86,3% dos casos contabilizados oficialmente no ano passado, quando foram 189 vítimas da violência em toda a região. Além do tráfico de drogas, o acirramento de brigas familiares e os casos de vingança pessoal integram o perfil dos assassinatos entre os sertanejos.
Juntos, os batalhões da PM sediados em Patos, Sousa, Cajazeiras, Catolé do Rocha e Itaporanga cobrem uma área total de 91 municípios, com realidades distintas. Cercado pelas divisas da Paraíba com os estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará, o Sertão é a principal rota de entrada de drogas no Estado e ainda enfrenta particularidades regionais com a histórica disputa política entre clãs rivais que se arrastam há mais de 50 anos nas áreas de Patos e Catolé do Rocha.
A cidade com maior número de mortes violentas no Sertão é Patos, com 54 assassinatos confirmados até a última sexta-feira.
O município é o mais populoso da região, com 100,6 mil habitantes. Faltando ainda seis semanas para o fim do ano, a cidade já se aproxima do índice de 2010, quando foram 58 mortes.
A posição central de Patos na rota do tráfico é apontada como o principal combustível da violência na cidade. “Patos está no centro do Estado, em um ponto que geograficamente facilita a entrada e saída das drogas que vêm de outros estados para o Litoral e no caminho inverso. Com isso também aumenta o número de usuários”, avalia o coronel José de Almeida Rosas, comandante do 3° Batalhão da PM em Patos.
Ainda segundo o comandante, a redução das mortes é um trabalho de médio e longo prazo. “Não é um caso de resultado imediato. Temos conseguido bons resultados com a Operação Nômade, que todo dia envia policiais para todos os bairros, além das operações nas divisas que estão sendo intensificadas”, avalia coronel Almeida. O 3° BPM tem a maior área de cobertura entre os batalhões do Sertão, com 32 cidades.
Nesta região foram 74 mortes este ano contra 77 em 2010.
Sobre o número total de homicídios registrados este ano no Estado inteiro, a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública da Paraíba informou que não tinha autorização para repassar as estatísticas, alegando que os dados gerais ainda estão sendo contabilizados. Ainda segundo a assessoria, a divulgação só será feita quando os dados estiverem consolidados.
As investigações realizadas pela Polícia Civil apontam que as motivações das mortes variam de acordo com cada área do Sertão. “Em Patos, os crimes em sua maioria têm ligações com o tráfico ou entre egressos do sistema penitenciário. Em Catolé do Rocha, o que predomina é a briga de família e os crimes pessoais”, explica Severiano Pedro, delegado-chefe da Polícia Civil.
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