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CULTURA

A vida fora do eixo

JORNAL DA PARAÍBA visita a 'Casa Mundo', principal representação da rede 'Fora do Eixo' na PB, e bate um papo com seus moradores.

Publicado em 17/08/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 16:09

Uma buzina de bicicleta nos serve de campainha no portão de número 137 da avenida Dom Vital, no bairro do Róger, em João Pessoa. Quem primeiro nos recebe é o vira-lata Benjor, mascote da Casa Mundo, sede do coletivo de mesmo nome que há 4 anos atua na capital e é a principal representação da rede Fora do Eixo na Paraíba.

De bermuda e chinelo, Rayan Lins dá boas vindas à reportagem e nos conduz por um corredor com paredes grafitadas e móveis de madeira reaproveitável. Rayan é um dos gestores do Coletivo Mundo e um dos cinco moradores da casa por onde, diariamente, circulam dezenas de 'viventes' – como são chamados os integrantes dos núcleos de dentro e fora do Estado que participam das atividades culturais promovidas no lugar.

Em uma ampla sala com uma mesa onde dois computadores conectam-se aos perfis do Facebook do coletivo, um quadro mostra um diagrama que explica como a rede se organiza a partir de quatro pontos articulados: o 'Banco Fora do Eixo' (que gerencia os recursos financeiros da rede), o 'Pcult' (mobilização suprapartidária que coordena as pautas políticas do movimento), a 'Mídia Ninja' (frente de comunicação criada pela rede) e a 'Universidade Livre' (projeto de formação do Fora do Eixo realizado conjuntamente nas residências, ou 'campi', dos coletivos).

"O Fora do Eixo funciona aqui como funciona em todo o Brasil: a partir de coletivos que trabalham nos seus territórios e têm total autonomia sobre os seus recursos. A rede é a soma destes coletivos e só existe pela troca de conhecimento entre eles", afirma Rayan, que enumera a existência de outros cinco coletivos vinculados ao Fora do Eixo na Paraíba: o 'Natora' (de Campina Grande), o 'Atissar' (de Zabelê), o 'Espinho Branco' (de Patos), o 'Estação' (de Sousa) e o 'Cutucar' (de Cajazeiras).

Alugado, o imóvel onde funciona a Casa Mundo é pago por um caixa administrado pelos cinco moradores. Segundo Rayan, os recursos provêm dos serviços prestados por cada um, já que os membros atuam como profissionais autônomos, realizando trabalhos em setores produtivos ligados à cultura.

"Na casa, não existe patrão nem funcionário. Ninguém aqui recebe salário e todo o dinheiro entra no mesmo caixa que cobre as nossas dívidas", explica Rayan, que já foi gerente executivo de promoção cultural na Secretaria de Estado da Cultura da Paraíba mas hoje dedica-se exclusivamente ao Coletivo Mundo.

Além da Casa Mundo, o coletivo mantém também o Espaço Mundo, local onde são promovidos shows e festivais como o 'Seda– Semana do Audiovisual', programação que ocorreu simultaneamente em mais de 100 cidades, em junho.

Com o objetivo de facilitar a troca de serviços entre os coletivos, o Fora do Eixo criou uma moeda complementar, o 'Cubo Card', um dos alvos de ataque de textos polêmicos, publicados nas esferas virtuais, que trazem à discussão questões como o sistema de remuneração de artistas, a relação da rede com partidos políticos e o seu suposto financiamento por editais públicos.

Para Rayan Lins, os depoimentos que circulam são fruto do "rancor" de alguns artistas descontentes com a rede. "Os coletivos integrados ao Fora do Eixo já prestam contas junto aos órgãos públicos e nunca adotaram a política de não pagamento de cachês", declara o gestor, que cita o formato 'Quanto vale o show?', no qual o valor de um ingresso é definido pelo público e toda a renda obtida é destinada ao artista, como uma das práticas de remuneração. Quanto ao envolvimento com partidos, Rayan é taxativo: "Acreditamos que dialogar com partidos e movimentos não é necessariamente ter o rabo preso com ninguém".

Em resposta às acusações, o Fora do Eixo lançou esta semana um portal de transparência (foradoeixo.org.br) e emitiu uma nota em que esclarece os pontos debatidos em meio às críticas e denúncias.

COLETIVO EM DEBATE

O músico Antonio Patativa Sales (da banda Madalena Moog) é um dos que engrossam as fileiras dos artistas que criticam publicamente o Fora do Eixo e o seu modelo estruturado a partir de coletivos que, na sua opinião, só têm o verniz democrático.

"Se é um 'coletivo', como em um ônibus, todos os que estão dentro têm, por estarem dentro, os mesmos direitos. Mas, como sempre há um motorista que precisa guiar e um cobrador que precisa cobrar, sempre há hierarquias e, havendo hierarquias, sempre há patifaria. Patifarias e panelas", acusa Patativa, que diz que a base dos coletivos são os "laços de amizade, estética ou favorecimento utilitarista".

"Esses caras falam em 'rancor' e tal, mas eles são os principais rancorosos. Se você não está com eles, eles pensam, está contra eles. Alguns desses caras estão nos coletivos como quem está em uma igreja, e são muito radicais e fanáticos", completa o vocalista e guitarrista do Madalena Moog, que deixou de inscrever a banda em festivais da rede Fora do Eixo, como o 'Grito Rock', ou pela ausência de cachês que cobrissem despesas de viagem ou porque, segundo ele, os eventos eram, na verdade, moeda de troca entre coletivos.

"Quer dizer: banda tal de coletivo tal toca aqui, em troca de uma banda daqui tocar ali. Se você não é do coletivo e mesmo que seu trabalho seja muito bom, a tendência é ir ficando cada vez mais à margem... marginalizado; tendo que se virar sozinho", conclui.

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Jornal da Paraíba

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