POLÍTICA
Orçamento raquítico faz a Sudene pedir socorro
Em visita à Paraíba, o presidente da Sudene, José Márcio de Medeiros, concedeu entrevista, na qual pede socorro.
Publicado em 17/05/2015 às 8:00 | Atualizado em 09/02/2024 às 17:03
Um documento elaborado pelo Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste (1957), nomeado pelo presidente Juscelino Kubitschek e liderado pelo economista Celso Furtado, paraibano de Pombal, foi a certidão de nascimento da Sudene. Com o título “Uma política de desenvolvimento econômico para o Nordeste”, o documento serviu de inspiração para a criação da autarquia em dezembro daquele ano. Ela foi sepultada no governo de Fernando Henrique Cardoso e ressuscitada por Lula. A superintendência ressuscitou, mas, para muitos, ainda é uma espécie de morta-viva. Em visita à Paraíba, o presidente da Sudene, José Márcio de Medeiros, concedeu esta entrevista, na qual pede socorro. Confira a entrevista:
Interiorização
“A Sudene tem essa responsabilidade de promover o plano de desenvolvimento regional. A área de atuação é justamente o Nordeste. O que estamos fazendo agora? Estamos interiorizando nossas ações. As capitais também são atendidas, mas estamos dando uma atenção melhor e mais real, no momento, aos municípios do interior que podem ser polos de desenvolvimento, a exemplo de Salgueiro, Bom Conselho e agora Campina Grande, Caruaru (PE) e Arapiraca (AL)”.
Projetos
“Estamos tentando ver como nós podemos fazer com a região Metropolitana de Campina Grande. A gente vai fazer projetos de desenvolvimento juntamente com o pessoal da terra. Por quê? Porque vocês têm a capacidade de identificar o que é melhor e o que está na hora de ser feito na região de Campina Grande, na Paraíba”
Financiamento
“A Sudene tanto faz projetos como também disponibiliza recursos. São poucos os recursos no momento, mas a gente deve ter R$ 3 milhões para investir em Campina Grande e em Alagoas. Isso mostra que a gente está iniciando um processo. Dando resultado, vamos pleitear mais junto ao governo federal e a nossa base federal na Câmara e no Senado”.
Bancada
“É uma coisa que precisa provocar as autoridades políticas para que a gente traga recursos para o Nordeste. Não é possível que a gente continue trazendo apenas 13% do Produto Interno Bruto (PIB) para ser investido no Nordeste”.
Cortes
“A limitação de verbas pelo governo federal atinge a todos os órgãos. Nós ainda não fomos comunicados, mas como o orçamento da Sudene é pequeno ainda, pode ser que a gente não seja atingido. Todavia, em tese todos nós poderemos ser atingidos com o corte de recursos”.
Orçamento
“O orçamento da Sudene para este ano é de R$ 80 milhões. No entanto, temos o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) vinculado ao Orçamento da União que tem recurso de R$ 2 bilhões para fazer empresas que venham se instalar. Pode ser na área de saneamento básico. Campina Grande ou outro que quiser fazerem uma Parceria Público-Privada (PPP) temos dinheiro para emprestar para a empresa”.
Corrupção na Sudene
“Os grandes desvios de recursos aconteceram com a Sudam (Superintendência de Desenvolvimento do Amazonas). A Sudene só deu problema em 3% dos seus contratos, o que é muito pouco. Os valores desviados da Sudene estão sendo cobrados na Justiça. A Sudene não foi extinta por isso (corrupção), mas por uma questão política em Brasília, uma guerra fora da região. Então o governo de Fernando Henrique Cardoso, que imprimiu o neoliberalismo, extinguiu a Sudene. Depois ela foi transformada em Adene e depois voltou a ser a Sudene. Ela só volta a representar na sua plenitude se a bancada federal nordestina se unir com Minas Gerais e Espírito Santo e promover uma injeção de recursos na Sudene para planejar e fazer o desenvolvimento do Nordeste”.
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