Documentário remonta trajetória e mostra importância do 'Circo Voador'

No começo dos anos 1980, recém-formado na faculdade de comunicação e trabalhando na Rede Globo de Televisão, o jovem Roberto Berliner abandonou tudo, pegou a grana do fundo de garantia, comprou uma câmera e “mergulhou” nos registros do Circo Voador.

No DVD A Farra do Circo (Coleção Canal Brasil), dirigido por Berliner junto com Pedro Bronz, acontecimentos que passam por cenários cariocas como o Arpoador e a Lapa, indo até a Copa do México em 1986, marcam a tenda onde abrigava uma verdadeira revolução na cena cultural durante a Abertura Política.

“Esse filme é um pouco um retrato da minha trajetória”, confessa Roberto Berliner, diretor também de A Pessoa É para o que Nasce (2004), sobre as irmãs cegas de Campina Grande. “O Circo Voador é um divisor de águas pra minha vida, a formação de um novo mundo. Minha intenção era registrar tudo que estávamos vivendo”.
Em A Farra do Circo, não existe depoimentos atuais ou explicações. Os diretores optaram por mostrar apenas as ricas imagens de arquivos.

“Queríamos como se fosse um filme de época”, explica Berliner, que optou até colocar o título e legendas dos que aparecem no longa igual aos caracteres de antigamente, que eram criadas diretamente na câmera. “A montagem respeita muito isso. É um retrato de uma época do Rio e da cultura brasileira”.

Um festival de artistas desfila nas lentes do diretor: desde o Asdrubal Trouxe o Trombone – que tinha nomes como Regina Casé, Evandro Mesquita, Perfeito Fortuna e Luiz Fernando Guimarães –, passando por Barão Vermelho, Blitz, Paralamas e a 'big band' de origem paraibana Orquestra Tabajara, com o maestro Severino Araújo (2017-2012) no comando. Inclusive o 'Velho Guerreiro' Chacrinha (1917-1988) tem um depoimento como espectador.

“Era um trabalho coletivo. O Circo Voador hoje em dia é realmente uma casa de show”.