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VIDA URBANA

Mortes maternas aumentam na PB

Ao todo, 386 mulheres já perderam a vida no Estado em decorrência de complicações no parto; números são da SES.

Publicado em 19/01/2014 às 6:00 | Atualizado em 01/06/2023 às 16:34

Enquanto as pessoas comemoravam nas ruas a chegada do Ano Novo, a dona de casa Francisca Evaristo de Sousa, aos 29 anos, entrava na sala de parto. Grávida de uma menina, ela foi submetida a uma cesariana no dia 31 de dezembro do ano passado. Horas depois, a expectativa da família dava espaço a um sentimento de dor e angústia. Mãe e filha enfrentaram complicações cirúrgicas e não resistiram. As duas foram levadas da maternidade para o Cemitério do Riachão de Bacamarte, cidade onde moravam, a 90,44 quilômetros de João Pessoa.

O caso aconteceu no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea), em Campina Grande, a 113 quilômetros da capital, mas só foi divulgado quatro dias depois, quando a família da paciente acusou a maternidade de negligência e registrou queixa na delegacia. A Secretaria de Saúde de Campina Grande também instaurou sindicância para apurar o ocorrido.

Além de se tornar o centro das duas investigações, Francisca entrou em estatísticas que não param de crescer no Estado. Ao longo de 14 anos, a quantidade de mortes maternas aumentou em 147,05% na Paraíba. Subiu de 17 casos em 1999 para 42 em 2013.

Ao todo, 386 mulheres já perderam a vida no Estado em decorrência de complicações no parto. Os números são do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e mostram que, apesar de ser evitável na maioria dos casos, a morte materna ainda é uma realidade em 37 dos 223 municípios paraibanos.

Entre 1999 a 2013, as cidades que mais registram as ocorrências foram Campina Grande (128), João Pessoa (125), Patos (27), Santa Rita (10), Guarabira (10), Cajazeiras (9), Sousa (8), Pombal (6), Itaporanga (5), Esperança (5), Picuí (5) e Bayeux (4).

Segundo o ginecologista e membro da Sociedade de Ginecologia da Paraíba, Geraldez Tomaz, a principal causa de mortalidade entre gestantes é a deficiência na assistência médica antes do parto. Com 45 anos de experiência na área, ele observa que problemas de saúde que podem causar complicações na sala de cirurgia podem ser evitados com cuidados simples no pré-natal.

“A hipertensão é uma das principais causas de mortalidade materna, mas ela pode ser controlada, com medicamentos e alimentação. Sem tratamento, ela causa a chamada pré-eclampse ou eclampse propriamente dita, que pode levar à morte. Mas se a paciente atender as recomendações médicas, esse risco é reduzido”, afirma o ginecologista e membro da Sociedade de Ginecologia da Paraíba, Geraldez Tomaz.

Além da hipertensão, cardiopatias e diabetes podem afetar o feto, causando má formação ou crescimento elevado. “Se a paciente tiver um pré-natal correto, tomar os medicamentos e tiver acompanhamento com médico mensalmente, a chance do parto ser realizado com sucesso é bem maior”, diz Geraldez Tomaz.

Outra causa de morte é o parto mal realizado e sem o rigoroso processo de higiene. “Quando isso acontece, a paciente morre por conta da infecção grave. Ela sente febre alta, mau cheio nas genitais, presença de secreções e é preciso que o tratamento seja feito com antibióticos”, ressalta o ginecologista.

ATENDIMENTO RÁPIDO

A rapidez no atendimento é outro fator que reduz os risco de óbito na hora do parto. No entanto, as mulheres de algumas cidades paraibanas ainda precisam enfrentar viagens para encontrar socorro no momento de dar a luz.

O motivo é que só existem maternidades em 62 municípios do Estado, segundo o estudo “Perfil Básico dos Municípios Brasileiros 2011”, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ainda de acordo com a pesquisa, apenas cinco maternidades são interligadas e só seis possuem posto de cartório.

NÚMEROS PREOCUPAM O ESTADO

Para a gerente de Equidade de Gênero da Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana, Elinaide Carvalho, os números são motivos de preocupação. “Somos um Estado que tem alta incidência de morte materna, apesar dela ser evitável em 98% dos casos”, admitiu.

No entanto, ela destaca a criação de algumas medidas que buscam reduzir essa mortalidade. Uma dessas ações é a constituição de comitês que discutem políticas para melhorar a qualidade do atendimento às mulheres e às crianças. Esses comitês têm a presença de representantes de órgão públicos e da sociedade civil.

Já para a coordenadora de Saúde da Mulher da Secretaria de Estado de Saúde, Fátima Morais, as mortes são decorrentes de alguns desafios que ainda precisam ser superados na Paraíba. Ela observa que ainda é grande a resistência por parte das mulheres em realizar os exames de pré-natal e de obedecer a orientação médica. Outro fator que a gestora aponta é a dificuldade da gestante em encontrar os serviços especializados em algumas regiões.

Para resolver esse problema, o Governo do Estado realiza capacitações permanentes junto às equipes do Programa de Saúde da Família. O objetivo é mostrar a esses profissionais a importância de acompanhar, orientar e incentivar as gestantes a realizarem o pré-natal.

Outra iniciativa adotada pela SES é a implantação da Rede Cegonha, uma política do Governo Federal que concede uma série de benefícios à gestante e as crianças. Entre outras medidas previstas, as mulheres terão direito a fazer uma reserva prévia na maternidade e evitar, por exemplo, que perca tempo na hora de ter a criança.

Outra ação prevista pela Rede Cegonha é a construção de centros de partos normais e de casas que darão apoio às mães, enquanto os filhos estiverem internados.

Essas casas servirão para desocupar as vagas nas maternidades. De acordo com Fátima Morais, as mães serão levadas para essas casas, onde permanecerão até que os bebês sejam liberados do hospital. Com isso, as vagas na maternidade poderão ser ocupadas por outras gestantes.

Na Paraíba, a portaria da Rede Cegonha já foi assinada e os recursos estão assegurados pelo governo federal. No entanto, o Estado ainda precisa estruturar os serviços para que a rede funcione adequadamente.

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Jornal da Paraíba

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