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POLÍTICA

Gravações de Sérgio Machado corroem o governo interino como cupim incontrolável

Áudios do ex-presidente da Transpetro derrubaram o ex-ministro do Planejamento, Romero Jucá.

Publicado em 30/05/2016 às 16:25

Todo mundo imaginou que não poderia ter nada mais grave que a delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral. Entregou todo mundo. Ajudou na queda da presidente Dilma e na inanição de Lula.

Mas, eis que surge o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Um homem simbólico. Representação perfeita da traição política. Aquela naturalizada nessa atividade e tão dolorosa na vida de um “ser comum”.

Para se livrar de uma punição “severa”, resolveu gravar seus amigos do esquema. Fez alguns externarem seus pensamentos mais íntimos sobre a política brasileira, sobre Dilma, Lula, Lava Jato, sobre seus pares, sobre si mesmos.

Incitou, estimulou. Um excelente meio de campo, colocando a bola na frente do gol para seus colegas chutarem. Tudo gravado.

As gravações de Machado publicadas pela Folha derrubaram Jucá, ex-ministro do Planejamento. Agora, gravações publicadas pelo Fantástico devem derrubar o novo Ministro da Transparência e Controle, Fabiano Silveira, que resolveu ensinar ao seu “mestre”, o presidente do Senado, Renan Calheiros, como se livrar de investigação.

'Nudes' publicado em rede nacional
Passaria sem degola se não estivesse na chefia de uma pasta criada justamente para combater tais tramoias. Merece sair sem muito arrodeio. Se não acontecer, Temer dá uma sinal do que deseja para o seu governo.

Machado atua como um cupim incontrolável no governo peemedebista, feito de madeira frágil e apodrecida. Renan, que antes da queda de Dilma parecia imune, vê seus pensamentos expostos como um ‘nudes’ publicado em rede nacional. Sarney está pelado. Uma velha raposa entregue por um “amigo”.

A população que apostou desconfiada no governo Temer parece atônita. Parece não acreditar que havia algo pior. Sem saber como agir, olha para as panelas sem saber se é para bater. Vale a pena esperar?

O silêncio 'coxinha' e a 'esquerda' rouca
Para muitos, a cabeça da podridão era petista. O olhar seletivo e odioso não percebeu que é um bicho de várias cabeças e para se salvar, uma vai destruir a outra. Assusta-me o silêncio “coxinha”. Os defensores ferrenhos do impeachment, que lutaram pela moralidade, que colocam no PT a culpa da nossa podridão, não sabem quantas cabeças terão que cortar e em quais cabeças confiar.

Surpreende a falta de força dos movimentos populares, da chamada esquerda, que diante de um governo frágil e corroído, parecem também enfraquecidos. Desacreditados. Parece que desaprenderam.

Vão às ruas com grupos isolados, com voz rouca e inaudível. Resumem-se no discurso do golpe, da conspiração dos ricos contra os pobres. Criticam a mídia chamada golpista, mas é essa mídia que está entregando de bandeja o governo interino. Enquanto isso, o pedido de nova mudança, de revolta, fica nas redes sociais. Um ativismo eficiente, mas que sozinho é preguiçoso.

O governo Temer está aí: cambaleante. Precisa de mais alguns empurrões. Por enquanto, resta-nos fazer muitas perguntas. Quem vai derrubar? A mídia, a chamada esquerda, os coxinhas, a direita-extrema? Tem salvação? Quem irá salvar? Novos acordos? Henrique Meireles?

Fiquemos à espera de novas gravações.

Imagem

Jornal da Paraíba

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