VIDA URBANA
Cagepa pode ampliar racionamento de água em Campina Grande
Além de Campina, outros 18 municípios abastecidos pelo açude Boqueirão poderão sofrer mais efeitos da estiagem a partir do dia 15
Publicado em 01/05/2015 às 9:47 | Atualizado em 14/02/2024 às 12:22
Atualmente enfrentando um racionamento de 36 horas durante o final de semana, a cidade de Campina Grande e outros 18 municípios que são abastecidos pelo açude Epitácio Pessoa (Boqueirão) poderão sentir ainda mais os efeitos da crise hídrica vivida pelos paraibanos. Um estudo elaborado pela Cagepa, que está sendo analisado por órgãos públicos, propõe que o racionamento seja ampliado e passe a durar 60 horas. Na prática, isso significa que em vez de ficar sem água das 17h do sábado até as 5h da segunda-feira, os mais de 630 mil paraibanos abastecidos por Boqueirão não teriam água nas torneiras das 17h do sábado até as 5h de terça-feira, ou seja, haveria um dia a mais de racionamento nesses municípios.
O estudo em questão, solicitado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB), foi apresentado ontem na reunião da Comissão Especial de Acompanhamento Sobre a Gestão das Águas do MPPB (Ceasga), que pretendia definir se a proposta da Cagepa seria colocada em prática a partir do dia 15 de maio. Por conta da grande quantidade de pessoas que pediram para falar no encontro, entre elas ambientalistas, técnicos da área de recursos hídricos e representantes de órgãos públicos, a decisão foi adiada para a próxima semana.
Além disso, o impasse entre as partes a cada tópico discutido também motivou o adiamento da decisão. Autora do estudo, a própria Cagepa disse não concordar, nesse momento, com a extensão do racionamento. O diretor de operações da empresa, José Mota, explicou que a análise em questão foi feita não por iniciativa da companhia, mas sim para atender solicitação do MPPB.
Ele justificou a posição da Cagepa alegando que a expansão do racionamento traria grandes prejuízos para a periferia da cidade em troca de uma economia pequena, que adiaria por mais 41 dias a chegada do reservatório aos seus limites mínimos, caso não haja nenhuma recarga no açude. Se o racionamento continuar durando 36 horas, esse limite seria atingido em 8 de dezembro desse ano. Caso ele seja estendido, o reservatório chegaria a esse mínimo no dia 18 de janeiro de 2016. “Além disso, se ampliarmos o racionamento, as cidades de Caturité, Barra de Santana e Pocinhos só serão abastecidas três dias por semana”, acrescentou.
Ao final do encontro, marcado pelo pedido do promotor Eulâmpio Duarte para deixar a presidência da Comissão por questões pessoais, o procurador-geral de Justiça do MPPB, Bertrand Asfora, foi enfático ao dizer que a prioridade é buscar o consenso sobre as questões referentes a Boqueirão, mas disse que se isso não acontecer, o MPPB vai recorrer a outros meios para garantir o abastecimento. “Se a legislação diz que a prioridade é o abastecimento humano, que seja, ou de forma consensual ou imposta, mas que vai ser, vai”, concluiu.
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