Dez dias após tragédia do Roger, chega a dez o número de mortos

Da Redação

Revolta, tumulto e fogo: uma combinação que terminou em tragédia. No dia em que a “Tragédia do Presídio do Roger”, como ficou conhecida a rebelião de detentos que resultou em incêndio, completa dez dias, mais um presidiário morre em João Pessoa. A décima vítima foi identificada como Severino Carlos Santos da Silva, de 28 anos, internado no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena desde a sexta-feira (23/10), dia do incidente que deixou mais de 40 pessoas feridas.

A última morte registrada entre as vítimas do incêndio teria acontecido por volta das 0h30, segundo informações da Assessoria de Imprensa do Hospital. Severino Carlos Santos, que era preso provisório e respondia às acusações de tráfico de drogas e porte ilegal de armas, vinha apresentando estado de saúde gravíssimo, assim como permanece o quadro de outros dois feridos pelas chamas do fogo espalhado no Pavilhão PB-3.

Conforme números do último boletim divulgado, com o falecimento ocorrido nesta madrugada, mais sete apenados continuam internados em estado grave e onze ainda se encontram em estado regular no Trauma.

Severino Santos é a terceira vítima fatal do incêndio a morrer apenas neste final de semana. Ainda na última sexta-feira (30) foi registrado o óbito do detento Melque Rodrigues, que também não resistiu às queimaduras. Menos de 24h depois, na tarde deste sábado (31), o corpo da nona vítima, Gilvando Rodrigues do Nascimento, foi encaminhado pela direção do Hospital à Gerência de Medicina e Odontologia Legal (Gemol).

Outras vítimas

As primeiras vítimas da tragédia do Roger morreram ainda no local do incêndio. Os apenados Wilson Barbosa, de 26 anos, Osias Marques de Sousa, 54 anos, Josivando dos Santos Francisco, 31 anos, Humberto Fernandes da Cruz, 48 anos, Ronaldo Luis dos Santos, 34 anos, faleceram na sexta-feira (23/10). Joab Soares do Nascimento e José Francisco Damião, de 46 anos, chegaram a ser levados para o hospital, mas não resistiram à gravidade dos ferimentos.

Recuperados transferidos

Os presos que receberam alta foram levados para celas especiais no presídio PB1 em Jacarapé, segundo informou o secretário de Administração Penitenciária do Governo do Estado, Roosevelt Vita. Familiares dos presos que sofreram queimaduras tiveram a oportunidade de visitá-los durante todo esse final de semana, com a restrição da liberação de apenas um parente por apenado.

Motivos da rebelião

O incêndio na Penitenciária Flósculo da Nóbrega, situada no bairro do Roger, começou quando 70 detentos atearam fogo em colchões como forma de protesto. A justificativa dos presidiários era a indignação contra a suspensão de visitas íntimas, medida adotada pela direção do presídio 15 dias antes, aproximadamente, como uma tentativa de puni-los pela morte de um detento.

A explicação da Secretaria de Administração Penitenciária, porém, foi bem diferente. O protesto teria sido planejado como uma estratégia para tirar o foco de uma tentativa de resgate de Jackson Pereira da Silva, que cumpre 18 anos de prisão. O detento foi transferido do Roger para o Presídio PB1, localizado em Jacarapé, no dia que antecedeu a rebelião, e o plano de resgate foi descoberto e impedido pelo serviço de inteligência do Sistema Penitenciário do Estado.