VIDA URBANA
Seguindo os passos do pai
A história de filhos que, por admiração, influência ou gosto pela profissão, resolveram seguir a mesma carreira do pai.
Publicado em 11/08/2013 às 12:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 15:55
Admiração, influência ou gosto pela profissão? Podem ser muitas as alternativas que levam os filhos a seguir a mesma carreira do pai. Geralmente, os casos mais recorrentes ocorrem em famílias onde há advogados, médicos e artistas, devido ao nome profissional já consolidado no mercado. No entanto, o gosto pela profissão do patriarca também ocorre em atividades distintas, como engenheiros, comerciantes, mecânicos e professores.
Seguir carreira na Polícia Militar da Paraíba não estava nos planos do tenente-coronel Francisco Soares, hoje integrante da reserva dos oficiais. Ele conta que não tinha policiais na família e ingressou na profissão apenas por conta da estabilidade financeira. Com o passar dos anos, o oficial tomou gosto pela profissão e hoje, dois, dos três filhos, seguem seus passos.
Ainda durante a infância, Ticiana e Assis Soares Júnior lembram de acompanhar o pai até os quarteis e em eventos da Polícia Militar. Além de conhecer de perto o trabalho de Francisco, seus filhos aprenderam os valores humanos repassados por ele.
“Como eu viajava muito, levar meus filhos para os quarteis era uma forma de amenizar a saudade e de tê-los mais perto de mim. Com isso, eles também viam que existe uma forma bonita de fazer polícia, desde que aprendessem a respeitar o cidadão e tentassem construir uma sociedade melhor com seu trabalho - lembrando que a chefe maior pela criação deles foi minha esposa”, declarou Francisco.
Orgulhosa da carreira do pai, Ticiana, que é capitã e coordenadora do Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), conta que seguiu a profissão porque queria algo em que pudesse servir à sociedade. “A Polícia Militar ainda é uma profissão muito masculina, apesar de termos mulheres em postos importantes. Eu vejo em minha profissão a possibilidade de ajudar o outro. E foi essa imagem de gente honesta e trabalhadora que nosso pai passou para a gente”, revelou a oficial.
Assim como a irmã, o capitão Francisco de Assis Soares Júnior, que comanda o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), sente-se realizado com a profissão e lembra dos elogios dos colegas mais antigos que conheceram o trabalho do tenente-coronel. “Passei a infância e adolescência vendo o trabalho do meu pai e ficava admirado. Por onde a gente chega, os policiais são só elogios a ele. Temos orgulho em sermos filhos do coronel Soares e estarmos galgando também o nosso espaço”, contou.
ENGENHEIRO
Em uma carreira diferente e não menos importante está o engenheiro civil recém-formado Thiago Fernandes. Ele conta que ainda criança, nas brincadeiras de montar e desmontar brinquedos, pedia a ajuda do pai, também engenheiro da mesma área.
“ Desde cedo decidi que, no que dependesse de mim, seria engenheiro civil. A curiosidade pela maneira com que as coisas funcionam sempre me moveu”, comentou o jovem. O pai de Thiago, João Carlos de Melo, sente-se satisfeito com a profissão e afirma que deixou o filho livre para escolher a carreira que quisesse.
“Antes de decidir qual profissão seguir, conversei com ele, mas nunca tentei influenciá-lo. A decisão - sempre deixava claro - teria que ser exclusivamente dele. O que mais admiro na profissão do engenheiro civil é que não somos apenas construtores de casas, de edifícios, etc. Nós construímos sonhos”, disse João Carlos.
Ainda começando no mercado de trabalho, o jovem engenheiro acrescenta o orgulho do profissionalismo do pai e espera, uma dia, trabalhar com ele. “Meu pai tem a calma e a serenidade dentro da profissão, que é mentalmente desgastante. Somados a isso, a honestidade e senso de justiça absolutos, será um prazer vir a trabalhar com ele no futuro”, reforça.
ESCOLHA DO FILHO DEVE SER LIVRE
Foi-se o tempo em que os pais davam a palavra final na escolha profissional dos filhos. Mesmo assim, a convivência familiar pode ser um fator que influencia a decisão do trabalho a seguir. Para os psicólogos, os pais podem ajudar na decisão, mas devem deixar os filhos livres para escolher.
Na opinião da psicóloga Mariah Ribeiro, os pais devem respeitar a identidade e personalidades dos filhos e dialogar sobre a escolha da profissão dos jovens, sem interferir. “Acontece que muitas vezes os pais criam expectativas no futuro profissional de seus filhos e acabam exagerando nos cuidados da vida pessoal dos mesmos, guiando até a vida adulta, esquecendo que eles têm identidade própria e vontades”, explica.
A psicóloga alerta, ainda, que se os filhos escolhem a profissão pelo desejo dos pais, podem tornar-se profissionais frustrados e com a autoestima prejudicada. No entanto, se o filho optar pela mesma carreira profissional dos pais e se identificar com a atividade, os pais devem apoiá-lo.
“A melhor estratégia é manter um diálogo com os filhos, identificar seus interesses pessoais e profissionais, respeitar as características pessoais de cada um, proporcionar informações a respeito de várias profissões, dar condições para sua escolha e sempre refletir sobre até que ponto você proporciona a realização do sonho do seu filho”, reforça Mariah Ribeiro.
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