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ECONOMIA

Inflação eleva dinheiro no bolso

Pesquisa mostra que o brasileiro tem levado mais dinheiro no bolso para gastos em espécie; inflação tem ocasionado mudança.

Publicado em 03/07/2014 às 6:00 | Atualizado em 05/02/2024 às 11:07

Com o aumento da inflação nos últimos anos, o brasileiro passou a carregar mais dinheiro no bolso. Quase metade da população (44%) leva diariamente mais de R$ 50,00 para gastos em espécie, segundo o Banco Central. O dado faz parte da pesquisa "O brasileiro e sua relação com o dinheiro", realizada em abril e maio de 2013.

No levantamento anterior, em janeiro e fevereiro de 2010, 12% carregavam valores acima de R$ 50,00.

Segundo o BC, em 2010, a média de cédulas na carteira das pessoas somava R$ 36,02. Em 2013, chegou a R$ 54,06. A mediana (valor verificado no centro da amostra) passou de R$ 20,00 para R$ 30,00.

Nesse período, a inflação acumulou variação de cerca de 30%.

COMÉRCIO

A pesquisa do BC mostra que apesar de o brasileiro estar carregando mais dinheiro, essa forma de pagamento caiu proporcionalmente ao uso de cartões.

Ao realizar a pesquisa também com representantes do varejo, verificou-se que o dinheiro em espécie era a forma mais frequente de pagamento em 67% dos locais em 2010. Esse porcentual caiu para 57% em 2013.

No caso do cartão de crédito, subiu de 22% para 35%. O débito recuou de 6% para 4% como forma mais utilizada, enquanto o cheque se manteve como 1%.

Houve aumento na utilização de cartões de débito, de 55% dos locais em 2010 para 69% em 2013, e de crédito (de 58% para 67%). O uso do cheque se manteve em 27%
O dinheiro ainda responde pela maior parte dos pagamentos, mas sua participação no total das vendas caiu de 62% para 55% nesses três anos.

Esse espaço foi ocupado pelos cartões, com aumento de 20% para 26% no crédito e de 12% para 14% no débito. O porcentual de pagamentos em cheque caiu de 4% para 3%.

MOEDAS

O levantamento mostra também que o uso de moedas ficou praticamente estável. Passou de R$ 3,81 para R$ 4,03 na média e se manteve em R$ 3 na mediana.

A cada dez moedas recebidas, seis são usadas no dia a dia e quatro ficam guardadas em casa. Em 2010, a relação era de sete utilizadas para três que vão para "cofrinhos ou gavetas", segundo o BC.

A notícia positiva, neste caso, é que as pessoas estão deixando as moedas guardadas em casa por menos tempo. "Dos que têm o hábito de deixar em casa ou no trabalho, maior parcela (46%) fica fora de circulação por apenas uma semana", diz o BC.

PESQUISA

A pesquisa do BC foi realizada em abril e maio de 2013, por meio de abordagem pessoal e domiciliar, com 1.012 pessoas nas capitais brasileiras e em 61 cidades com pelos menos 100 mil habitantes. A margem de erro é de três pontos porcentuais e a confiança é de 95%. As comparações foram feitas com levantamento de 2010 realizado com 1.044 questionários.

CÉDULAS QUADRUPLICARAM EM 20 ANOS

O número de cédulas nas mãos dos brasileiros quadruplicou em 20 anos. Até 1993, o dinheiro em circulação correspondia a menos de 1% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todo os bens e serviços produzidos no país. No ano passado, essa relação estava em 4,2%, de acordo com dados do Banco Central (BC).

Segundo o chefe do Departamento do Meio Circulante do BC, João Sidney de Figueiredo Filho, antes do Plano Real, a população evitava ter dinheiro na mão porque as cédulas perdiam o valor rapidamente devido à inflação alta. “Naquele tempo tinha um custo de oportunidade muito elevado. Se ficasse com dinheiro no bolso, estava perdendo poder de compra. As pessoas ficavam com a menor quantidade de dinheiro possível no bolso”, disse. Com a estabilidade ao longo dos anos e o aumento da confiança, o uso do dinheiro se expandiu.

No dia 30 de junho de 1994, antes do lançamento do Plano Real, estavam em circulação 797 milhões de cédulas de cruzeiro real e mais 2,661 bilhões de notas de cruzeiro (parte dessas carimbadas com a exclusão dos últimos três zeros). Em valores convertidos, esse número de cédulas corresponde a R$ 9 bilhões, bem menor do que os cerca de R$ 190 bilhões em circulação atualmente. “E a população não cresceu isso tudo”, disse Figueiredo Filho. De acordo com o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1991 a população brasileira estava em quase 150 milhões. No ano passado, o instituto estimou a população em 201 milhões de habitantes.

Além do aumento da confiança da população, ele citou também a melhoria de renda como fator de expansão do meio circulante. “Isso acaba favorecendo o uso do dinheiro físico”, disse.

Mesmo com outros meios de pagamento, como cheques e cartões, os brasileiros ainda usam bastante as cédulas e as moedas de real para fazer transações. De acordo com a pesquisa do BC de 2013, para 70% da população o dinheiro é a forma preferida de pagamento. Na percepção do comércio, o percentual de uso de dinheiro para pagamentos ficou em 57%.

“Cerca de 51% dos brasileiros recebem os seus salários em dinheiro”, acrescentou o chefe do Departamento do Meio Circulante do BC.

Para manter o dinheiro em circulação por mais tempo e com segurança, foi necessário investir em tecnologia. A primeira mudança foi a troca das moedas de aço inoxidável para as coloridas. “Em anos anteriores, houve muitas trocas de padrão monetário, com muitas emissões de moedas. Chegamos a ter 53 moedas no intervalo de 1980 até 1994”, contou Figueiredo Filho. Toda vez que mudava o padrão monetário, eram usados os mesmos discos das moedas antigas para cunhar os novos valores.

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Jornal da Paraíba

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