VIDA URBANA
Dia Mundial sem Carro ainda é desafio em Campina Grande
A estrutura da cidade para privilegiar o transporte de massa, os deslocamentos de bicicleta e a pé ainda necessita de grandes transformações.
Publicado em 22/09/2015 às 9:00
Imaginar a população de Campina Grande utilizando uma quantidade menor de automóveis para ir e vir do trabalho, estudos ou lazer é um exercício difícil hoje, Dia Mundial sem Carro, porque a estrutura da cidade para privilegiar o transporte de massa, os deslocamentos de bicicleta e a pé ainda necessita de grandes transformações. A cidade possui 156 mil veículos registrados, apenas 5,7 quilômetros de ciclovias e 3 km de faixa exclusiva para ônibus.
A prioridade para o ciclista e o pedestre é um dos principais avanços para o trânsito da cidade determinado no recém-aprovado Plano Municipal de Mobilidade Urbana, mas no cotidiano isso está longe de se tornar realidade. Em 2014, a STTP registrou 386 atropelamentos e o Hospital de Emergência e Trauma atendeu, de janeiro agosto desse ano, 435 vítimas de acidentes com bicicletas.
Segundo levantamento realizado em setembro de 2014, pela arquiteta Aida Pontes, para a elaboração do Plano de Mobilidade Urbana, 53% dos 8.400 ciclistas entrevistados tem como principal reclamação a falta de respeito no trânsito de motoristas e motociclistas.
A pesquisa também mostrou aspectos positivos na utilização da bicicleta para o deslocamento na zona urbana: 34% dos entrevistados disseram que a dificuldade econômica é o principal motivo para o uso, mas 30% apontaram como motivo o lazer, 17% a insatisfação com o sistema de coletivos, 16% pela satisfação com o meio de transporte e 14% pela rapidez do deslocamento.
A coordenadora do trabalho de elaboração do plano, Valéria Barros, explica que várias propostas foram elaboradas para serem implantadas na atual e nas próximas gestões. Para melhorar a circulação de pedestres no Centro, área de maior concentração de pessoas na cidade, estão o alargamento das calçadas em vários pontos, como nas ruas Marquês do Herval, em frente ao Shopping Popular Edson Diniz e em frente ao prédio da Empresa de Correios e Telegráfos e a retirada de estacionamentos nas ruas Barão Abiaí, Afonso Campos e Peregrino de Carvalho.
Valéria também cita o fechamento do canteiro central da avenida Floriano Peixoto, em frente à rua Maciel Pinheiro, como medida para reduzir o tráfego de passagem no local, aquele em que os motoristas utilizam a via para se deslocar a outros bairros e não para o Centro, permitindo ao pedestre atravessar a rua com mais facilidade.
Para estimular a população a utilizar o transporte coletivo e deixar o carro em casa, a engenheira da Superintendência de Trânsito e Transportes Públicos (STTP) aponta que o caminho é melhoria da eficiência do sistema de ônibus, com a implantação da faixa exclusiva nas principais vias de escoamento da cidade, como Floriano Peixoto, Almirante Barroso, Vigário Calixto e Elpídio de Almeida.
Para aumentar o uso de bicicletas, o Plano de Mobilidade Urbana inclui a instalação de ciclovias e ciclofaixas em algumas das principais da cidade, que em breve serão transformadas em binários, como a avenida Assis Chateaubriand, no bairro de Liberdade, Vigário Calixto e Elpídio de Almeida, no Catolé.
Ontem de manhã, a STTP em parceria com escolas municipais, realizou uma atividade educativa direcionada para pedestres e motociclistas. Vários estudantes se posicionaram nos principais cruzamentos do Centro e com panfletos, apitos e faixas chamaram a atenção motoristas e da população para a utilização da faixa de pedestres. “Em sempre utilizo. Na minha idade, como ando devagar, é fundamental usar a faixa e a iniciativa é sempre louvável”, garantiu a aposentada Socorro Duarte, 70.
Saiba mais
O Dia Mundial Sem Carro é um movimento que começou em algumas cidades da Europa nos últimos anos do século 20, e desde então vem se espalhando pelo mundo, ganhando a cada edição mais adesões. Trata-se de um manifesto/reflexão sobre os gigantescos problemas causados pelo uso intenso de automóveis como forma de deslocamento, sobretudo nos grandes centros urbanos, e um convite ao uso de meios de transporte sustentáveis - entre os quais se destaca a bicicleta.
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