ECONOMIA
Inflação fecha em 5,91% no ano
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,92% em dezembro, a maior desde 2002.
Publicado em 11/01/2014 às 6:00 | Atualizado em 20/06/2023 às 11:41
Puxado pelo custo com gasolina, passagens aéreas e alimentação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,92% em dezembro, a maior desde 2002. No acumulado de 2013, a taxa, que baliza as metas de inflação do governo, fechou em 5,91%, superando as projeções mais pessimistas do mercado financeiro. O resultado jogou por terra as previsões do Ministério da Fazenda e do Banco Central (BC) de contabilizar em 2013 uma inflação inferior à de 2012, de 5,84%.
Embora abaixo do teto da meta do governo, o IPCA, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou para uma inflação mensal nos patamares de 2002 e 2003, quando o temor de investidores em relação às eleições presidenciais fez o dólar atingir $ 4,00.
O governo minimizou o dado, enquanto diversos economistas alertaram para a gravidade do problema da inflação, projetando um quadro ainda de alta neste ano. "Não há nenhuma perspectiva futura de descontrole da inflação", disse o secretário-executivo e ministro em exercício da Fazenda, Dyogo Oliveira, destacando que o governo já esperava que o IPCA de dezembro tivesse um índice "um pouco mais alto", por causa da gasolina e das passagens de avião.
Por outro lado, a economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria Integrada, classificou o resultado como "desastroso", levando em conta o esforço com desonerações e com o controle dos preços administrados, como o da energia elétrica. "É muito ruim, em um ano no qual o governo fez de tudo e tomou medidas que custaram caro", disse.
Analistas preveem inflação pressionada para este ano porque consideram inviável a continuidade do controle sobre preços administrados e desconfiam da disposição do BC em elevar a Selic - taxa básica de juros, hoje em 10,0%.
Muitos economistas seguiram prevendo que o ritmo de alta cairá para 0,25 ponto porcentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da próxima semana, embora defendam a manutenção das elevações de 0,50 ponto, dose adotada a partir de maio passado.
"As próprias projeções do BC não mostram uma desaceleração da inflação significativa até 2015. Não tem porque diminuir o ritmo de elevação nesse momento", disse a economista-chefe da gestora ARX Investimentos, Solange Srour, que, no entanto, projeta alta de 0,25 ponto semana que vem.
A coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, chamou atenção para o grupo Alimentação e Bebidas, com aceleração e impacto importante em dezembro (avançou 0,89%, ante 0,56% em novembro), seguindo uma tendência verificada ao longo de todo o ano passado, quando foi o grande vilão, com alta de 8,48%.
Isoladamente, os itens de maior impacto no IPCA anual foram refeição fora de casa, aluguel residencial e empregado doméstico, informou há pouco o IBGE. "A refeição em restaurantes agrega o aumento dos alimentos", afirmou Eulina.
REFEIÇÃO FORA DE CASA
Segundo ela, há também um efeito de demanda crescente. No acumulado de dez anos, os preços da alimentação fora de casa subiram 133,71%, enquanto a comida no domicílio ficou 78,70% mais cara.
Isso se reflete na inflação de serviços, que segue pressionada há anos. Em 2013, fechou em 8,75%, ante 8,74% em 2012. Só em dezembro, foi de 1,16%, contra 0,65% em novembro. Entram nessa conta os preços de alimentação fora, aluguel, passagens aéreas e cabeleireiro.
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