ECONOMIA
JP tem menor déficit do NE
Estudo do Ipea mostra João Pessoa com menor déficit habitacional entre as regiões metropolitanas das capitais do Nordeste.
Publicado em 23/05/2013 às 6:00 | Atualizado em 13/04/2023 às 17:08
As regiões metropolitanas de João Pessoa e Campina Grande, que possuem os dois maiores mercados imobiliários da Paraíba, têm números bem distintos quando se trata de déficit habitacional, o que pode apontar novas oportunidades de negócios para as construtoras e ajustes nas projeções de oferta.
A Região Metropolitana (RM) de João Pessoa convive com um déficit habitacional de 20,9 mil domicílios, segundo a estimativa da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea-2010), enquanto Região Metropolitana de Campina Grande tem mais que o dobro do déficit da capital (45,9 mil).
O estudo do Ipea, que se baseia nos dados do Censo de 2010, mostra que o mercado de João Pessoa tem a menor taxa de déficit habitacional entre as regiões metropolitanas das capitais do Nordeste. Do total de 213,6 mil residências da região da capital paraibana, o déficit é de apenas 9,8% (veja ranking).
Segundo o levantamento, até a RM de Campina Grande (com déficit de 45,9 mil domicílios do total de 350,6 mil residências) chegou a ter uma taxa maior 13,1% que a capital paraibana e, mais que o dobro no número absoluto do déficit da Grande João Pessoa.
Na opinião do presidente do Sindicato da Indústria de Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon-PB), Fábio Sinval, o déficit existe nas duas cidades, mas o número pode ser bem mais alto do que o apresentado pelo Ipea.“Se o déficit habitacional da Grande João Pessoa corresponde a 20,9 mil residências realmente, estamos mais perto de resolver o problema do que imaginávamos – com o 'Minha Casa, Minha Vida' agregado ao esforço da construção civil. Mas a estimativa me surpreende, uma vez que a gente observa uma quantidade grande de casas em situação de inabitabilidade nas periferias”, afirmou.
No caso da RM pessoense, 3,1 mil domicílios foram considerados 'precários', embora a situação de 'coabitação' tenha sido mais relevante chegando a 10,2 mil residências. Além disso, 6,4 mil unidades estiveram caracterizadas como 'excedente de aluguel' e as demais 1,9 mil se encaixaram na categoria de adensamento excessivo. Já em Campina Grande, o estudo identificou ainda 9,8 mil domicílios precários, 20,5 mil em situação de coabitação, 14 mil com 'excedente de aluguel' e 3,4 mil em adensamento excessivo. Nos últimos anos, enquanto João Pessoa desacelerou as vendas do setor, a Rainha da Borborema elevou seus números.
Contudo, o presidente do Sinduscon-CG, Lamir Motta, que também desconfia dos números da pesquisa, diz que a capital paraibana tem um mercado quatro vezes maior que o de Campina Grande e nível mais pujante em lançamentos. “João Pessoa tem lançamentos em quase todos os bairros e atrai compradores do interior, de outras capitais e até estrangeiros.
Acredito que houve muita sede ao pote e o número de lançamentos foi intenso, o que provoca acomodação e não desaceleração. Já o mercado de Campina Grande cresceu mais moderado com taxas de lançamentos mais ajustadas com a demanda e não tem sobressaltos de oferta", que projeta mercado aquecido até 2022”.
CARÊNCIA MAIOR É DE ATÉ 3 SALÁRIOS
Segundo o estudo do Ipea, a falta de moradia afeta principalmente as famílias com até três salários mínimos - perfil do Minha Casa, Minha Vida. Por conta deste fator e com um déficit habitacional por combater, o diretor comercial regional da MRV Engenharia, Yuri Chain, explicou que várias construtoras migraram, nos últimos dois anos, para o segmento de 'imóveis econômicos' (populares).
No entanto, Yuri acredita que, por falta de domínio da técnica e de rigidez econômica, muitas delas enfrentaram dificuldades de se manter no mercado e retornaram aos segmentos mais sofisticados. “Com inflação, custos altos, dificuldade de mão de obra, investir em imóveis econômicos não é uma tarefa fácil.
Embora exista uma demanda reprimida, o crédito esteja facilitado, não vemos tantas empresas na concorrência por este segmento, como víamos há dois ou três anos”, contou. A MRV está em João Pessoa desde 2011 e entrou com lançamento no mercado de Campina Grande.
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