Na Paraíba, 325 crianças e adolescentes estão acolhidos e 63 estão disponíveis para adoção, segundo dados do mês de abril do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA). O perfil de acolhidos no estado é em sua maioria jovens pardos entre 15 e 18 anos. Nesta quarta-feira (25) é celebrado o Dia Nacional da Adoção.
Existem mais pessoas aptas a adotar do que jovens disponíveis no sistema nacional de adoção. Atualmente o número total de adotantes no Brasil é de 33.026 pessoas, oito vezes mais do que o número de crianças e adolescentes. Essa grande fila de espera é resultado do perfil desejado pelos adotantes não se encaixar com a realidade do cadastro. O casal de paraibanos Andreza e Fábio Paiva ficaram pouco tempo nessa espera.
Após 13 anos de casados e alguns tratamentos na tentativa de engravidar, ao descartarem a ideia de processos como fertilização in vitro, Andreza e Fábio passaram a considerar a possibilidade de adotar. Em 2020, durante serviços pastorais, ajudando pessoas em situação de rua, conheceram um grupo de irmãos que ficaram órfãos. “Em março (2020) com o aval do meu esposo fui até a 1º Vara da Infância de João Pessoa para tomar informações do que seria necessário para adotar, no entanto com a pandemia tudo ficou paralisado”, conta Andreza.
O casal conseguiu ingressar com o processo de habilitação para o SNA em outubro de 2020 e em janeiro de 2021 foram convocados para o Curso Preparatório para os pretendentes à adoção. Em maio do mesmo ano, fizeram a entrevista com a equipe multiprofissional da 1ª Vara da Infância e Juventude de João Pessoa e definiram o perfil pretendido das crianças.
Os momentos mais marcantes para a funcionária pública e para o policial militar, foram quando receberam a ligação informando sobre as crianças, quando viram as filhas pela primeira vez e a chegada ao lar. “No dia 20 de agosto de 2021 recebemos um e-mail e contato telefônico de uma vara do interior de Alagoas para sermos pais de três irmãs. Maria Rafaela nasceu para nós aos 10 anos, Maria Raíssa aos 7 anos e Rayane Sofia aos 4 anos. Quando recebemos a ligação foi como se fosse nosso exame de positivo”, explica Andreza.
Fábio e Andreza viajaram cerca de 6 horas para conhecerem as filhas pessoalmente e passaram o dia com elas no abrigo. “Foi um misto de emoções, felicidade e ansiedade. Nossa caçulinha passou todo tempo praticamente no nosso colo e as duas maiores foram se chegando aos poucos”, relata.
Antes de conseguirem a guarda provisória das meninas, a família passou por um período de adaptação e os pais deram início a preparação do quarto das meninas “Escolhemos a cor rosa e um papel de parede, luminária e cortinas com o tema dos pássaros. Os móveis do quarto com o tema casa de boneca também na cor rosa. Colocamos algumas fotos tiradas com elas em porta-retratos na sala e no quarto”.
Em outubro de 2021, foram buscar as filhas e durante o caminho, prepararam uma mensagem para familiares e amigos anunciando a todos a novidade. “Graças a Deus recebemos muitas mensagens de apoio ao nosso projeto de família”, destaca Andreza. Ainda no carro voltando para casa, as duas maiores já chamavam de pai e mãe, a pequena levou três meses. Na recepção das crianças estavam apenas a avó e o tio paterno, mas aproveitaram os aniversários para apresentar as meninas aos familiares e amigos.
A família iniciou o período de convivência a sete meses. Durante os primeiros 6 meses, Andreza conseguiu afastamento do trabalho pela licença adotante para ficar com as filhas em tempo integral, o que a ajudou nesse primeiro momento em que estão se conhecendo “Começamos a impor rotinas e limites, gerando descontentamentos, birras e os testes. É preciso muito amor e paciência para vencer os desafios diários. Este momento tem sido o mais importante para a criação de vínculos, os laços de amor que irão nutrir nossa família.”
A família participa do Grupo de Estudos e Apoio a Adoção de João Pessoa (GEAD-JP), na qual as famílias que pretendem e que já adotaram partilham suas experiências. Hoje a família Paiva espera pela concretização da adoção.
Processo de adoção
Qualquer pessoa maior de 18 anos com boa saúde física e mental, sem antecedentes criminais pode adotar desde que tenha uma diferença de 16 anos entre o pretendente e o adolescente ou criança adotado. A adoção pode ser singular ou conjunta e os documentos necessários para entrada no processo são: RG, CPF, comprovante de residência e certificado de antecedentes criminais.
Pretendentes a adoção precisam obrigatoriamente passar por um curso preparatório psicossocial e jurídico ministrado pela Vara da Infância e Juventude. Normalmente, nesses cursos, o juiz convida o Ministério Público, a Defensoria Pública, psicólogos, assistentes sociais, pedagogos, alguém que já adotou e um adolescente que foi adotado para contarem suas experiências.
A lei vigente, não permite a adoção ‘intuitu personae’, em que a mãe entrega o filho diretamente aos adotantes. A única exceção é para adoção em família, quando uma tia adota um sobrinho, por exemplo. Outra possibilidade é a adoção unilateral, quando o atual esposo ou esposa adota o filho de um relacionamento anterior do cônjuge. Nestes casos não será necessário aguardar o andamento da fila do SNA.
Os processos, em geral, tem um prazo de 120 dias para início e conclusão. Segundo Adhailton Lacet, juiz titular da 1ª Vara da Infância e Juventude da Comarca de João Pessoa, na adoção voluntária, quando a mãe entrega o filho voluntariamente, ela é destituída do poder familiar no próprio processo. São ouvidas as testemunhas e pretendentes, e na mesma audiência já é lavrada a sentença. Quando há contestação, por parte dos pais ou mães destituídos, o juiz vai avaliar e marcar uma audiência de instrução e julgamento, onde são apresentadas todas as provas, e por fim é dada a sentença.
“É extraído um mandado de averbação para o cartório de registro civil, onde serão alterados todos os dados da criança ou adolescente adotado, como sobrenome, nome dos pais e dos avós. Não fica nenhuma informação que identifique algo anterior à adoção, apenas no processo.”
A adoção é uma medida irrevogável, ou seja, é um vínculo permanente. Ao adotar crianças e adolescentes é importante levar em consideração as coisas antes vivenciadas por eles e criar um ambiente acolhedor, em que possam se desenvolver de forma segura.
Parabéns, linda história. Tema importantíssimo.
Sem palavras para definir esse momento matéria excelente
verdadeira e muito sensível estou Orgulhosa e muito grata a Deus por você parabens👸
Parabéns Gabi, matéria muito importante. Me lembrei de um casal Pernambuco que adotou um casal de filhos negros que também foi um linda história.
Sem palavras para definir esse momento matéria excelente
verdadeira e muito sensível estou Orgulhosa e muito grata a Deus por você parabens👸
Bela história!
Bela jovem profissional.
Parabéns.
Conheço bem de perto esse casal, onde os quais vivem numa linda caminhada com Cristo. A dádiva de serem pais adotivos de três crianças, não nos resta dúvida de que tem a mão de Deus nessa linda história a ser vivida.
Essa história me faz recordar de nunca desisti dos nossos sonhos e foi assim com esse casal de amigos. Desejo muito amor, paz saúde e companheirismo a essa linda família, Deus abençoe grandemente sua família
Parabéns, bela reportagem
Eu só adotaria gêmeos sem mãe
Parabéns filhota, você tem um grande futuro pela frente. ✌️✌️✌️