Trabalhar como cuidador de idoso está em alta entre os paraibanos

População com mais de 65 anos está crescendo nos últimos anos e faltam profissionais nessa área. Capacitação é uma alternativa.

O cenário para a atuação dos cuidadores de idosos na Paraíba pode ser considerado, no mínimo, promissor. O crescimento da população nesta faixa etária no Estado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2000 e 2010, foi de mais de 100 mil pessoas, e o último Censo indica que eles são 451.385, enquanto a quantidade de profissionais é reduzida e os cursos de formação e capacitação ainda são escassos. Mas se as perspectivas profissionais são grandes, os desafios para os cuidadores de idosos estão na mesma proporção.

Dois exemplos dessa realidade são o ex-professor de história Rossinaldo Ataíde, 46 anos, e a ex-professora de educação infantil Josefa Maria Sales, 52 anos. Ele participou de um curso de formação de idosos do Programa Interdisciplinar de Apoio à Terceira Idade (Piati) da UFCG e ela de um curso na Fundação Pedro Américo e hoje atuam no mercado de trabalho de Campina Grande.

Rossinaldo revela que depois de vários anos atuando como professor de História em escolas de ensino fundamental e médio resolveu mudar de profissão e está conseguindo uma remuneração que chega ao triplo da que recebia como professor. “Mudei em busca de uma melhor rentabilidade e de reconhecimento profissional”, garante.

Josefa Maria decidiu trabalhar na área como uma consequência do que já desenvolvia na sala de aula com crianças. “São duas áreas próximas porque tem de gostar de trabalhar para se obter satisfação. Hoje me sinto gratificada”, garante. Ela e outros nove profissionais criaram uma Associação de Cuidadores em Campina Grande, na tentativa estimular a formação de novos profissionais e organizar o mercado de trabalho.

Mas se os cuidadores de idosos encontram na profissão satisfação, ao mesmo tempo eles relatam que os desafios são na mesma proporção. Josefa Maria revela que um dos grandes entraves no mercado de trabalho é que muitos daqueles que buscam contratar um profissional ainda querem um empregado doméstico “que além de cuidar do seu familiar também cozinhe e faça outras tarefas dentro da casa”.

Rossinaldo Ataíde garante que uma das maiores dificuldades do mercado para o cuidador são as pessoas não possuem identificação com a profissão, mas continua atuando apenas em busca de remuneração “Tem de ter identificação, muita paciência", ressaltou.

Saiba mais
A formação e a profissão de cuidador de idosos ainda não são regulamentadas, mas o Ministério da Saúde reconhece a ocupação, com base na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) sob o código 5162 e, em 2014, publicou a Guia Prático do Cuidador. Atualmente, a Câmara dos Deputados analisa o Projeto de Lei 4702/12, do Senado, para regulamentar a profissão de cuidador de idoso.

Segundo o Ministério da Educação, o curso atualmente é oferecido tanto como formação inicial continuada como também no Pronatec. A UFCG, o IFPB e a Fundação Pedro Américo, vinculada à Facisa, já realizaram cursos e formações de cuidadores de idosos com cargas horárias que variaram entre 60 e 380 horas.

Tarefas do cuidador
– Atuar como elo entre a pessoa cuidada, a família e a equipe saúde;
– Escutar, estar atento e ser solidário com a pessoa cuidada;
– Ajudar nos cuidados de higiene;
– Estimular e ajudar na alimentação;
– Ajudar na locomoção e atividades físicas, tais como: andar, tomar sol e exercícios físicos;
– Estimular atividades de lazer e ocupacionais;
– Realizar mudanças de posição na cama e na cadeira, e massagens de conforto;
– Administrar as medicações, conforme a prescrição e orientação da equipe de saúde;
– Comunicar à equipe de saúde sobre mudanças no estado de saúde da pessoa cuidada;
– Outras situações que se fizerem necessárias para a melhoria da qualidade de vida e recuperação da saúde dessa pessoa.

Fonte: Guia do Cuidador – Ministério da Saúde