COTIDIANO
Baile funk no interior de SP financiava quadrilha
Bailes funk realizados nas periferias do Rio de Janeiro (RJ) estão sob vigilância policial. Segundo o Ministério Público, há indícios que os eventos financiava gangue do narcotráfico.
Publicado em 06/04/2009 às 8:07
Do G1
Com informações do Fantástico
Gravações ajudaram a Justiça paulista a prender e a condenar na semana que passou integrantes de uma facção criminosa que age a partir dos presídios.
Usando interceptações telefônicas com autorização judicial, polícia e Ministério Público descobriram que um baile funk, realizado em uma chácara na periferia de São José do Rio Preto, a 438 km de São Paulo, em março do ano passado, foi planejado por um preso para arrecadar dinheiro e financiar ações criminosas.
E na quinta-feira passada (2), as quadrilhas dos presídios paulistas sofreram outro golpe: 22 pessoas foram presas e acusadas de chefiar o tráfico de drogas na região de Taubaté, a 140 km de São Paulo.
No baile pancadão de São José de Rio Preto, uma das músicas da trilha sonora tinha a seguinte letra: ‘Ação criminosa coletiva revolucionária. Na desonra, o fuzil canta e estraçalha’. Na maioria das músicas o mesmo tema: os crimes das quadrilhas que agem dentro e fora dos presídios paulistas.
No baile funk, o público de cerca de 250 pessoas tinha acesso fácil à bebida alcoólica e drogas, como crack, cocaína e maconha. O preço da entrada era de apenas R$ 20.
“Nós constatamos, infelizmente, uma presença muito grande menores. Também foram encontrados detentos do Instituto Penal Agrícola no regime semiaberto que saíram em saída temporária e estavam lá também para enaltecer o vento no caso”, disse o promotor João Santa Terra.
Fazendo apologia à violência, a festa dos bandidos acabou. No dia marcado, 21 de março do ano passado, a polícia invadiu o sítio, que tinha sido alugado pelos criminosos. “Semanas antes da nossa operação, houve outro baile no mesmo local, com drogas e álcool excessivo”, disse o promotor.
Para anunciar a nova noite do pancadão, cartazes foram espalhados pela cidade. No cartaz, constava o nome do idealizador do baile funk, conhecido como ‘Perturbado’. O detalhe é que ele mesmo não poderia participar, já que está preso na cadeia de Mirandópolis, a 607 km de São Paulo, onde cumpria pena por roubo.
Uma das músicas tocadas na noite do pancadão deixa evidente que o baile foi organizado para arrecadar dinheiro para a facção criminosa. “A missão de quem está fora é ajudar quem está lá dentro”, diz a letra.
“Uma coisa é certa: eles falam, o dinheiro é da família, é do partido. Ou seja, a denominação da facção criminosa”, afirmou Santa Terra. Esta semana a Justiça condenou o preso e, em uma decisão inédita, a mãe dele, a ex-namorada e mais duas pessoas que ajudaram a organizar o baile, do lado de fora da cadeia. As penas vão de dois a 14 anos de prisão.
“Eles começaram a vender convites. Qualquer pessoa que colabora com uma quadrilha, ela deve ser responsabilizada também porque a destinação é ilícita”, afirmou o promotor.
Rifas
E na quinta-feira, 22 duas pessoas foram presas, acusadas de chefiar o tráfico de drogas na região de Taubaté. “Cada um tinha o seu papel nessas facções criminosas. Um atuava na parte financeira. Foi muito importante essa ação nossa”, disse o delegado Roberto Martins.
Nesse caso, escutas telefônicas autorizadas pela Justiça mostraram que, além da venda de cocaína, os criminosos arrecadavam dinheiro também de uma forma inusitada: com rifas. Em uma das conversas, um criminoso fala, de dentro da cadeia, qual será o prêmio.
- Vale uma televisão de 14 polegadas.
- Da hora, irmão, entendeu?
- É dez real (sic) o nome, né, velhinho?
- É dez real (sic).
Anotações mostram a movimentação financeira dos criminosos. Em um dos cadernos, a polícia descobriu que, entre os prêmios das rifas, havia até cinco carros.
Para o Ministério Público, a condenação dos organizadores do baile funk na região de São José do Rio Preto é um aviso da Justiça. Ajudar bandido a conseguir dinheiro é uma atitude que não pode ser tolerada.
“Essa sentença pode servir de exemplo para outros magistrados também terem a mesma postura na tarefa árdua que é combater o crime organizado. Qualquer pessoa que colabora com uma quadrilha, ela deve ser responsabilizada também”, finalizou o promotor Santa Terra.
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