COTIDIANO
CRM diz que casos são raros
Apesar dos relatos, o Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) não recebeu nenhuma reclamação sobre uso inadequado de medicamento.
Publicado em 12/08/2012 às 8:00 | Atualizado em 26/08/2021 às 23:29
Apesar dos relatos, o Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) não recebeu nenhuma reclamação sobre uso inadequado de medicamentos por orientação médica este ano.
Conforme o corregedor José Mário Espínola, apenas uma queixa foi formalizada reclamando da letra ilegível do médico, porém a denúncia foi arquivada, por ter sido considerada infundada.
“Na verdade se fala muito pouco de erros por falha de tratamento com medicamentos. O percentual de erros nos anos anteriores foi tão baixo que não tenho nem como estimar”, afirma o corregedor, sem revelar qual percentual. Na avaliação de Espínola, a população paraibana já é bastante consciente, portanto diz não acreditar na subnotificação dos casos. “Em boa parte dos consultórios há impressora, quando não há, o médico escreve de forma legível”, destaca. (A foto abaixo mostra o contrário).
Para o corregedor, se há falha na administração do medicamento “é mais provável que o problema tenha sido por falta de habilidade do balconista da farmácia que por letra ilegível do médico”.
No ano passado, o CRM-PB recebeu 52 denúncias, as quais foram transformadas em sindicância. “Muitas denúncias não procedem e são arquivadas”, comenta. Segundo o corregedor, muitos dos registros são decorrentes da dificuldade de comunicação entre médicos e pacientes.
A presidente do Conselho Regional de Farmácia da Paraíba (CRF-PB), Cila Gadelha, rebate o CRM. “A falta de compreensão das receitas médicas ainda é um problema recorrente na Paraíba, apesar da existência da lei estadual. A orientação que passamos para as farmácias é que, se houver dúvida sobre qual medicamento foi prescrito, não deve haver dispensação para não colocar em risco a vida do paciente”, explica.
Segundo ela, quando a letra do médico está ilegível, o atendente (seja o balconista ou farmacêutico) tenta ligar para o consultório, para o profissional que prescreveu, ou fala com o próprio paciente, nos casos em que ele já toma o mesmo remédio há algum tempo. “Acontece que muitas vezes nem o próprio paciente sabe, então não podemos dispensar um remédio sem ter a certeza. Os danos que isso pode causar são muito sérios”, comenta Cila.
As reclamações são mais frequentes quando a receita foi prescrita no serviço público de saúde, como Unidades de Saúde da Família (USFs) ou pronto-socorro. “O Conselho recebe muitas reclamações sobre esse problema, principalmente quando a receita é proveniente do Sistema Único de Saúde (SUS). Em relação às clínicas particulares quase não temos mais queixas, pois na maioria há estrutura básica de computador e impressora”, destaca. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) não enviou resposta sobre as reclamações referentes aos USFs.
A diretora do Centro Especializado de Dispensação de Medicamentos Excepcionais (Cedmex), Giucélia Ribera, também admite que diariamente chegam muitos pacientes com receitas ilegíveis, o que impede a entrega do remédio. “Quando isso acontece, a assistência farmacêutica orienta o paciente a retornar ao consultório médico e pedir uma nova receita, pois não podemos dispensar quando há dúvidas sobre qual medicamento foi prescrito”, afirma. “Nosso apelo é que os médicos cumpram a lei para facilitar o processo”, acrescenta.
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