COTIDIANO
Demolição da Igreja Renascer deve começar na tarde desta sexta
Trabalho na Zona Sul de SP deve ser manual, com auxílio de guindaste. No domingo (18), teto do templo caiu, matou 9 pessoas e feriu mais de cem.
Publicado em 23/01/2009 às 8:33
Do G1
A previsão é que comece na tarde desta sexta-feira a demolição da sede da Igreja Renascer em Cristo, no Cambuci, na Zona Sul de São Paulo. O desabamento do teto do templo, no último domingo (18), matou nove pessoas e deixou mais de cem feridos. A demolição é considerada necessária porque as paredes ameaçam cair e atingir casas vizinhas. Nove imóveis estão interditados.
Somente após a demolição é que a perícia do Instituto de Criminalística (IC), da Polícia Técnico Científica, vai retomar os trabalhos no local para apurar as causas do acidente. Sobrepeso na estrutura e falta de manutenção são hipóteses investigadas.
De acordo com a assessoria de imprensa da Subprefeitura da Sé, o documento com o pedido de autorização para a demolição chegou por volta das 17h desta quinta.
Equipes de uma empresa contratada pela Renascer colocarão um guindaste no estacionamento para içar um homem para demolir aos poucos o muro. Procurada pelo G1, a Demolidora Diez, que foi contratada pela Renascer para o trabalho, disse que não falaria sobre a demolição e que as informações seriam dadas pela igreja ou pelo Ministério Público Estadual.
"Não temos uma previsão de quando [as obras] acabarão", afirmou recentemente a promotora de Habitação e Urbanismo Mabel Tucunduva, que acompanha o caso, acrescentando que algumas edículas de casas vizinhas ao templo correm risco de ruir. "A grande preocupação é dos vizinhos voltem de uma forma segura e que o bairro não seja afetado pela demolição", disse.
Questionada a respeito do amianto, material presente no telhado que caiu e que é prejudicial à saúde, ela ressaltou que as autoridades ambientais poderão intervir na demolição. "Temos autoridades preocupadas com isso [o amianto]. Se apresentar algum risco, isso será valorizado."
Demolição manual - A previsão é que, devido aos riscos de desabamento que ainda existem, será preciso que os trabalhos de demolição sejam manuais.
A parede lateral da igreja deve ser a primeira a ser demolida. De cima de uma loja ao lado do templo, é possível ver que parte dela está praticamente suspensa no ar. Quase todo o reboco caiu, e muitos tijolos estão soltos. Três casas foram atingidas apenas neste local, ficando com o com telhado, móveis e eletrodomésticos danificados.
O trabalho vai ser delicado. A parede lateral terá que ser derrubada com muito cuidado, tijolo por tijolo, para não atingir as casas vizinhas. Um operário deve trabalhar dentro de uma espécie de gaiola, suspensa por um guindaste.
Os detalhes estão no plano de demolição apresentado na quarta-feira (21) ao Ministério Público. Técnicos da empresa especializada em demolição contratada pela Renascer estiveram mais uma vez no local na manha desta quinta-feira (22). Eles fizeram medições na parte externa e nas casas próximas ao local. Os moradores dos nove imóveis vizinhos interditados só podem entrar e sair acompanhados de técnicos da Defesa Civil.
Reforma - Há dez anos, o telhado do prédio havia passado por uma reforma. Naquela época, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) aprovou a alteração e, ao mesmo tempo, emitiu um laudo de manutenção do teto. Conforme a promotora, isso é um ponto a ser investigado. "Queremos saber se essa manutenção foi feita ou não."
De início, Mabel afirmou que a fiscalização da estrutura dos prédios da Renascer deverá ser ampliada. Isso se deve ao fato de que muitos desses edifícios não são adaptados para funcionar como templo -ou seja, foram construídos inicialmente para outros propósitos. A igreja no Cambuci, por exemplo, era um cinema na década de 1950.
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