COTIDIANO
Ditadura síria matou mais de 200 crianças
Dados estão em relatório entregue pela Comissão Internacional Independente de Investigação da Organização das Nações Unidas (ONU.
Publicado em 29/11/2011 às 8:00
O relatório entregue ontem pela Comissão Internacional Independente de Investigação da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a Síria confirma que o Exército e forças de segurança do país cometeram crimes contra a humanidade em repressão a "protestos pacíficos, compostos amplamente por civis". A comissão alerta que a situação se agrava a cada dia no país, exigindo que a comunidade internacional "implemente imediatamente medidas de emergência" para parar a violência.
Segundo o relatório, sob o consentimento do regime sírio, Exército e forças de segurança cometeram crimes como "execuções sumárias, prisões arbitrárias, desaparecimentos forçados, tortura, violência sexual e violações dos direitos das crianças". Pelo menos 256 crianças teriam morrido nas mãos da ditadura síria desde o início dos protestos, em março. O número total de mortos apresentado pelo texto é o de 3.500, já divulgado anteriormente pela ONU, mas o relatório afirma que mais de três milhões de pessoas já foram diretamente afetadas pelos confrontos.
Por mais de dois meses, a comissão, presidida pelo professor brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, tentou entrar na Síria, sem sucesso. O relatório foi feito então com base em depoimentos de 223 vítimas e testemunhas de violações de direitos humanos, entre civis e desertores das forças militares e de segurança.
A missão também se encontrou com representantes de governos e organizações regionais, inclusive a Liga Árabe e a Organização de Cooperação Islâmica, organizações não governamentais, jornalistas e especialistas. "O próprio governo da Síria se privou da inclusão de uma narrativa de primeira mão por parte de membros do governo", disse Pinheiro. Ele, no entanto, assegurou que os relatos "dão uma visão completa das violações contra os direitos humanos na Síria".
RECOMENDAÇÕES
O relatório exorta o governo sírio a cessar imediatamente a violação de direitos humanos, libertar os presos detidos arbitrariamente, iniciar investigações independentes e imparciais e levar os responsáveis à Justiça. Pede ainda aceso ao país de observadores e membros do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, e de jornalistas. Aos grupos de oposição, a orientação é apenas para que ajam "de acordo com as leis de direitos humanos".
A comissão recomenda à ONU estabelecer uma "presença em campo" na Síria, e às organizações regionais, como a Liga Árabe, pede esforços para ajudar a acabar com a violência, como a suspensão imediata de fornecimento de armas ao país.
TORTURAS
Segundo o texto, o grupo que compõe a missão está ciente de "atos de violência praticados por alguns manifestantes", mas destaca que a maioria dos civis foi morta em manifestações pacíficas. "Relatos colhidos pela comissão, incluindo os de desertores, indicou que os manifestantes estavam, em grande maioria, desarmados e determinados a reivindicar seus direitos", aponta o relatório.
A comissão disse não ter conseguido verificar a intensidade do combate entre forças armadas sírias e outros grupos armados.
Nas prisões sírias, testemunhas relataram o uso de eletrochoques, abuso sexual, e outras formas de tortura contra manifestantes. Crianças também teriam sido torturadas, como o caso de dois garotos, de 14 e 13 anos, da cidade de Sayda (na província de Dar'a), que foram levados para uma instalação da Força Aérea em Damasco, torturados e mortos.
Comentários