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VIDA URBANA

Acusados estudaram a melhor rota para fuga

Duas horas antes do crime, o grupo passou de carro quatro vezes pela rua da casa de festas, onde o casal foi executado a tiros.

Publicado em 18/06/2014 às 6:00 | Atualizado em 30/01/2024 às 14:44

Dois dias antes do crime, Gilmar, Maria Gorete e o executor Samuel foram até a rua da casa de recepções no bairro do Catolé e estudaram o local e a melhor rota de fuga, segundo a polícia. No dia 29 de março, duas horas antes do crime, os três passaram quatro vezes pela rua em um Celta preto. Em seguida Gilmar e Maria Gorete foram a uma lanchonete fazer um lanche e deixaram Samuel em um terreno baldio na rua Manoel Alves de Oliveira, que ficou esperando o casal sair.

Era 21h31 da noite do sábado 29 de março de 2014 e o casal Washington Luís Alves de Menezes e a companheira dele, a contadora Lúcia Sant'Aana estavam na festa de casamento de Nelsivan Marques e Fabiana Queiroz, quando resolveram ir embora do local e mal se despediram dos convidados. Segundo familiares, as vítimas não costumavam passar muito tempo em eventos sociais.

De acordo com a Polícia Civil, após Washington e Lúcia saírem da casa de recepções Casa Bela, na rua Manoel Alves de Oliveira, Franciclécio, que estava dentro da festa, ligou para Gilmar informando que os alvos estavam saindo.

Às 21h33 quando o casal estava caminhando em direção ao carro, um veículo Fusion, de cor branca OFZ-0237, estacionado no canteiro da rua, Samuel saiu de trás de um táxi estacionado ao lado e efetuou cinco disparos descarregando o revólver calibre 38.

Segundo a polícia, Samuel tentou matar primeiro Lúcia, mas no primeiro tiro errou a mulher e acertou o vigilante Lindojhonson Emiliano da Silva, 45 anos, que trabalhava como guardador de carros na rua e foi baleado no ombro. Ele estava indo ao encontro do casal para receber uma gorjeta.

Samuel errou também o segundo tiro, mas no terceiro acertou Lúcia, que estava ao lado da porta do passageiro e foi alvejada na nuca, morrendo na hora. Em seguida, o executor atirou duas vezes em Washington, que foi baleado no peito e morreu após agonizar por alguns minutos. Após o crime, Samuel fugiu correndo pela rua Júlio Ferreira Tavares e se escondeu em um haras próximo ao local, de onde ligou para Gilmar ir lhe buscar.

Alguns convidados saíram do local assustados e ainda tentaram socorrer Washington. Dentro do carro do casal, a Polícia Civil encontrou um revólver calibre 38. Segundo a polícia, a vítima estava andando armada, pois se sentia ameaçada desde que sofreu uma tentativa de homicídio, que também teria sido articulada pelo sócio Nelsivan e o agiota Franciclécio.

A carteira com dinheiro e documentos de Washington não foram encontrados junto ao corpo dele, mas ainda nos primeiros dias de investigação a delegada Tatiana Matos descartou o latrocínio. O vigilante que foi baleado no ombro passou por cirurgia no Hospital de Trauma de Campina Grande e após passar uma semana internado foi liberado e já se recuperou.

FAMÍLIA ALIVIADA

Na manhã de ontem os familiares das vítimas estavam na Central de Polícia, no bairro do Catolé, acompanhando as prisões e chegaram a soltar fogos de artifício, comemorando a elucidação do caso. Lúcia Pereira, irmã da vítima, disse que a família se sente aliviada. “O bom seria ter eles de volta, mas como não é possível, nos confortamos mais em saber que os acusados estão presos e agora serão punidos. Eu já perdoei Nelsivan, mas quero que ele pague”, disse Mirian Sant'Ana Pereira, 51 anos.

Ainda de acordo com a família, o que mais pesou foi saber que o acusado de ser mentor do crime é o empresário Nelsivan Marques do qual Washington Luís era sócio. “Eles sempre foram muito unidos e quando Nelsivan esteve doente e quando esteve em crise financeira, Washington e Lúcia ajudaram”, contou o genro de Lúcia, Harley Araújo.

Ao todo foram 79 dias de investigação entre o duplo homicídio e a prisão dos acusados. Neste período, segundo a delegada Tatiana Matos, foram ouvidas 71 pessoas, entre familiares, amigos, funcionários e suspeitos. Durante as oitivas, depoimentos e interrogatórios feitos com as testemunhas, suspeitos e acusados, Nelsivan Marques foi o único que exigiu o direito de permanecer em silêncio e só falar no tribunal. Os outros acusados assumiram a participação.

A operação foi batizada como 'Iscariotes' em alusão ao discípulo Judas Iscariotes, que traiu Jesus Cristo, ao entregá-lo aos soldados, segundo a Bíblia Sagrada. “Assim como Judas, os mentores sempre mantinham os outros acusados informados, do que as vítimas faziam e para onde iam”, disse a delegada.

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Jornal da Paraíba

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