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VIDA URBANA

Assaltos a ônibus assustam usuários de transporte público

Redução no número de ocorrências não reflete a realidade das vias; muitos dos assaltos praticados nos coletivos não são notificados às autoridades.

Publicado em 09/03/2015 às 8:00 | Atualizado em 19/02/2024 às 17:05

A bibliotecária Canmery Dautro subiu no ônibus da linha 507 - Cabo Banco num domingo, em João Pessoa. O veículo seguia seu itinerário normal até sair do Terminal de Integração do Varadouro, quando quatro homens levantaram-se e anunciaram o assalto.

Armados com gargalos quebrados de garrafa, dois deles dirigiram-se ao motorista e ao cobrador enquanto os outros dois recolhiam os pertences dos passageiros do coletivo. Durante toda a ação, mostravam-se impacientes; um deles se irritou tentando arrancar um colar do pescoço de um dos passageiros. Minutos depois de anunciado o assalto, eles saíram do veículo levando celulares, dinheiro e outros objetos.

“Pensávamos que tinha acabado, mas eles ainda jogaram as garrafas de vidro contra o ônibus”, conta Canmery, que perdeu o celular durante o roubo. “Todos que estavam dentro entraram em pânico. Achávamos que eram tiros”, relata.

Depois que o grupo se dispersou, o motorista do ônibus voltou ao Terminal de Integração, onde pediu ajuda no posto policial do local. “Só tivemos alguma assistência quando chegamos ao terminal”, conta Canmery. “Durante as viagens não temos segurança nenhuma. Ando sempre com medo”, desabafa.

A situação vivida pela bibliotecária retrata a rotina de milhares de pessoenses que utilizam o transporte público diariamente. Segundo a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana do município (Semob-JP), 281.299 pessoas trafegam nos 480 ônibus do sistema municipal todos os dias.

Na última quarta-feira (4) o Núcleo de Análise Criminal e Estatística da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) divulgou os dados referentes à quantidade de assaltos no transporte público de João Pessoa. De acordo com os números, os assaltos a ônibus na cidade caíram 54,1% entre os anos de 2013 e 2014: naquele ano foram verificados 973 assaltos; em 2014, o número de casos caiu para 446. Os dados relativos a janeiro e fevereiro de 2015 devem ser divulgados ainda neste mês.

No entanto, a redução no número de ocorrências não reflete a realidade, muitos dos assaltos praticas nos coletivos não são notificados às autoridades. "É provável que essas subnotificações de fato existam", afirma o delegado Marcos Vilela, da 1ª Superintendência Regional de Polícia Civil. "Muitas pessoas não querem se dar ao trabalho de ir até as delegacias por achar que o objeto roubado não vale o esforço ou que a polícia não vai resolver o caso", explica.

Além disso, os assaltos não são o único problema que a população tem que enfrentar ao utilizar os ônibus da capital. A prática de furtos – roubo realizado sem consciência da vítima e sem violência – vem se tornando cada vez mais comum nos ônibus da cidade e geralmente não entram nas estatísticas oficiais, endossando a quantidade de casos subnotificados – na maioria dos casos, os passageiros só percebem que foram furtados ao descer do veículo. “Certa vez, em um ônibus lotado, eu senti alguém mexer no bolso de minha calça”, conta Canmery. “Como eu já estava próxima da parada, não tive tempo de checar o que era. Foi só quando desci do ônibus que percebi que haviam pego meu celular”, diz a bibliotecária.

Polícia realiza ações preventivas

No assalto sofrido pela estudante Samara Mello, de 19 anos, a polícia não atendeu ao chamado das vítimas. “Eu estava voltando de uma festa, por volta das 23:30, na linha 301 quando dois homens subiram armados com estiletes e facas”, relata. “Eles agiram muito rápido e ameaçavam muito. Ao descer levando celulares, eles ainda esmurraram um homem que estava na parada de ônibus em frente à Secretaria de Saúde. O cobrador ligou para a polícia, mas ninguém apareceu”, diz Samara.

Para a Cap. Carla Marques, coordenadora adjunta de Comunicação da Polícia Militar da Paraíba, a polícia está presente no combate a esse tipo de crime e vem realizando ações intensivas para evitar os roubos realizados no transporte público. “O 1º e o 5º Batalhão da Polícia Militar realizam semanalmente abordagens em linhas com alto número de assaltos, com intuito de minimizar tais ocorrências”, garante. “No Terminal de Integração dispomos de um posto policial com 16 policiais em regime de plantão e uma viatura específica para atender aos passageiros”, explica a capitã.

Além das ações policiais, intervenções realizadas nos próprios ônibus pretendem ajudar no combate aos crimes. “Nós continuamos instalando as câmeras de segurança nos ônibus, que hoje cobrem cerca de 80% da frota”, afirma Mário Tourinho, diretor-executivo da AETC-JP. “Além disso, a mudança de local da catraca, realizada desde abril de 2014 para próximo do motorista, inibe a ação dos assaltantes”, acrescenta.

A despeito das medidas tomadas pela PM e pelas empresas de ônibus, os usuários do transporte público ainda precisam conviver com a insegurança; o número de 446 ocorrências por ano em 2014, afinal, ainda é alto e representa mais de um assalto por dia aos coletivos de João Pessoa. “A meta é diminuir sempre esse número”, afirma a capitã Marques. “Mas para isso também precisamos contar com a denúncia das vítimas”, apela.

Até que a segurança no transporte público da capital seja totalmente garantida, entretanto, resta aos passageiros andarem com receio. "A insegurança é nossa companhia constante", conclui Canmery.

Usuário deve exigir seus direitos

De acordo com o jurista Marcos dos Santos, secretário adjunto da Secretaria Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-JP), o usuário que sofrer perdas físicas ou materiais dentro do transporte coletivo urbano pode pedir ressarcimento à empresa concessionária. "É um serviço como qualquer outro; no momento em que o passageiro entra no ônibus, a responsabilidade pela segurança do indivíduo passa a ser da empresa", explica. "Uma pessoa que for assaltada, assim, tem o direito a pedir o ressarcimento pelos objetos subtraídos. Essa reclamação pode ser feita no Procon-JP, que dá o embasamento para audiências nas varas especializadas", afirma o secretário.

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Jornal da Paraíba

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