VIDA URBANA
Barragem de Acauã não pode abastecer Campina Grande
Treze anos após a construção de Acauã, o reservatório não representa mais uma alternativa para Campina Grande.
Publicado em 23/07/2015 às 6:00
Depois da grave seca que assolou a Paraíba nos anos 1990, uma alternativa representava a esperança de garantia de abastecimento de água para Campina Grande e municípios vizinhos: a barragem de Acauã (Argemiro de Figueiredo). Inaugurada em 2002, com capacidade de armazenamento de 253 milhões de metros cúbicos de água, a barragem seria responsável por represar as águas do Rio Paraíba em seu médio curso. No entanto, hoje, Acauã possui pouco mais de 40 milhões de metros cúbicos de água, o que representa apenas 15,9% de sua capacidade de armazenamento.
Nesse cenário, e novamente diante de uma grave crise hídrica, que já perdura por quatro anos seguidos, Campina Grande volta a procurar soluções para o problema de abastecimento. Mas, 13 anos após a construção de Acauã, o reservatório não representa mais uma alternativa para a cidade.
O presidente da Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa), João Fernandes, confirmou que a barragem de Acauã foi construída para reforçar o abastecimento em Campina Grande, mas que depois de um tempo essa opção tornou-se inviável.
De acordo com o gerente regional do órgão na região do Brejo, Edson Almeida, devido às dificuldades em garantir a distribuição de água para a população que já faz parte do sistema de abastecimento, é inviável a criação de um sistema adutor que leve água de Acauã para Campina Grande. “Não tem a menor possibilidade de construirmos um canal que seja capaz de interligar Acauã e Campina Grande porque a água que temos no reservatório mal está dando para suprir as necessidades da população abastecida por ele”, sintetizou.
O sistema adutor de Acauã abastece nove cidades (Salgado de São Félix, Itabaiana, São José dos Ramos, Pilar, Mogeiro, Juripiranga, Itatuba, Ingá e Juarez Távora). Apesar do baixo nível de água que tem, as localidades abastecidas pelo reservatório não enfrentam racionamento, conforme a Cagepa. No entanto, com o baixo volume, surge uma nova preocupação, a qualidade da água distribuída, já que a barragem sintetiza inúmeros cursos de água poluídos, afirmou o professor de ecologia e recursos naturais da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) Etham Barbosa.
“Acauã é um sistema síntese da bacia do Paraíba, porque está no final de toda a cascata de braços d'água e recebe todos os esgotos que escoam das cidades localizadas no médio curso do rio Paraíba, a exemplo de Campina Grande. Isso provoca a eutrofização, causada pelo acúmulo de nutrientes e matéria orgânica, que alimenta microorganismos, como as cianobactérias” afirmou.
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