VIDA URBANA
Cai número de assassinatos no município de Santa Rita
Redução foi de 26% de 2013 para 2014. PM acredita que números refletem ações em conjunto com a Polícia Civil.
Publicado em 21/04/2015 às 6:00 | Atualizado em 14/02/2024 às 13:37
Após 4 anos consecutivos de crescimento no número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) – os homicídios –, Santa Rita, que fica na Região Metropolitana de João Pessoa, registrou pela primeira vez um decréscimo nesse tipo de ocorrência.
Enquanto em 2013 a cidade fechou o ano com o registro de 148 mortes violentas, no ano passado esse número caiu para 109, representando uma redução de 26% nos crimes deste tipo. De acordo com a Polícia Militar (PM), a redução é resultado da repressão qualificada e da atuação conjunta com a Polícia Civil (PC). Apesar da diminuição nos casos de assassinatos, a população afirma ainda se sentir insegura.
Segundo o comandante do 7º Batalhão de Polícia Militar (BPM), coronel Júlio César, no ano de 2009 Santa Rita registrou 74 homicídios. Esse número teve um aumento de 38% no ano seguinte, quando 102 pessoas morreram assassinadas na cidade. Em 2011 esse número continuou subindo, mas em um ritmo menor, com o registro de 130 homicídios na cidade (27%).
No ano seguinte, 144 pessoas morreram de forma violenta em Santa Rita, 11% a mais do que no ano anterior e 3% a menos do que no ano seguinte, quando 148 pessoas morreram assassinadas na cidade. Após anos consecutivos de crescimento, registrou-se o primeiro decréscimo no ano passado, com o registro de 109 homicídios.
Apesar de ser a primeira redução significativa nos crimes contra a vida na cidade, o comandante do 7º BPM destacou que houve uma desaceleração nesse tipo de crime nos anos anteriores, culminando nessa redução. “Em 2011, tivemos a criação do Paraíba Unida Pela Paz, então a partir daí vemos a desaceleração no crescimento dos homicídios na cidade.
Percebemos que 80% dos problemas de Santa Rita se concentravam em 20% dos criminosos. Partindo disso, fizemos um trabalho de repressão qualificada e, somente no ano passado, prendemos 71 homicidas, inclusive grupos especializados nesse tipo de crime”, salientou.
Dentre as ações realizadas pela Polícia Militar está a reativação do núcleo de inteligência do 7º BPM, que passou a ser utilizada para a análise criminal e repressão qualificada. “Identificamos os criminosos, os horários e principais delitos cometidos na região. Nos organizamos e fizemos os trabalhos de repressão qualificada em parceria com a Polícia Civil. Com base nisso, conseguimos estancar o crescimento da criminalidade”, explicou. “Não fizemos nada de forma aleatória. Focamos nas armas de fogo – só no ano passado foram 149 armas apreendidas, uma média de 12 por dia – nas drogas e pessoas.
Com esse foco, conseguimos diminuir. São menos pessoas mortas, mais pessoas participando da sociedade e mais vidas salvas”, complementou.
APESAR DA REDUÇÃO NOS CVLI , POPULAÇÃO RELATA INSEGURANÇA
Apesar da visível redução de homicídios registrada no município de Santa Rita, a população afirma ainda se sentir insegura na cidade. Para quem mora há muito tempo no local, a tranquilidade é algo que reside apenas na lembrança. Com o objetivo de se proteger desses crimes, moradores evitam andar por alguns bairros e sair à noite.
De acordo com informações da Polícia Militar, do total de homicídios registrados no ano passado, 22% ocorreram no bairro de Várzea Nova; 15% no Alto das Populares, outros 5% no bairro de Tibiri e 14% em Marcos Moura. Os demais 32% ocorreram espalhados em outros bairros da cidade. Esses números apresentaram reduções em comparação com anos anteriores. Essa estatística ajudou a polícia a atuar. Contudo, para a população, se transformou em sinal de alerta.
O vendedor Milton Azevedo mora no bairro de Tibiri há mais de 40 anos e revela sentir a insegurança na pele. Ele desacredita na diminuição da criminalidade. “Se falarem que diminuiu a criminalidade em Santa Rita, é mentira. Ainda ontem (domingo) mataram uma pessoa atrás da delegacia. Para mim, Marco Moura e Alto das Populares são os piores bairros aqui do município com maior índice de criminalidade e essa só vem aumentando. O jeito é a gente ficar dentro da casa”, comentou.
Assim como ele, a dona de casa Maria José Félix também não sente a segurança dentro de Santa Rita. Todas as manhãs ela frequenta uma praça que fica próxima à sua casa no bairro Tibiri Fábrica. Ela diz que para poder andar tem sempre a atenção redobrada e a partir das 19h já não sai mais de casa.
“Todo dia quase tem morte e a gente não vê essa diminuição dos crimes, mas só aumento. A gente não se sente seguro, de forma alguma. Moro aqui há 15 anos e acho que a situação está preocupante”, opinou.
Com relação a essa sensação de insegurança da população o coronel Julio César, comandante do 7º BPM, responsável pelo policiamento da cidade, acredita que seja uma questão cultural. Ele reconheceu que, durante muitos anos, Santa Rita viveu uma onda de criminalidade que perdurou por determinado período, transferindo a sensação de insegurança para a população.
“Mas contra os números não há contestações. Temos trabalhado na construção de uma cultura de paz e essa será uma cultura que será paulatinamente construída na população em razão dos números, da presença da polícia e da nossa ação qualificada”, assegurou.
O coronel Júlio César ainda destacou que, para qualquer denúncia a população tem à sua disposição o Disque 197. O número é um canal direto com a polícia e, por meio dessa ferramenta, a identidade do denunciante é totalmente preservada.
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