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VIDA URBANA

Campinense deixa carros antigos como modelos de luxo

Ele chega a gastar R$ 70 mil em réplicas de veículos como a Ferrari.

Publicado em 15/01/2017 às 10:46

Aos 41 anos, Aleksandro Ferreira faz questão de colecionar as fotografias dos carros que passaram pelas suas habilidosas mãos para serem modificados. Através de um trabalho totalmente artesanal, o ‘mágico da transformação’ começa a produzir as peças através da lataria de outros veículos - e são inúmeras marteladas até ele encontrar o formato ideal, transformando pedaços de ferro em detalhes que dão novo design ao carro. O trabalho não é simples, são meses batendo, amassando e desamassando até deixar o veículo pronto para receber a pintura. Réplicas de automóveis de R$ 1 milhão chegam a custar R$ 70 mil.

O desejo de transformar as coisas foi surgindo depois que Aleks, como ficou conhecido pelos amigos, acompanhava o pai no trabalho em um oficina de material elétrico. Aleks fazia do manuseio das peças uma verdadeira forma de brincar e já transformava os próprios brinquedos, customizando e personalizando, de acordo com o seu estilo. "Desde pequeno, eu sempre gostei de modificar e criar coisas diferentes. Isso começou com um carrinho de lata, eu sempre fazia ele diferente. Depois passou para o patinete e outros brinquedos. Minha bicicleta sempre foi diferente também”, lembra.

Aos 15 anos de idade já trabalhava em oficina, mas confessa que não gostava muito de fazer os serviços básicos, como desamassar latarias ou tirar ferrugem. Por isso, pouco tempo depois, começou a se dedicar ao seu primeiro projeto, transformar e modernizar um carro modelo Brasília. O projeto pessoal foi conciliado com o trabalho na oficina e não demorou muito para que o veículo chamasse a atenção dos clientes, que começaram a procurar o serviço de modificação.

Para fabricar um carro de maneira artesanal, o primeiro passo é conseguir um veículo que servirá de base para o novo carro, o chamado protótipo. Para construir um carro semelhante à Ferrari, por exemplo, o veículo ideal é um modelo Bianco, pela similaridade no designer. A partir do carro base, Aleks vai montando as peças da lataria através materiais retirados de outros veículos. Um a um, os pedaços de aço vão dando forma aos novos carros, que só ganham o aspecto desejado após o trabalho de pintura.

Mantendo o interesse por cálculos e raciocínios mais complexos, atualmente, o apaixonado por carros futuristas iniciou um novo projeto pessoal. “Estou modificando um Jeep Carajás, da Gurgel, para um modelo de Jeep Europeu, o Hummer H3, que aqui em Campina só tem dois. É um carro de R$ 1 milhão, mas como eu não tenho esse dinheiro, faço a réplica”, frisa Aleksandro, acrescentando que o valor estimado é de é R$ 70 mil para fazer a réplica de um carro do tipo.

Um sonho resistente às críticas e crises

Apesa do reconhecimento, que funciona como combustível para que Aleks continue focado na transformação de carros, o profissional também diz ter sofrido com as críticas. “Quando eu comecei fazer spoiler, eu andava com um álbum pequeno de fotos. Eu tirava as fotos do que eu fazia e andava com esse álbum, mas me dava desgosto quando alguém chegava pra mim e não acreditava na minha capacidade de produzir os carros”, diz, complmentando que a pouca procura pelo serviço às vezes desanima.

“Toda profissão tem seus espinhos, muitos amigos meus que faziam transformação de carros abandonaram a profissão por causa da crise, mas eu estou aqui, porque faço o que gosto”, finaliza Aleksandro Ferreira.

Veículos precisam de regulamentação para circular

De acordo com o chefe da 1ª Ciretran, em Campina Grande, Hugo Aragão, os veículos só podem passar por modificação com uma autorização prévia do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).

Segundo ele, o primeiro passo é levar o carro ao Detran para passar por uma vistoria, portando o Certificado de Registro de Veículo (CRV) e informar ao órgão quais as modificações pretende fazer no veículo. Após a aprovação, o proprietário deve pagar uma taxa e iniciar o processo de modificação do carro, que terá um novo documento emitido pelo Detran.

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Jornal da Paraíba

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