VIDA URBANA
Coopecir cobra explicações sobre demissão de médico do Trauma
Cirurgião geral, ligado à Cooperativa dos Cirurgiões da Paraíba, afirma ter sido demitido sem justificativa. Estado diz que ele não se enquadra no novo perfil de direção do Hospital.
Publicado em 12/08/2011 às 20:36
Da Redação
Três semanas depois da onda de demissões de prestadores de serviço do Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, na Capital, por parte da Cruz Vermelha do Brasil, aconteceu a primeira demissão de um médico da unidade hospitalar. O cirurgião geral Ricardo Ribeiro Magalhães Cruz foi demitido nesta sexta-feira (22) e, como aconteceu nos outros casos, o servidor não recebeu uma justificativa para a demissão. Desta vez, no entanto, representantes dos cirurgiões estão cobrando esclarecimentos.
A informação foi divulgada, inicialmente, pela Rádio Paraíba FM. Ao vivo, no programa Polêmica Paraíba, foi lida uma nota publicada pelo médico em uma rede social. De acordo com a nota, nenhuma justificativa foi dada pela direção do Hospital. Ainda na nota, o cirurgião Ricardo Cruz afirma que realiza 12 plantões de 12 horas por mês e que, até junho deste ano, ele era prestador ligado diretamente ao Hospital e, a partir de então, permaneceu ligado à unidade hospitalar através da Cooperativa de Cirurgiões da Paraíba (Coopecir). (Leia a íntegra da nota do médico ao final desta matéria).
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do Hospital de Trauma, que não confirmou nem negou a informação. Mas, a demissão do cirurgião geral foi confirmada pelo presidente da Coopecir, José Helman Palitot de Oliveira. O presidente da Cooperativa disse acreditar que tenha havido um engano, mas que, antes de tudo, é preciso que se saiba da direção do Hospital qual foi o motivo para o desligamento do médico.
De acordo com o advogado da Coopecir, Valdomiro Sobrinho, a demissão teria acontecido pela manhã, mas a Cooperativa só foi informada oficialmente à tarde, através de um ofício enviado pelo Governo do Estado. “Nós ainda não conversamos diretamente com o médico que foi desligado. O nosso primeiro passo vai ser entrar em contato com a diretoria do Trauma para ouvir os motivos da demissão”, explicou o advogado.
Segundo Valdomiro Sobrinho, a diretoria do Hospital de Trauma não poderia ter feito o desligamento diretamente com o médico. “Se há algum desagrado com o funcionário, eles têm que nos comunicar e, então, uma comissão de ética da Cooperativa analisa o caso, já que os médicos não são contratados pelo Hospital. A Coopecir intermedia a relação entre hospital e médico”, explicou.
Através da assessoria de imprensa, o secretário estadual de Saúde, Waldson Souza, reafirmou o mesmo que já havia dito quando da demissão em massa há três semanas. Segundo ele, todas as pessoas que não se enquadrarem no novo perfil de direção do hospital serão demitidas. O secretário ainda disse que as demissões são ocasionadas, principalmente, pelo fato de os prestadores de serviço não aceitarem a carga horária estabelecida.
A reportagem também tentou entrar em contato com o cirurgião demitido, mas as ligações não foram atendidas.
Demissões em massa
No último dia 21 de julho, dezenas de servidores do Hospital foram demitidos, mas, até então, nem a administração do hospital nem a Secretaria Estadual de Saúde divulgaram a quantidade exata de demissões. O secretário de Saúde do Estado, Waldson Souza, chegou a se manifestar sobre a situação, justificando que “o desligamento de alguns funcionários se deu por não se enquadrarem no perfil profissional do novo modelo da direção do Hospital”.
A Cruz Vermelha do Brasil assumiu a direção do Hospital de Trauma no dia 8 de julho, segundo o Governo, com a intenção de melhorar o atendimento à população e reduzir os gastos. Na ocasião, os novos diretores da unidade hospitalar e o governador Ricardo Coutinho afirmaram que não haveria demissões e que os funcionários e os 13 diretores exonerados seriam contratados.
Segundo Ricardo Coutinho, os benefícios do Governo com o contrato de pactuação serão uma economia de 40%, diminuindo os gastos com o hospital de R$ 10,8 milhões mensais para R$ 6,8 milhões.
Confira a íntegra da nota divulgada pelo médico cirurgião através de um rede social:
"Caros colegas, pasmem! Vai começar também com os médicos. Sou médico cirurgião no Hospital de Trauma de João Pessoa, realizo em média 12 plantões de 12horas/mês. Acabo de receber do RH do Hospital uma comunicação por escrito, contendo o MEU DESLIGAMENTO como cirurgião do Hospital, assinada pelo Dr Márcio Gomes Ferreira. Procurado por mim, o mesmo não me recebeu e mandou dizer que não sabia do que se trata e que eram ordens superiores da direção Cruz Vermelha. O mesmo confirmou no pátio do estacionamento, ao sair do Hospital, a mim. Meu vínculo era até junho de 2011, prestador, a partir dessa data sou cooperado da Coopecir – João Pessoa. Já encaminhei este documento a Coopecir para as providências cabíveis. Já fui condenado, sem saber o motivo, se houver, sem direito a defesa. Isso é anti-constitucional."
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