VIDA URBANA
Cresce número de motos e acidentes na PB
Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, registrou mais de 2,5 mil acidentes envolvendo motociclistas, entre janeiro e maio deste ano.
Publicado em 02/11/2011 às 6:30
De janeiro a setembro deste ano, a frota de motocicletas na Paraíba cresceu 12%, um aumento maior que o registrado no número de carros e no número geral de veículos no Estado.
Como consequência, o Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, registrou mais de 2,5 mil acidentes envolvendo motociclistas, entre janeiro e maio deste ano, o que representa cerca de 70% do total dos acidentes automobilísticos.
Em nove meses (janeiro a setembro deste ano), foram mais de 31 mil motos circulando nas ruas da Paraíba. A cada mês, essa frota cresce em torno de quatro mil unidades. De acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), as motos já representam na Paraíba 37% do total da frota. Os automóveis representam 44%. Mas o crescimento da quantidade de motos foi maior que o número de carros nesses primeiros nove meses do ano. Enquanto a frota de motos cresceu 12%, a de carros foi 6%. O crescimento geral de todos os tipos de veículos foi de 9%.
Esse aumento rápido e desordenado reflete o caos no trânsito das cidades. “Esse crescimento acontece em todo país. O pior é que os condutores não têm experiência no trânsito, muitos dirigem sem habilitação e fazem malabarismos pelas ruas. É preciso, urgentemente, um processo educativo e não apenas fiscalizações”, ressaltou o especialista em trânsito, Samuel Aragão, pós-graduado em Estudos de Trânsito pela Universidade Católica do Mato Grosso do Sul.
O diretor de Trânsito da Superintendência de Transporte e Trânsito de João Pessoa (STTrans), Cristiano Nóbrega, ressalta que o aumento do poder aquisitivo do brasileiro contribuiu para o aumento da frota em todo o país. “As motos, por serem de valor mais baixo, são as mais compradas. Muitas pessoas estão tendo acesso a um veículo pela primeira vez agora e estão indo para o trânsito sem a menor experiência. Quem andava de bicicleta, agora está andando de moto”, observou Cristiano Nóbrega.
Abraão da Silva Claudino reforça a tese do diretor de trânsito da STTrans. Há um ano ele comprou sua moto, mas só tirou sua carteira de habilitação há três meses. “Quando comprei a moto, a ansiedade era tão grande, que queria logo dirigir, antes mesmo de tirar a carteira. Ainda bem que nunca fui pego em uma fiscalização”, disse. Abraão, que trabalhava como “flanelinha”, após comprar a moto conseguiu um emprego de motoqueiro, para fazer entrega dos medicamentos de uma farmácia.
“Minha renda aumentou e agora não preciso mais ficar olhando os carros”, disse Abraão. Ele conta ainda que comprou sua moto financiada em 48 meses. “Com meu novo emprego de motoqueiro, consigo pagar as parcelas”, diz. Ele ainda ressalta que, apesar da inexperiência no trânsito, nunca sofreu um acidente. Já o aposentado Roberto Silva passou seis meses sem poder dirigir sua moto, devido a um acidente com um carro.
“A motorista do carro passou no cruzamento sem olhar e bateu bem na minha perna”, disse o aposentado.
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