VIDA URBANA
Dica é se inscrever na lista de outros Estados
Publicado em 12/08/2012 às 8:00
Os problemas na realização dos transplantes de órgãos, na Paraíba, atingem também os procedimentos de coração e os de fígado. No primeiro caso, a única equipe qualificada para realizar o procedimento não renovou seu credenciamento no Ministério da Saúde e o último transplante de coração foi realizado há 3 anos.
Em se tratando dos de fígado, embora haja pacientes na lista de espera e uma equipe credenciada, não houve nenhum procedimento este ano. A recomendação da equipe médica é que os pacientes se inscrevam na lista de espera de outros Estados – a exemplo de Pernambuco.
“Nós encaminhamos a lista de pacientes de fígado quase toda para Recife, por isso ela está pequena. Além disso, dois dos pacientes que esperavam pelo procedimento faleceram recentemente”, afirmou o coordenador clínico do programa de transplantes de fígado na Paraíba, José Eymard.
Segundo ele, a capital pernambucana realiza cerca de três transplantes por semana. “ A Paraíba também não tem registrado um bom número de doações. Nas últimas duas semanas é que tivemos dois fígados ofertados, mas que infelizmente não tinham compatibilidade com os pacientes daqui. Tivemos que mandar para outro Estado”, completou.
Apesar de questões 'desmotivadoras', como a remuneração paga para realização dos procedimentos, José Eymard disse que a equipe não interrompeu as cirurgias e que elas foram reduzidas em virtude de fatores externos.
“Se for olhar pela questão financeira não compensa fazer transplantes. A equipe faz porque gosta, mas a longo prazo isso pode tornar inviável a criação de uma nova equipe porque ninguém pode trabalhar só porque gosta”, enfatizou o médico, acrescentando que o credenciamento da equipe (que tem que ser renovado a cada 2 anos e vence este mês) está em processo de revalidação.
SEM PREVISÃO
Como a equipe que realiza os transplantes de coração está descredenciada desde janeiro último, não há previsão de volta do procedimento. Conforme o chefe da equipe, Maurílio Onofre, a solução imediata para a retomada dos procedimentos é que seja feito o pagamento pelo período de sobreaviso de 24 horas, ao qual toda equipe transplantadora deve obedecer quando está credenciada.
“Até dezembro de 2010 esse valor era pago, através de convênio da equipe com o Estado. No entanto, a partir de 2011 esse pagamento foi cancelado e é humanamente impossível que toda equipe (cinco cirurgiões, quatro clínicos e quatro anestesistas) fique empenhada no sobreaviso sem receber nada”, explicou Maurílio, ao acrescentar que este foi um dos motivos para que a equipe não solicitasse renovação do credenciamento necessário para realizar o procedimento, junto ao Ministério da Saúde.
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