VIDA URBANA
Em João Pessoa, escola implanta tempo integral e perde 90% de seus alunos
Maioria dos pais tirou os filhos da Escola Padre Hilton Bandeira, na Torre, muitos alegando que eles trabalhavam para ajudar no orçamento da casa
Publicado em 20/02/2016 às 8:00
A Escola Estadual de Ensino Médio Padre Hildon Bandeira, no bairro da Torre, em João Pessoa, perdeu 91,6% dos alunos e parte dos professores pediu transferência. No ano passado, a escola tinha cerca de 600 estudantes matriculados, neste ano há apenas 50.
O motivo apontado pela secretaria geral da escola e Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação do Estado da Paraíba (Sintep) é a transformação da unidade em Escola Cidadã de Tempo Integral. Também por esse motivo, o ano letivo 2016 da Hildon Bandeira só está previsto para começar dia 29, enquanto que as demais estão em aula desde o último dia 11.
A reportagem esteve na unidade e confirmou que as aulas ainda não foram iniciadas. Segundo a secretária geral da escola, Juliana Nascimento, o início está previsto para o dia 29, mas que até o momento só 50 alunos estão matriculados. Isso porque os pais dos estudantes informaram que os filhos não poderiam continuar na escola, uma vez que a mesma passou a ser de tempo integral.
"A maioria dos pais tirou os filhos daqui justificando que eles já tinham outras atividades em outro turno, ou trabalhavam para ajudar no sustento de casa e não poderiam estudar em tempo integral. Com isso, estamos aguardando mais interessados para fecharmos turmas, pois estamos com apenas 50 alunos matriculados”, afirmou. A faixa etária dos alunos é entre 16 e 19 anos.
Ainda conforme Juliana, os professores que também não podiam permanecer ensinando na escola, por já terem aula em outras unidades, foram remanejados para outras escolas do Estado que continuam com o ensino de apenas um turno. Para o preenchimento das vagas foi lançado um edital de processo seletivo simplificado. “Os classificados estão participando de uma capacitação, juntamente ao diretor da escola para se adequarem ao ensino integral. Em seguida iniciaremos as aulas”, ressaltou.
De acordo com o coordenador do Sintep, Carlos Belarmino, o governo do Estado publicou um decreto no final do ano passado informando sobre a criação da Escola Cidadã de Tempo Integral, mas no documento não citou o nome da unidade e os profissionais da Hildon Bandeira só tomaram conhecimento em janeiro deste ano.
“A nossa preocupação é que não houve discussão com a entidade e nem com o Conselho Estadual de Educação para que essa medida fosse adotada. Nós defendemos a escola integral, mas que o professor tenha o vencimento diferenciado, já que eles passarão a dar 40 horas de aula”, disse.
A Secretaria de Estado de Educação (SEE) informou em nota que "a Escola Padre Hildon vinha perdendo matrícula e caindo nos índices educacionais nos últimos anos. Por ser uma escola de localização estratégica e ter boa estrutura física, ela foi selecionada para atender com uma nova metodologia de Educação Integral. Para tanto houve uma reunião com a comunidade escolar para saber de professores e estudantes, aqueles que gostariam e poderiam ficar nessa metodologia. Aqueles que não optaram em ficar no tempo integral, professores e estudantes, foram encaminhados para escolas próximas a partir de suas escolhas. Na Padre Hildon Bandeira, a matrícula foi aberta para Educação Integral e EJA”.
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