VIDA URBANA
Estado está sem fazer cirurgias pediátricas por falta de médicos
Cirurgias pediátricas não estão sendo realizadas há mais de um mês. Secretaria de Saúde informou que outras categorias médicas estão em situação igual.
Publicado em 18/01/2011 às 10:30
Maurício Melo
O hospital referência de tratamento de crianças e adolescentes na Paraíba, o Arlinda Marques, está sem realizar cirurgias desde o ano passado. O último contrato válido com os cirurgiões pediátricos venceu em agosto de 2010 e, de lá para cá, um novo ainda não foi firmado. Reivindicando o novo contrato e o pagamento de salários e produtividades atrasados, os médico se negam a trabalhar.
De acordo com informações da Secretaria Estadual de Saúde, o contrato não foi automaticamente renovado porque o último apresentava muitas falhas legais. Este também seria o motivo do não pagamento dos salários atrasados relativos aos últimos meses do governo passado. E enquanto este assunto não é resolvido, cerca de 20 crianças deixam de ser atendidas por dia no Arlinda Marques.
Nesta terça-feira, no entanto, há duas cirurgias marcadas "à força" pelo Ministério Público. Jonh Herbert, de 10 anos e Areliane, de 4, têm histórias parecidas. Ambos estão internados em hospitais a mais de um mês e esperam, na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), por uma cirurgia que precisam fazer com urgência. Seus pais recorreram ao MP para não serem obrigados a esperar por todos os trâmites que poderiam custar a vida de seus filhos.
A Secretaria de Saúde informou que há outras categorias médicas em situação igual a dos cirurgiões pediátrico, mas que depois de uma conversar em que o secretário Mário Toscano se comprometeu a recontratar todos os médicos e pagar os atrasados, quase todos resolveram voltar ao trabalho. A exceção seriam os cirurgiões pediátricos, que estão parados desde o início de dezembro.
Foi informado ainda que um contrato emergencial está sendo produzido pela Controladoria Geral do Estado para garantir a contratação dos profissionais parados e seu pagamento. Até lá, somente as cirurgias obrigadas pela Justiça serão feitas. Gera-se assim uma segunda fila, desta vez nos corredores do Ministério Público, onde cada mãe e pai vai recorrer em busca de salvar o próprio filho.
Crianças cardíacas
Uma outra fila de crianças se forma também no Arlinda Marques por conta do fim de um convênio que garantia o pagamento dos profissionais que trabalhassem nas cirurgias cardíacas. Ao que parece, o novo governo encerrou este convênio porque pretende credenciar o hospital no SUS para que estes procedimentos sejam pagos com verba federal. O problema é que, enquanto isso, pelo menos 50 crianças, entre elas algumas em estado grave, terão que esperar na fila.
Coopecir
Os doze médicos especialistas da Cooperativa dos Cirurgiões da Paraíba (Coopecir-PB) não estão mais prestando seus serviços à Secretaria Estadual de Saúde.
“A direção da Coopecir já se reuniu com o novo secretário de Saúde, no início do ano, e foi prometido agilizar a resolução do impasse. Confiamos na nova gestão, mas a cada dia que se passa, a situação vai se agravando e a fila de pacientes à espera de cirurgias está aumentando. É realmente uma situação muito grave”, declarou o presidente da Coopecir, Marcus Maia.
Ele também explicou que os hospitais públicos da Paraíba não contam com cirurgiões pediátricos em seu quadro efetivo, portanto, os procedimentos cirúrgicos são feitos exclusivamente pelos médicos contratados através da cooperativa.
“Estamos esperançosos em resolver essa questão o mais rápido possível. A população não pode mais ficar nessa situação”, completou Marcus Maia.
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