VIDA URBANA
Famílias ainda preferem viver em vilas pelo conforto e comodidade
Residências têm muro baixo, grande parte tem na frente um jardim e um terraço quase nunca cercado por grades.
Publicado em 04/04/2010 às 10:24
Luzia Santos
Do Jornal da Paraíba
Há exatos 40 anos, a telefonista Hellen Lúcia da Silva Freire mora na Vila Gilmar, no bairro dos Expedicionários em João Pessoa. Próximo de supermercados, farmácias, hospitais e diversos outros estabelecimentos a área ainda fica a poucos metros da avenida Epitácio Pessoa, um dos corredores viários mais movimentados da Capital por ligar as ruas do Centro e da orla e que tem diversas linhas de ônibus. A telefonista é parte de uma das dezenas de famílias que moram em vilas bem localizadas e com infraestrutura que faz o aluguel do imóvel variar de R$ 250 a R$ 450 por mês na Capital.
Hellen Freire conta que o pai era um dos moradores mais antigos do lugar, ele morreu há poucos anos, mas ela que veio morar na vila logo após nascer, permaneceu com as filhas de 19 e 11 anos. “Aqui é bom, quem vem morar não quer sair mais”, declara.
A Vila Gilmar é formada por oito casas; todas elas estão ocupadas pelos mesmos moradores há pelo menos dois anos. A entrada do local chama pouca atenção, mas ao chegar à vila a sensação é de estar voltando no tempo. As residências têm muro baixo, grande parte tem na frente um jardim e um terraço quase nunca cercado por grades. O ambiente é convidativo para conservar antigos hábitos urbanos, como a conversa amigável com a vizinhança, a prática de favores e a brincadeira de crianças em frente de casa.
A telefonista destaca a infraestrutura como um dos pontos fortes da vila. “A maioria das casas possui a mesma estrutura, um terraço, uma sala, dois quartos grandes, uma cozinha espaçosa e um banheiro. Lá no fundão, a maioria ainda preserva uma pequena área livre que bem pode servir para área de serviço ou um pequeno quintal. Outro atrativo é que a rua que dá acesso à vila é calçada, as casas são saneadas e tem ligação elétrica” ressaltou.
Os atrativos provocam a valorização dos imóveis e os aluguéis chegam a corresponder a quase meio salário mínimo (R$ 250). Mas apesar do custo é difícil encontrar uma casa disponível. Realidade semelhante é encontrada na Vila Santa Luzia, que fica nas proximidades da Maternidade Cândida Vargas, no bairro de Jaguaribe. Com saneamento básico, energia em todas as residências e proximidade de lojas, comércio, hospitais e igrejas; o aluguel chega a R$ 450 e casas já reformadas chegaram a ser vendidas por R$ 35 mil.
A Vila Santa Luzia, segundo a moradora mais antiga, a aposentada Maria do Livramento, de 69 anos, foi construída por volta do ano de 1950. Na época, o dono do terreno resolveu construir 24 casas conjugadas para viver de aluguel. Pais de família vindos do interior foram os primeiros habitantes do local. A vila recebeu o nome da protetora dos olhos, Santa Luzia, em virtude da devoção do proprietário, de acordo com a aposentada.
Ao longo dos anos, o antigo proprietário foi se desfazendo de algumas casas e parte dos antigos inquilinos passaram a ser os donos dos imóveis. “Atualmente, quase todas as casas da vila já saíram das mãos do antigo proprietário e de seus herdeiros. As casas foram vendidas, mas a vila permanece sendo um ambiente tranquilo e agradável para se morar”, diz Maria do Livramento.
“Só saio daqui para ir para o cemitério”, afirmou. Explicando ainda que a convivência harmoniosa ainda é um privilégio do local. “Todos os vizinhos são pessoas amigas e solidárias e não temos brigas ou confusões por causa de desentendimentos. Todo mundo se respeita e procura se relacionar bem com os vizinhos”.
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