Flagrante: veja imagens do caos no Hospital de Emergência e Trauma

Inaê Teles
Com TV Cabo Branco

Após a entrada da imprensa ter sido vetada no Hospital de Emergência e Trauma Humberto Lucena, em João Pessoa, durante uma inspeção do Ministério Público na última quinta-feira (28), os próprios profissionais de saúde resolveram filmar a real situação da unidade hospitalar. As imagens mostram bandejas de alimentos ao lado de latas de lixo, sangue no chão e a superlotação nos corredores do Trauma. Assista ao lado as imagens gravadas no Trauma.

“Hoje os hospitais vivem uma situação de guerra. É uma calamidade”, lamentou o presidente do Sindicato dos Médicos da Paraíba (Simed-PB). De acordo com ele, os médicos chegaram ao ponto de ter que escolher qual paciente deve sobreviver. “Só tem um aparelho respiratório e dois pacientes necessitando da máquina”, explicou. Neste caso, segundo Tarcísio, o médico deverá escolher quem utiliza o aparelho e quem terá que respirar por o auxílio de um catéter.

Além da superlotação, o Trauma também convive com a insalubridade. “Tem bandejas ao lado de latas de lixo”, disse Tarcísio. Segundo o presidente, o risco de infecção hospitalar é altíssimo. Na unidade também estaria faltando material de trabalho.

Casos

Tarcísio afirmou que a situação encontrada no Trauma não é isolada e pode ser constatada nos hospitais da Paraíba e de todo Brasil. Entre as inúmeras denúncias que chegaram até o Sindicato dos Médicos, está uma do município de Queimadas. Lá, um médico recebeu uma orientação de uma pessoa chamada Murilo, que se identificou como sendo da Secretaria da Saúde do Estado, para sair do seu plantão e se dirigir até Campina Grande, porque lá apenas um médico cirurgião estava no plantão.

O profissional se negou e registrou um boletim de ocorrência. Em seguida, o médico recebeu uma carta de exoneração. “Ele está certíssimo. Não poderia abandonar deu posto”, explicou Tarcísio.

Já em Campina Grande, um médico plantonista realizou duas cirurgias sozinho. Sendo um dos pacientes vítima de tiro. “Para este tipo de procedimento precisaria de mais dois médicos e um instrumentalista”, disse o presidente do Simed que relatou ainda um caso que aconteceu em Guarabira.

Lá, uma obstetra registrou uma ocorrência dando conta da falta de profissionais na unidade. "Caso uma gestante necessitasse de um procedimento cirúrgico, a médica estava impossibilitada de realizar porque estava sozinha no hospital", disse.

Movimentos grevistas

Em Campina Grande, os médicos do Hospital Regional estão com as atividades paralisadas. A categoria se organiza para pedir demissão em massa. Durante o fim de semana, um paciente foi encaminhado para o Regional e se deparou com uma barreira feita com macas e ainda a falta de médico. Um boletim de ocorrência foi registrado relatando o caso.

Em Patos, os médicos também paralisaram as atividades e o Conselho Municipal de Saúde vai solicitar o auxílio dos médicos de campana do Exército.

Relatório

O presidente do Simed-PB informou que vai encaminhar um relatório com as denúncias ao Ministério Público da Paraíba, Ministério Público Federal, Assembleia Legislativa, Conselho Estadual de Medicina e Ouvidoria do Sistema Único de Saúde (SUS).

Respostas

A Secretaria de Comunicação informou que está ciente da situação do Trauma e que este não seria um problema que se resolveria em um curto prazo de tempo. Mas que a situação será amenizada com a inauguração do Hospital de Emergência e Trauma, em Campina Grande.

Já a assessoria de imprensa do Trauma, informou que dos 38 pacientes que estão atualmente nos corredores da unidade, 15 poderiam aguardar o atendimento nas suas casa sem nenhum problema clínico. A assessoria disse que vai perguntar ainda nesta segunda (2) quais dos pacientes que querem ir para suas casas. Por fim, o Trauma informou que apesar da situação, os pacientes estavam recebendo todos os cuidados necessários.

Atualizada às 16h22