VIDA URBANA
Greve dos caminhoneiros e falta de combustível afetam serviços na PB; confira situação
Transporte público reduz frotas; aeroportos, mercados e até Judiciário são afetados.
Publicado em 24/05/2018 às 11:55 | Atualizado em 24/05/2018 às 19:28
A falta de combustíveis provocada pela paralisação dos caminhoneiros começa a afetar outros serviços nesta quinta-feira (24).
O serviço de transporte público continua operando com redução de 25% da frota de ônibus em João Pessoa. De acordo com a assessoria do Sindicato das Empresas de Transportes coletivos Urbanos (Sintur-JP), a previsão é que se continuar a falta de combustível na cidade, haverá uma nova redução para 50% de ônibus circulando na capital, desmentindo uma informação que circula pelas redes sociais na manhã desta quinta-feira de que a circulação ia parar ao meio-dia. O órgão divulgou que há combustível suficiente para garantir o esquema atual.
Já o serviço de transporte público em Campina Grande segue operando com a redução de 40% da frota. A previsão é de redução de 50% para sexta-feira (25), caso não chegue combustível para garantir o reabastecimento dos veículos.
O Superintendente da Superintendência de Trânsito e Transportes Públicos (STTP) de Campina Grande, Félix Araújo Neto, informou que se o reabastecimento não acontecer o serviço pode ficar comprometido durante o fim de semana. “Se o combustível não chegar até amanhã para o reabastecimento dos veículos pelas empresas, o funcionamento do serviço ficará inviável a partir do sábado. O serviço funciona de forma reduzida em precaução para não prejudicar os usuários do transporte público na cidade”, explicou.
O Sistema Integrado Metropolitano responsável pelo transporte coletivo entre os municípios de Santa Rita e João Pessoa informou, na tarde desta quinta-feira, que todos os ônibus estão parados por falta de combustível. Informaram ainda que não há previsão para retornar os serviços enquanto perdurar a greve.
Já sobre os aeroportos, a direção da Infraero na Paraíba disse que não poderia se posicionar e a superintendência nacional do órgão disse, em nota, que “está atuando para minimizar os problemas decorrentes da paralisação”. A Infraero disse ainda que não tinha como detalhar a situação de cada aeroporto.
Órgãos públicos mudam rotinas
O governo do Estado suspendeu, nesta quinta-feira (24), o uso de carros oficiais de secretários de Estado e secretários adjuntos, bem como presidentes de órgãos das administrações indiretas, a fim de que se priorize nos postos credenciados o abastecimento de viaturas da Polícia Militar, da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros, bem como ônibus de transporte escolar, ambulâncias e demais veículos ligados à Secretaria de Saúde do Estado. A medida vale até haja a regularização do abastecimento de combustíveis no estado.
A prefeitura de Campina Grande tomou uma medida similar. As autorizações para abastecimento, até segunda ordem, passa a priorizar exclusivamente as ambulâncias que prestam serviço de assistência a doentes crônicos ou emergenciais – incluindo as do SAMU. As viaturas do Conselho Tutelar também estão incluídas nas exceções. O transporte escolar, em princípio, também deverá ser contemplado pela medida emergencial.
"Todos os outros veículos da Prefeitura, incluindo os carros à disposição dos secretários, diretores e que prestam serviços às outras áreas estão impedidos de abastecimento, até que a situação conjuntural provocada pela crise no abastecimento de combustíveis no país esteja superada", diz a nota da Prefeitura de Campina Grande.
O transporte escolar também foi suspenso no Conde, assim como a circulação de veículos oficiais da Administração. A prefeitura informou que o estoque mínimo de combustível está reservado para atendimento dos serviços de saúde. Os serviços só devem ser retomados após a normalização do abastecimento.
A assessoria da prefeitura de João Pessoa informou que até a tarde desta quinta-feira, os carros oficiais estão funcionando normalmente, sem contingenciamentos.
E, contrariando uma informação que circulou pelas redes sociais de manhã, a Cagepa informou em nota que tem estoque de produtos químicos suficientes para garantir o tratamento da água que é distribuída pela empresa por pelo menos dez dias, o que garante a distribuição na Região Metropolitana de João Pessoa neste período. Mesmo assim, a empresa pede que a população economize no consumo.
Serviços além do transporte são afetados
Outro serviço que foi afetado pela paralisação foi o Poder Judiciário. O presidente em exercício do Tribunal de Justiça da Paraíba, João Benedito da Silva, suspendeu o expediente e os prazos processuais nesta quinta-feira nas comarcas de João Pessoa, Bayeux, Santa Rita e Cabedelo. Segundo o documento, a medida foi tomada por conta da dificuldade de locomoção não apenas de servidores, mas também de advogados e de partes envolvidas nos processos.
Mesma medida tomou a Justiça Federal na Paraíba, que encerrou o expediente às 14h30 desta quinta-feira no edifício-sede, em João Pessoa, e nas Subseções de Campina Grande, Guarabira, Monteiro, Patos e Sousa. Com isso, os prazos processuais também estão suspensos. A expectativa é de voltar ao normal na sexta-feira (25).
O Ministério Público da Paraíba suspendeu as atividades em todo o estado nesta quinta-feira, mas ainda não há previsão se a suspensão das atividades vai se prolongar por mais tempo devido à greve dos caminhoneiros.
A Empresa Paraibana de Abastecimento de Serviços Agrícolas (Empasa) começa a sentir o efeito da falta de abastecimento de mercadoria. De acordo com o diretor presidente da empresa, José Tavares Sobrinho, se a paralisação continuar, vai faltar produtos nas três unidades da Empasa, localizadas em João Pessoa, Campina Grande e Patos.
Uma grande rede de hipermercado da cidade confirmou que está restringindo a quantidade de produtos vendidos por cliente como medida preventiva. Outras duas redes de mesmo porte negaram que tenham aderido à medida, mas alguns supermercados menores confirmam que também estão fazendo a restrição.
De acordo com o superintendente da Associação de Supermercados da Paraíba (ASPB), Damião Evangelista, nenhum supermercado da Paraíba está adotando medidas de contingência na quantidade de produtos vendidos. A única exceção é o caso de produtos hortifrutigranjeiros que em alguns lugares está em falta.
Damião Evangelista ressaltou que alguns supermercados suspenderam as promoções que costumam fazer nos fins de semana e que, caso a greve perdure por um longo período, haverá dificuldade de abastecimento nos frigoríficos das lojas. "As grandes redes de supermercados como recebem os produtos semanalmente ainda tem estoque para os próximos quatro a cinco dias", afirmou.
Universidades suspendem aulas
A Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) decretou ponto facultativo até sexta-feira (25). Além disso, a institui adiou, por tempo indeterminado, a data da prova para a seleção de agente de portaria que estava marcada para o próximo domingo (27). De acordo com nota divulgada pela instituição, a decisão foi tomada devido à paralisação. E a prefeitura de Santa Rita informou, em nota oficial, que suspendeu os serviços de coleta de lixo e transporte escolar enquanto durar o movimento.
A Pró-Reitoria de Ensino da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) divulgou uma nota, nesta quinta-feira (24), orientando aos professores e coordenadores da instituição para não realizarem o controle de frequência dos alunos nesta quinta e sexta-feira (25). A decisão foi tomada devido a redução da oferta de transportes coletivos e o desabastecimento dos postos de combustíveis.
Já a Reitoria da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) também decidiu manter nesta quinta-feira (24) a orientação de que os professores e coordenações de ensino não realizem chamadas de estudantes e atividades avaliativas, e que chefias não cortem o ponto dos servidores técnico-administrativo por atraso ou falta. A recomendação vale para todos os campi da instituição.
Algumas universidades particulares suspenderam as aulas. Foi o caso do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê) emitiu comunicado oficial suspendendo as aulas de graduação e pós-graduação até sábado (26), devido a redução da frota de ônibus e pela falta de combustível. As aulas vão voltar ao normal na próxima segunda-feira (28). A IESP também emitiu nota oficial também cancelando as aulas até sábado.
Comentários