VIDA URBANA
Instituições de idosos em situação precária na PB
Censo 2010 do IBGE divulgou que a Paraíba é o terceiro Estado em proporção de idosos, com 410 mil pessoas acima dos 60 anos.
Publicado em 01/10/2011 às 6:30
Hoje é comemorado internacionalmente o Dia do Idoso, data em que se festeja também oito anos de criação do Estatuto do Idoso.
Na Paraíba, o Comitê Permanente de Monitoramento dos Abrigos de Idosos catalogou 35 Instituições de Longa Permanência de Idosos (ILPIS), em 22 municípios, e constatou que a grande maioria delas apresenta estrutura precária. O Comitê não fiscalizou ainda este ano os seis abrigos de João Pessoa, dois de Cabedelo e um de Alagoa Grande. De acordo com o Censo 2010 do IBGE, a Paraíba é o terceiro Estado em proporção de idosos, com 410 mil pessoas acima dos 60 anos.
“Infelizmente, a situação das ILPIS da Paraíba não é nada acalentadora. A maioria das instituições ainda não se conscientizaram que devem obedecer às normas da Anvisa”, destaca o curador dos Direitos do Cidadão, Valberto Lira, membro do Conselho Estadual do Idoso e do Comitê Permanente de Monitoramento dos Abrigos. Ele acrescentou que as fiscalizações continuarão acontecendo e que o Comitê irá retornar aos abrigos já visitados para avaliar o que foi feito. “Se os responsáveis pelos abrigos não se adequarem, o Ministério Público irá chamá-los para assinarem um termo de responsabilidade”, afirmou Valberto Lira.
A coordenadora da Política Estadual do Idoso da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Humano, Gabriele Vasconcelos, destacou que “a situação das ILPIS da Paraíba está caótica e o Governo do Estado está preocupado”. Ela informou também dos 35 abrigos cadastrados, dois foram interditados, um no município de Esperança e outro em Belém, e os idosos foram transferidos para outras instituições. “A ILPI de Uiraúna também deveria ter sido interditada, mas não existia outro abrigo em condições de receber e acolher com segurança os idosos”, disse a coordenadora.
Dentre as principais irregularidades encontradas nesses abrigos estão a higiene precária e a falta de infraestrutura. “No abrigo de Belém flagramos vômito pelo chão dos dormitórios e vasos sanitários obstruídos. No 'Lar dos Velhinhos de Patos' a fiscalização flagrou idoso utilizando exclusivamente redes de dormir, em vez de camas, e no turno da noite não havia nenhum funcionário para prestar atendimento aos moradores”, destacou o diretor de Fiscalização do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB), Eurípedes Mendonça, que também faz parte do Comitê de Monitoramento dos Abrigos.
No entanto, algumas ILPIS destacaram-se pela transparência administrativa (Pombal, Solânea e Santa Luzia), segundo o relatório da fiscalização. Em um abrigo de Cabedelo, foram encontrados, ineditamente, um gabinete odontológico e uma barbearia. Já os seis abrigos de João Pessoa, ainda não passaram pela fiscalização do Comitê. No entanto, Maria Alice Celane, 81 anos, moradora do abrigo Vila Vicentina, dá a sua avaliação. “Eu vim para cá por vontade própria, há quatro anos, e estou muito feliz. Não quero me acomodar e todo dia tenho uma atividade”, disse.
No Vila Vicentina, há 61 idosos. Maria Alice conta que eles contam com profissionais de fisioterapia, educação física, enfermagem, além de diversas atividades de lazer. “Sou ativa e ajudo todos por amor”, afirma Alice, dando a “receita” de uma vida simples e feliz.
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