VIDA URBANA
Nova 3ª idade dá lição de vida e independência
Idosos estão cada vez mais ativos, e especialista lembra que cuidar da saúde é fundamental.
Publicado em 10/08/2014 às 8:00 | Atualizado em 05/03/2024 às 14:24
A silhueta esguia e a postura ereta, sem qualquer influência do tempo, além da beleza resistente à idade, escondem bem os 74 anos de Helena. Veio de Maceió para Campina Grande aos quatro anos e viveu intensamente. Aliás, vive intensamente, “todos os dias sem pensar no amanhã”, como bate no peito pra dizer. Este é, segundo ela, seu segredo de longevidade. A costureira Helena Moraes Barbosa não é mais uma exceção à regra, é um exemplo de que a vida, já faz algum tempo, não precisa esmorecer com a velhice.
Dor de cabeça nenhuma. Tampouco dificuldade para andar ou dor nos ossos. Ao menos é o que garante Helena. Não há um remédio na casa dela, com exceção do colírio que usa porque teve glaucoma e catarata, mas hoje, conta, enxerga tudo perfeitamente, sem precisar de óculos, que ela festeja não ter que usar para não esconder os olhos verdes. Festejar inclusive é o lema da vida da simpática alagoana que tem um casal de filhos, quatro netos e uma penca de sobrinhos, mas apesar da família grande, mora sozinha, sem ajuda de empregada, numa casa com sala, dois quartos, cozinha, banheiro e um amplo quintal, e que é o ponto de encontro de muita gente durante os fins semana, no bairro Bodocongó.
Mas antes de chegar o sábado, a costureira trabalha, e bastante. Acorda às 5h. Toma café da manhã às 6h, geralmente uma porção de batata com carne. Às 6h30 está na parada de ônibus para ir ao emprego, um ateliê que produz peças de decoração. Sai de lá às 11h30, gosta de passear pelo Centro.
“Adoro sair, gosto de ver gente, de ver o que está na moda. Não penso no amanhã, não guardo preocupação. Pra quê?”, comenta. Se no meio do caminho percebe que saiu sem brinco, volta. “Estou sempre arrumadinha, com batom. Gosto de aparecer bem, gosto de coisa boa”, completa. Em casa, ainda costura roupas por encomenda. “Mas quando eu não quero, não faço nada, passo a tarde vendo TV”, diz.
Quando o final de semana começa, é hora de programar a cerveja de lei, que tem que ser geladíssima, acompanhada por buchada, dobradinha, feijoada, mocotó, churrasco, felizmente nem sempre tudo de uma vez. Recentemente comprou uma piscina inflável que está lamentando não poder encher por causa do frio em Campina, típico do período. “Quando tem sol eu encho a piscina no terraço, coloco uma mesinha ao lado, preparo os tira-gostos, tomo um gole pra esquentar, coloco o maiô e ligo o som. Logo aparece gente e vira uma farra que entra pela noite”, revela a fã de música brega e seresta.
Para o aniversário de 75 anos já está tudo combinado. “A festa vai ser no dia 30 de agosto, um sábado, mas a data mesmo é o dia 26, só que é no meio da semana aí não dá, porque a gente vai começar às 8h e provavelmente só vai terminar às 8h de domingo. Vão ser muitos assim, porque eu vou chegar aos 100”, garante. As comemorações natalinas e de ano novo também já estão programadas. Todas neste modelo. “Já está tudo certo, já tem até local escolhido”, emenda.
Há pouco Helena descobriu a zumba – ritmo colombiano que mistura salsa, samba, mambo e merengue – e está encantada.
“Minhas amigas me chamaram pra dançar, eu disse que não queria, mas insistiram. Eu fui e gostei. Agora danço direto, em casa também”, conta. Apesar de não ter uma preocupação espartana com a alimentação, a costureira cuida da saúde e faz check-up anual.
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