VIDA URBANA
'O amor nasce do coração', diz mãe de filhos biológicos e adotado
Michele Mendonça, de 40 anos, optou pela adoção após ficar grávida duas vezes.
Publicado em 30/04/2018 às 7:00 | Atualizado em 30/04/2018 às 11:25
“Eu sou mãe de três filhos; dois biológicos e um adotado. Mas não existe diferença, porque o amor nasce do coração e eu amo os três”, disse Michele Mendonça, de 40 anos, sobre o seu sonho de família. Casada há 14 anos, ela é funcionária pública e mora em João Pessoa. Igualmente a Michele, outras 563 pessoas fazem parte do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) na Paraíba, que aguardam na fila ou esperam à conclusão do processo de guarda para adoção definitiva de uma criança.
Michele Mendonça faz parte de uma família de cinco irmãos, dos quais dois são adotivos. "A decisão de adotar um filho veio naturalmente. Antes mesmo de engravidar pela primeira vez já desejava esse sonho, e então, depois de passar por duas gestações fiz o cadastro para iniciar o processo de adoção. Minha família é o maior exemplo e meu esposo também vem de família adotiva. Então, é natural pra gente", contou.
O processo de adoção buscado por Michele Mendonça foi iniciado há três anos, quando ela decidiu procurar a Vara da Infância e Juventude e solicitou o pedido de habilitação no Cadastro de Adoção. "Participei de várias reuniões e todo o processo foi orientado pela equipe jurídica. O período de três anos foi de muita ansiedade, uma espécie de gestação prolongada. O sentimento de ser mãe novamente floresce naturalmente e a expectativa maior agora é para concessão da guarda definitiva”, ressaltou Michele.
Fase de adaptação
Michele revelou que seu filho mais velho tem nove anos e que não houve dificuldade de adaptação. "A adaptação ocorre de forma natural, isso porque o próprio processo orienta como deve acontecer os momentos. Não houve nenhuma dificuldade para família, pelo contrário, nossa alegria só aumentou", disse.
Adoção em família
Diferente da adoção escolhida por Michele através do processo de habilitação e espera na fila do CNA, a auxiliar de escritório Maria Juliana, de 34 anos, fez o procedimento na Vara da Infância e Juventude pela modalidade de adoção em família. Ela iniciou o processo para adotar o próprio sobrinho. “Sou casada há sete anos e fiquei grávida há dois. Nesse período eu estava no segundo mês de gestação quando sofri uma queda e perdi o bebê. Fiquei muito triste, porque o desejo de ser mãe sempre foi o meu maior sonho", revelou.
"Depois que perdi o bebê pensei em tentar uma nova gestação, mas daí nasceu meu sobrinho. Meu irmão teve um relacionamento e a mulher que ele estava engravidou; eles não seguiram juntos e diante do contexto meu esposo e eu acabamos que cuidando do bebê, mas a guarda não era nossa. O vínculo foi forte desde o começo e depois de alguns meses acabamos decidindo buscar os meios legais para adoção", comentou a auxiliar de escritório.
Ansiedade e realização
Maria Juliana revelou ainda que antes de conseguir a guarda provisória, o sobrinho foi colocado em um abrigo. "Houve durante o processo uma dúvida de que se meu irmão seria mesmo o pai do bebê. Isso gerou alguns momentos difíceis pra gente, porque a mãe alegava que ele [meu irmão] não era o pai e a justiça acabou distanciando o cuidado da gente com ele [o bebê] porque não havia a relação de família comprovada. Essa fase foi a mais difícil porque a ansiedade era grande e um exame de DNA teve que ser solicitado. Meu sobrinho foi colocado em um abrigo porque a mãe não teve interesse pela guarda e isso embora fosse necessário em questão do processo foi muito difícil. O dia mais feliz veio quando o juiz confirmou o resultado positivo e nós conseguimos avançar na legalização da adoção conquistando a guarda provisória. Ele não é apenas sobrinho, é filho e a maior emoção vem quando ele olha e me chama de mãe", concluiu.
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