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VIDA URBANA

Paraíba já registra 102 homicídios de mulheres

Apesar da leve redução, dados mostram que só nos primeiros 10 meses deste ano 102 mulhres já foram assassinadas na PB.

Publicado em 20/11/2013 às 6:00 | Atualizado em 04/05/2023 às 12:12

Nos primeiros 10 meses deste ano, 102 mulheres foram assassinadas na Paraíba, conforme dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado. O número reflete uma estatística preocupante e revela que a violência contra a mulher continua a fazer muitas vítimas, apesar de uma leve redução de casos registrados nos últimos dois anos. No ano passado, 138 mulheres foram mortas.

Segundo a coordenadora do Centro da Mulher 8 de Março, Irene Marinheiro, a luta das entidades, sejam elas de caráter público ou não, tem surtido efeito ao longo do tempo, pois a legislação que protege os direitos da mulher tem sido cumprida, principalmente no que diz respeito a punição dos agressores.

As mulheres também são vítimas de outros tipos de violência e a maioria dos agressores estão em suas próprias casas.

Conforme informações da Secretaria da Mulher e da Diversidade Humana do Estado, as ameaças de morte, injúrias e lesões corporais lideram o ranking dos casos de violência contra a mulher registrados na Paraíba.

“A Lei Maria da Penha está começando a ser efetivamente cumprida, mostrando aos agressores que seus crimes não ficarão impunes. A criação do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, bem como a estrutura de apoio das casas abrigo e dos centros de referências especializados de assistência social (Creas), também foi um avanço, uma vez que ao saber que será acolhida e protegida, a mulher vítima de agressão se sente mais segura para denunciar”, ressaltou Irene.

Apesar disso, os dados mostram que a sociedade ainda precisa se engajar mais nas ações de defesa dos direitos da mulher, na avaliação da coordenadora do Centro da Mulher 8 de Março.

“O machismo ainda impera nas relações sociais. Prova disso é que a maior parte dos casos de violência ocorre no ambiente familiar e são praticados pelos companheiros. Para mudar essa realidade, além de fortalecer essa estrutura de apoio, é necessário que a sociedade assuma seu papel, denunciando os casos e conscientizando sobre as consequências desses atos. Fazendo isso, teremos mais punições efetivas”, afirmou.

CAMPANHA

Com o objetivo de discutir a desigualdade de gênero e a violação dos direitos da mulher, anualmente se realiza entre 25 de novembro, Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher, e 10 de dezembro, data em que se comemora o aniversário da promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher. A campanha tem caráter internacional e envolve organizações de cerca de 159 países.

Na Paraíba, as atividades começam na manhã de hoje, no município de Queimadas, no Agreste paraibano. Na localidade, a Secretaria da Mulher e da Diversidade Humana do Estado disponibilizará dois ônibus para atender mulheres trabalhadoras do campo vítimas de violência. Dentro dessas unidades móveis, que circularão por vários municípios paraibanos, as mulheres terão à disposição atendimento de delegados, promotores, juízes, psicólogos e assistentes sociais, bem como palestras e orientações acerca dos direitos da mulher.

A programação também conta com o lançamento de campanhas educativas e ações na área da Segurança Pública que serão anunciadas pelo governador na próxima segunda-feira.

MARIA DA PENHA ESTÁ HOJE EM CG

Na cidade de Campina Grande, a programação da campanha terá início na manhã de hoje, com a entrega do título de Cidadã Campinense à ativista Maria da Penha Maia Fernandes, símbolo nacional da luta pela defesa dos direitos da mulher. A solenidade ocorre às 10h, na Câmara de Vereadores.

Espancada durante anos e vítima de duas tentativas de homicídio por parte do marido, a ativista ficou paraplégica e se tornou nacionalmente conhecida ao lutar por cerca de 20 anos pela punição de seu agressor. Ela teve a sua história de vida homenageada através da sanção da Lei 11.340, que hoje é popularmente conhecida como “Lei Maria da Penha” e prevê punições mais rigorosas para os casos de agressão no ambiente doméstico ou familiar.

Além de receber o Título de Cidadã Campinense, a ativista, que lidera vários movimentos de defesa da mulher, também ministrará palestra, com o tema “Maria da Penha uma história de vida”. O evento ocorrerá no Teatro Municipal, a partir das 19h30.

A entrada é livre ao público, mas a Coordenadoria Municipal da Mulher, que organiza o evento, pede a colaboração dos participantes para que doem um quilo de alimento não perecível.

Os donativos serão destinados para a casa abrigo da cidade.
Em Campina Grande, a programação da campanha se estenderá até o dia 10 de dezembro, com a realização de panfletagens, palestras e outros eventos de conscientização dos direitos da mulher. (Colaborou Tatiana Brandão)

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Jornal da Paraíba

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