VIDA URBANA
Parque do Róger ainda não saiu do papel
Antigo lixão deveria ser transformado em parque ecológico, mas após uma década a população ainda não foi beneficiada com o espaço.
Publicado em 14/11/2013 às 6:00 | Atualizado em 27/04/2023 às 13:19
A recuperação da área do antigo 'Lixão do Róger', em João Pessoa, que vai desde a remediação do solo, e que visa a conter e evitar a contaminação com o líquido proveniente dos resíduos sólidos (chorume) no espaço onde foram depositadas toneladas de lixo no passado, até a transformação do local em um parque ecológico, ainda não saiu do papel, há mais de 10 anos.
A Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (Emlur) reconhece a estagnação do projeto e afirma que o mesmo precisa passar por adaptações.
Moradores da comunidade do 'S', localizada no entorno do antigo lixão, cobram a execução do projeto que aponta várias melhorias para a população com a conclusão do mesmo, a exemplo da dona de casa Maria Francisca, 40 anos, que reside com mais seis pessoas, sendo duas crianças, logo na entrada da comunidade, próximo ao portão de entrada do antigo lixão, há 21 anos.
“Faz tempo que ouço falar nesse parque, mas até agora não vimos nada. Só a desativação do lixão. A construção desse parque iria resultar em muitos benefícios para os moradores daqui. Um deles seria a diminuição do uso de drogas aí dentro (do lixão) e também teríamos um local seguro de diversão para as crianças”, declarou.
Outro morador que preferiu não se identificar disse que a única coisa que vê sendo feita é o bloqueio de pessoas que às vezes querem entrar no local para despejar resíduos sólidos. “Tem um pessoal fazendo essa fiscalização, ninguém entra para jogar mais nada aí e isso é bom, mas dizer que estão trabalhando para recuperar a área... Eu só acredito quando ver esse tal parque pronto”, disse.
De acordo com o diretor operacional da Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (Emlur), Mozart de Castro, a área do antigo lixão do Róger foi divida em cinco células para facilitar a realização da remediação do solo contaminado, das quais duas células já foram finalizadas, uma está em fase de conclusão e outras duas ainda serão iniciadas.
“De fato não foi feito muita coisa ainda, mas estamos inicialmente concluindo essas remediações, para poder darmos continuidade às ações.
Depois de findada essa fase, iniciaremos a implantação do projeto, em si, com a construção de estações ecológicas, museus e o que mais puder ser agregado ao local”, reconheceu.
Nesse intervalo, Mozart de Castro ressaltou que o projeto está sendo estudado pela equipe de engenharia para readaptá-lo. “O estudo inicial foi feito em 2003 e de lá pra cá muita coisa mudou. Temos que rever e adaptá-lo ao tempo. Por esse motivo ainda não temos previsão para o início efetivo das obras. Estamos analisando, readaptaremos e, então, iniciaremos os trabalhos de execução do parque”, frisou.
“Por enquanto, estamos dando continuidade à remediação da área e controlando a entrada de resíduos, até que tenhamos uma definição mais concreta do que será executado”, completou.
Danos ambientais. Para o vice-presidente da Associação Paraibana do Meio Ambiente (Apam), Antônio Augusto de Almeida, o retardo na conclusão da remediação do solo acaba cometendo danos ambientais, uma vez que o objetivo da remediação é fazer a contenção da área onde o lixo era armazenado de forma incorreta, evitando que chorume contamine a área de mangue do Rio Sanhauá e os lençóis freáticos.
“Entendemos que esse não é um problema de hoje, mas de anos, entretanto, embora a prefeitura tenha uma secretaria de Meio Ambiente, está deixando a desejar no que diz respeito às políticas públicas que prezam pelo meio ambiente. Além disso, vem a questão social também, já que aquelas famílias que vivem no entorno do antigo Lixão do Róger precisam de atenção e de meios que possam inseri-las de forma digna na sociedade”, pontuou.
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