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VIDA URBANA

Porto de Cabedelo apresenta irregularidades

Pelo menos três irregularidades que interferem no meio ambiente foram apontados em levantamento de programa do Ivig.

Publicado em 02/09/2014 às 6:00 | Atualizado em 11/03/2024 às 15:49

O Porto de Cabedelo, na Região Metropolitana de João Pessoa, apresenta pelo menos três irregularidades que interferem no meio ambiente, como más condições de conservação de armazéns antigos, que permitem o acesso de animais ao seu interior e oferecem abrigo para a criação de ninhos para pombos, roedores e insetos. É o que aponta levantamento feito pelo Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e Efluentes, desenvolvido pelo Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig).

O programa, que foi desenvolvido em parceria com a Secretaria de Portos (SEP) e uma rede de universidades e institutos de pesquisa locais, foi iniciado em 2012, concluído em janeiro deste ano e culminou com a elaboração de um diagnóstico que gerou 22 manuais de boas práticas portuárias direcionados a cada um dos portos participantes. Cada manual, que inclui as áreas de resíduos, efluentes líquidos e fauna sinantrópica nociva, a exemplo de ratos, pombos, insetos, entre outros animais, lista recomendações e sugestões de adequação para garantir condições ambientais seguras e em conformidade com a legislação e até possibilidades de geração de receita, segundo o Ivig.

De acordo com as estimativas da Companhia Docas da Paraíba, empresa de economia mista que administra as operações portuárias no Porto de Cabedelo, o local terá o fluxo de 1.006.790 toneladas de cargas até o final deste ano, considerando apenas o crescimento mínimo de mercado, mas se for levada em conta uma expectativa mais otimista, que visa uma margem de crescimento importante para o porto, bem como para a comunidade, o fluxo de cargas sobe para 1.107.469 toneladas. No entanto, o Porto de Cabedelo ainda não se destaca pela quantidade de passageiros que ali atraca por meio dos cruzeiros marítimos.

Os dados do Ivig revelam que o Porto de Cabedelo precisa construir ou adequar uma área para transbordo temporário, uma espécie de central de resíduos, podendo gerar receita com reciclagem e até a geração de energia dos resíduos.

Também foi verificado que os armazéns antigos estão em más condições de conservação e permitem o acesso de animais ao seu interior, oferecendo abrigo para repouso e local para criação de ninhos para pombos, roedores e insetos. Já no piso do cais e nos pátios há buracos e grandes frestas, acarretando o desperdício da carga e seu acúmulo, assim como de águas pluviais, pois a drenagem também está prejudicada pelas falhas. No entanto, para o instituto, o problema maior são os pombos, principalmente por causa da quantidade de grãos desperdiçada e acumulada em grande volume no piso do porto.

O terceiro ponto levantado pelo Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e Efluentes foi que o porto não utiliza métodos eficientes para tratamento do efluente sanitário gerado.

Para o coordenador do programa e do Ivig, Marcos Freitas, o resultado do levantamento representa a possibilidade de efeitos importantes na melhoria da sustentabilidade das regiões portuárias, como reduzir os riscos à saúde humana (epidemias, pandemias e doenças) dos trabalhadores e usuários dos portos, e o desperdício de recursos da retirada de resíduos e efluentes, melhorar a interação porto/cidade e a qualidade ambiental do porto.

A reportagem não teve acesso às instalações internas do porto, porém, do lado de fora foi possível verificar que os problemas apresentados no levantamento realmente existem e afetam diretamente a saúde e integridade física de quem trabalha no local, segundo o relato de alguns funcionários portuários, que pediram para não ser identificados temendo represálias. “O porto é a entrada da riqueza do Estado, mas está sendo tratado como quintal. A área em que é feita a descarga, Deus é quem está segurando, pois está cheia de buracos. Por fora, o porto é lindo, mas por dentro o que prevalece é a precariedade”, disse um trabalhador.

“Já tivemos colegas que tiveram problema na pele por conta das fezes dos pombos. Aí dentro (do porto) tem de tudo: rato, barata, pombo, cobra e até raposa e guaxinim”, completou outro.

O presidente do Sindicato dos Conferentes, Ricardo Tabosa, confirmou os dados do levantamento e as declarações dos trabalhadores, que é de conhecimento de todos que transitam no porto.

“O armazém 7, por exemplo, está um caso sério. O piso afundou, as colunas estão rachadas e a porta empenada. Todos temem trabalhar com as cargas nesse armazém por conta da precariedade”, afirmou.

SOLUÇÕES PROPOSTAS

Como alternativa, o manual de boas práticas portuárias do Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e Efluentes propõe a implantação de rede interna de esgotamento sanitário direcionado para tratamento em estações adequadas. Além disso, o manual propõe melhorias nos equipamentos e nos procedimentos de movimentação dos grãos, para reduzir o desperdício, melhorar a qualidade da limpeza dos resíduos dispersos, fazer a limpeza destes grãos imediatamente após a fase de movimentação.

Segundo o levantamento, o porto já sinalizou que pretende demolir a maioria dos armazéns antigos e tornar-se um porto com atividade predominante de movimentação de contêineres, mas recomenda que devem ser consertadas as estruturas e instalações mal conservadas e instalar barreiras físicas, para vedar o acesso e abrigo de animais nos armazéns que permanecerem no local, além de implementar um programa integrado de controle e manejo.

SEM CONTATO

A reportagem tentou contato com a presidente da Companhia Docas da Paraíba, Laura Farias, para prestar esclarecimentos, mas ela não foi localizada e nem retornou as ligações. A Vigilância Sanitária de Cabedelo também foi procurada, mas o setor está sem telefone e ninguém foi localizado para dar informações se há conhecimento das condições sanitárias no porto. Por fim, o secretário do Meio Ambiente do município, Walber Farias, foi procurado, mas ele não pôde comentar o assunto.

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Jornal da Paraíba

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