VIDA URBANA
Região metropolitana de João Pessoa possui 251 comunidades de terreiros
Divulgação dos dados foram divulgadas em evento contra intolerância religiosa.
Publicado em 22/01/2020 às 9:48 | Atualizado em 22/01/2020 às 11:45
Os municípios da Região Metropolitana de João Pessoa têm 251 espaços religiosos de matriz africana funcionando em 107 bairros. O dado é de uma pesquisa do cadastro socioeconômico e cultural de povos e comunidades tradicionais de matriz africana e comunidades de terreiros apresentada nesta terça-feira (21), durante o II Seminário de Políticas Públicas de comunidades tradicionais de Matriz Africana e de Terreiros, na sede da OAB-PB, em João Pessoa. O evento marcou o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.
O projeto do cadastro foi realizado pela Casa de Cultura Ilê Asé D'Osoguiã em parceria com o Governo da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana (Semdh), que fez o monitoramento do processo, por meio de um edital do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
A pesquisa foi realizada pelo Instituto de Planejamento, Pesquisa, Comunicação, Estudos Sociais e Tecnológicos (IPPECET) durante os meses de julho a novembro de 2019. Das casas de terreiros pesquisadas, 143 foram fundadas de 2000 a 2019. No total, 46,6% da população se declara preta e 29,9% parda.
Segundo o coordenador do IPPECE, Danilo Santos, os pesquisadores foram a campo com tablets e utilizaram um aplicativo para coletar as informações nas cidades de João Pessoa, Conde, Alhandra, Santa Rita, Bayeux e Cabedelo. Os terreiros que não foram incluídos podem fazer o cadastro voluntário pelo link no cadterreiros.cciao.org.
A diretora da Casa de Cultura Ilê Asé D'Osoguiã, Mãe Tuca, disse que a iniciativa tem o objetivo de mapear os espaços e utilizar os dados para intervir com políticas públicas para atender a população. “Defendemos o respeito à diversidade e esperamos que os resultados desta pesquisa contribuam para a promoção de uma identidade de pertencimento do povo afrodescendente, com a apropriação legítima de elementos fundamentais de matriz africana, valorização e reafirmação da presença dos negros e negras afrodescendentes no cenário nacional. Não quero mais racismo. Quero respeito para o meu povo", disse Mãe Tuca.
O Ogan Marcelo Monteiro, do Rio de Janeiro, destacou a importância do mapeamento não só para a Paraíba, mas para todo o Brasil porque “só é possível assim identificamos nossos parentes”. “O que destrói um povo é a falta de sua tradição cultural. Somos povos tradicionais e precisamos nos reconhecer como tal. Não precisamos apenas saber onde estamos. Precisamos saber quem somos e nos encontrar”, afirmou.
A secretária da Mulher e da Diversidade Humana, Lídia Moura, participou do evento, que contou com outros representantesde terreiros do Estado. Ela afirmou que o governo assumiu o compromisso de implantar o Centro de Referência de Enfrentamento ao Racismo e à Intolerância Religiosa.
“Temos mais de 295 denúncias de intolerância religiosa registradas e consideramos que precisamos atuar no enfrentamento, já que a maioria é contra as comunidades de terreiros. A data é um marco pela luta ao respeito da diversidade religiosa e a divulgação desses dados é um importante passo para servir de base para propormos políticas públicas, incluindo a implantação de um centro de referência”, afirma a secretária Lídia Moura.
Durante a tarde, o Fórum de Diversidade Religiosa da Paraíba também promoveu o evento Direitos Humanos e Espiritualidade em parceria com a Defensoria Pública do Estado, também na sede da OAB-PB. O encontro teve como tema Pactos de Construção para uma Cultura de Paz. A equipe da Semdh também esteve presente no encontro.
Onde fazer denúncias
Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Homofóbicos, Étnicos Raciais e Delitos de Intolerância Religiosa (DECHRADI)
Endereço: Rua Francisca Moura, 34, Centro, João Pessoa
Ligue: 3218- 6762
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